Farmacêuticos espanhóis propõem teste-piloto para verificar eficácia da cannabis medicinal

Fotografia mostra Jesús Aguilar e Rosa María Romero, presidenta da subcomissão de cannabis medicinal, sentados à mesa do auditório do Congresso dos Deputados. Foto: Conselho Geral dos Colégios de Farmacêuticos da Espanha.

O presidente do Conselho Geral dos Colégios de Farmacêuticos da Espanha propôs a realização de um estudo em farmácias para verificar a eficácia da cannabis medicinal e como ela poderia ser implementada. Informações da Europa Press

Acreditamos que é hora de atuar com o rigor científico, técnico e sanitário adequado para responder ao interesse e demanda pelo uso da cannabis para o tratamento de determinados sintomas de diferentes patologias. Uma resposta em que deve prevalecer a segurança e proteção da saúde dos pacientes, a quem nos devemos como profissionais de saúde”, explicou Jesús Aguilar perante a subcomissão de cannabis medicinal do Congresso dos Deputados (câmara baixa do parlamento) da Espanha.

Como lembrou o presidente dos farmacêuticos, na Espanha existem tanto medicamentos com princípios ativos como vários produtos de cannabis, que diferem entre eles dependendo de terem ou não obtido a autorização de comercialização para uso médico.

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No caso dos medicamentos, existem dois fármacos, “Sativex” e “Epidyolex”, que contam com autorização de comercialização da Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários (AEMPS) e são dispensados por farmacêuticos hospitalares, para melhorar os sintomas de algumas doenças como como espasticidade moderada ou grave devido à esclerose múltipla e convulsões associadas à síndrome de Lennox-Gastaut, síndrome de Dravet ou complexo de esclerose tuberculosa.

Os produtos que não possuem autorização de comercialização como medicamentos são a parte florida da planta (buds), a resina ou haxixe, os óleos e os extratos concentrados de cannabis.

Aguilar reconheceu que “há uma demanda significativa de pacientes refratários aos tratamentos analgésicos usuais e que solicitam que sejam investigadas formas de tratamento com derivados da cannabis para uso medicinal”. Atualmente, a via de acesso é por meio do procedimento de uso compassivo de medicamentos para outras indicações que não as autorizadas, quando o médico considera essencial seu uso.

“Uma demanda que entendemos e que temos discutido com as próprias organizações de pacientes, e na qual temos claro que deve prevalecer a garantia da proteção da saúde pública e da segurança do paciente”, especificou.

Além disso, Aguilar tem defendido que a utilização de princípios ativos em sua condição de medicamento “requer evidência clínica e demonstrar a qualidade, segurança e eficácia nos ensaios clínicos correspondentes”. “Devem, portanto, ter autorização de comercialização, para indicações específicas, com composição conhecida e forma farmacêutica adequada”, afirmou.

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Teste-piloto sobre cannabis medicinal

Por esse motivo, propôs a dispensação em farmácias comunitárias “sob estrito controle farmacêutico de medicamentos autorizados à base de canabinoides, que agora são dispensados através dos serviços de farmácia hospitalar”.

Da mesma forma, os farmacêuticos apostam na dispensação de produtos à base de cannabis que a AEMPS possa autorizar e nas situações clínicas que forem definidas, tanto no formato do produto acabado como na preparação de uma fórmula magistral.

Para esta segunda opção, os farmacêuticos colocaram-se à disposição das autoridades de saúde para trabalhar na concepção e implementação de um teste-piloto de tempo limitado, como foi feito, por exemplo, na França.

Este piloto teve início em março de 2021, com 3.000 pacientes e duração de 2 anos. Os médicos, enfermeiros e farmacêuticos selecionados para o piloto receberam treinamento especial para emitir e dispensar prescrições de cannabis medicinal aos pacientes, de acordo com a lista de indicações elaborada pela Agência Nacional para a Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde da França. Nesta experiência, as farmácias comunitárias participam a pedido direto do paciente incluído no estudo ou a pedido do médico.

“O teste-piloto que nós farmacêuticos na Espanha propomos seria previamente definido pela AEMPS. Seria a maneira mais prudente de começar a usar produtos que não atendem a evidências suficientes de eficácia e segurança e, assim, se daria resposta ao interesse no uso de derivados da cannabis no tratamento de certos sintomas de diferentes patologias”, sustentou.

Segundo os farmacêuticos, com este teste-piloto seria possível “recolher dados conclusivos sobre a eficácia e segurança do uso de produtos derivados da cannabis, demonstrar as vantagens de sua dispensação em farmácias comunitárias, e realizar o acompanhamento adequado dos pacientes. Tudo sob a estrita supervisão da Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários”.

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#PraTodosVerem: fotografia mostra Jesús Aguilar e Rosa María Romero, presidenta da subcomissão de cannabis medicinal, sentados à mesa do auditório do Congresso dos Deputados. Foto: Conselho Geral dos Colégios de Farmacêuticos.

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