“Enquanto autoridades emperram a Cannabis medicinal, pessoas morrem”
Enquanto o Brasil ainda enfrenta conservadorismo para a regulação do mercado nacional, outros países avançam na economia promissora da cannabis, como é o caso de Portugal e outros países da Europa. Com informações da Folha
Enquanto investidores, pacientes e empresários esperam pela regulação do mercado nacional, outros países seguem no avanço à nova economia da Cannabis. Neste sábado (23), começou a 3ª edição do CannaDouro, na região do Porto, em Portugal.
Um dos destaques do evento é a organização de conferências para permitir o debate público sobre todas as possibilidades do uso do cânhamo – Cannabis com apenas 0,3% de THC (substância que dá o barato). Ele pode ser aproveitado na indústria, no uso recreativo e no medicinal.
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Durante as descobertas marítimas, no século XVI, o cânhamo era usado no país para fabricação de tecido. Mais resistente e consumindo três vezes menos água que o algodão, a planta dá origem a uma espécie de lona confeccionada, na época, para fazer velas, cordas e cabos das embarcações.
O cânhamo tinha muito importância para a indústria naval. Tanto que nas colônias portuguesas foram montaram feitorias para aumentar a produção. Em 1656, D. João IV incentivou a cultura da planta para recuperar a frota nacional.
Passaram-se séculos, o cânhamo foi considerado ilegal por causa da maconha em 1971. Há cinco anos, Portugal voltou a incentivar a produção. Hoje o cânhamo está no centro das discussões na Europa. Na moda portuguesa, por exemplo, virou tênis impermeável, com cortiça e solado de borracha reciclada –um calçado totalmente ecológico.
O CannaDouro terá um representante brasileiro, Pedro Luiz Sabaciauskis, 43. Ele coordena uma associação com 150 pacientes em Florianópolis, Santa Catarina, aberta em janeiro. O catarinense tem uma história parecida com tantos outros brasileiros. Ele achou na Cannabis medicinal a única oportunidade de melhora de vida para a avó Edna Aparecida Estrela Ferrreira, que sofre com as sequelas do Parkinson, doença neurodegenerativa.
“Ela tinha uma cuidadora. Usava fraldas. Vivia dopada pelos remédios. Não saía da cama” , conta Sabaciauskis. Hoje, ela toma apenas o Prolopa (medicamento convencional para Parkinson) e Cannabis medicinal. “Ela voltou a bordar e ter uma vida ativa”. A Cannabis tira os tremores, comuns na doença, que dificultam os movimentos do paciente. “Enquanto as autoridades (brasileiras) emperram a Cannabis medicinal, pessoas morrem”, diz ele. A palestra de Sabaciauskis foi neste domingo (24).
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#PraCegoVer: fotografia (de capa) que mostra diversas plantas de cannabis no início da floração e uma plantação a perder de vista, ao fundo; o cultivo é coberto por telhado de material translúcido, além de possuir iluminação artificial. Foto: Paulo Alexandre Coelho | Exame.
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