Vai um hempbúrguer? Empresas tailandesas de bens de consumo entram no mercado de cannabis

Fotografia de um hambúrguer duplo com uma folha de cannabis logo abaixo do topo do pão, ao lado de uma porção de fritas. Imagem: Primo.

Se as apostas dos promotores da cannabis na Tailândia derem certo, os tailandeses poderão em breve comer hambúrguer de cânhamo, ou “hempbúrguer”, regado a bebidas derivadas da planta. Saiba mais na reportagem da Reuters

Longe de ser um sonho de maconheiro, uma ampla gama de empresas tailandesas estão investindo em cannabis, buscando ser as primeiras a mover-se em uma indústria multibilionária na Ásia depois que Bangkok legalizou o uso de cânhamo e canabidiol (CBD) em bens de consumo no início deste ano.

As fabricantes de cosméticos, empresas de bebidas e negócios de produtos de borracha estão todos investindo no desenvolvimento da produção doméstica de cannabis e produtos que usam a planta: a importação de cânhamo e derivados é permitida apenas para fins de pesquisa. Apenas as empresas de propriedade majoritariamente tailandesa podem receber licenças para usar o cânhamo, de acordo com as regras do governo.

É um negócio que, segundo os analistas da Prohibition Partners, pode valer cerca de US$ 660 milhões apenas na Tailândia até 2024 — e cerca de US$ 8,5 bilhões em toda a Ásia. Com a Tailândia tendo agido mais rápido do que seus pares regionais como Malásia e Singapura — ainda debatendo a legalização —, executivos entusiasmados estão abraçando a chance de construir uma posição de força.

“Esta é uma oportunidade de ouro”, disse Tan Passakornnatee, presidente da empresa de bebidas Ichitan Group Pcl, que fez das bebidas com infusão de CBD uma peça central da estratégia de sua empresa.

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“Assumir uma posição de liderança no mercado será importante para as empresas porque é raro um produto ter repercussão não apenas nacional, mas global”, disse ele, em entrevista à Reuters esta semana.

 

 

 

Para ter certeza, as empresas envolvidas e analistas concordam que o caminho para a lucratividade pode ser difícil de navegar. As matérias-primas serão escassas, uma vez que há apenas um número limitado de produtores com licenças, enquanto a ciência de extrair compostos pode ser outro obstáculo caro.

“Haverá falhas ao longo do caminho”, disse Maria Lapiz, chefe de pesquisa institucional do Maybank Kim Eng. “Não será fácil e (alguns) estão prevendo ganhos que não virão”.

Ainda assim, Lapiz disse, se houver oportunidades de exportação, o crescimento da renda agrícola impulsionará a economia da Tailândia.

Produto de assinatura?

A Tailândia tem um histórico de uso de cannabis na medicina tradicional para aliviar a dor, bem como um condimento, e em 2018 legalizou a planta para uso médico e pesquisa.

O cânhamo é muito procurado entre os fabricantes de bens de consumo por que é amplamente considerado um superalimento com benefícios para a saúde e tem concentrações mais altas de CBD, que está sendo pesquisado para várias aplicações médicas.

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A fabricante de bebidas Ichitan já está lançando bebidas feitas com terpeno, um composto aprovado pelo governo que também é encontrado na cannabis, no que diz ser um movimento para obter o reconhecimento público para produtos deste tipo antes da aprovação regulatória para suas bebidas de CBD, que espera ser ainda este ano.

No segmento de cosméticos, a marca Smooth E tem esperança de ser a primeira a ter produtos de CBD e espera que a aprovação aconteça em agosto.

“Podemos chamá-lo de Smooth CBD”, disse o executivo-chefe Sangsuk Pithayanukul, falando em Bangkok, acrescentando que havia potencial para gel de banho, xampus e pasta de dente de CBD, sob sua marca de higiene bucal Dentiste.

“Cada país tem um produto de assinatura. O da Tailândia deveria ser a cannabis”, disse ele.

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Corrida de F1

O clima tropical, a água e a tradição tornam a Tailândia adequada para o cultivo de cannabis, diz Kris Thirakaosal, um ex-banqueiro de investimentos que agora dirige o Golden Triangle Group.

Sua empresa já investiu 120 milhões de bahts (US$ 3,92 milhões) para construir um laboratório de genética de 500 metros quadrados e até desenvolveu sua própria variedade de cânhamo chamada Raksa, que significa “curar”.

“Esta é uma corrida de F1”, disse Thirakaosal, usando a analogia do automobilismo para enfatizar a velocidade e a precisão necessárias para se manter à frente.

O presidente da Golden Triangle, Chatchaval Jiaravanon, é membro da família bilionária que controla um dos maiores conglomerados agroindustriais do país, o Charoen Pokphand Group, que também assessorou a Golden Triangle em modelos de agricultura cooperativa.

Em outro lugar, a fabricante de borracha Sri Trang-Agro Pcl disse que espera cultivar sua primeira safra de cannabis assim que receber a aprovação este ano, com potencial para mais de 790 acres da planta, disse Tipwadee Sudwayha, chefe de relações com investidores. Com um investimento de cerca de 100 milhões de bahts (US$ 3,26 milhões), ela disse que o custo não foi alto por que a empresa já era dona do terreno.

Alguns, como a empresa de alimentos à base de plantas NR Instant Produce Pcl, estão optando por comprar as operações de cannabis existentes, em vez de começar do zero, contando com o burburinho em torno do uso do cânhamo na alimentação para gerar demanda.

“Muda a percepção do consumidor quando eu digo a eles: ‘Este é um hempbúrguer’”, disse o chefe executivo Dan Pathomvanich.

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