Em editorial, O Globo defende regulamentação da cannabis medicinal

Fotografia de um frasco erlenmeyer contendo uma substância de cor amarelada ao lado de uma porção de flores de maconha secas que se encontram atrás de um pequeno frasco de cor âmbar e tampa branca com uma etiqueta branca onde está escrito "CBD" em azul. cannabis medicinal

‘Numa visão economicista, constata-se a existência de um mercado a ser atendido. Confirmados os efeitos benéficos da substância, não há por que impedir a regulamentação do medicamento. Este assunto é muito sério, como se vê, para ser tratado pela ótica do fundamentalismo’, é o que clama o editorial d’O Globo

Paralelamente à questão da descriminalização do uso de drogas, em especial a maconha, a ser julgada no Supremo, transcorrem embates em torno da permissão para o cultivo e uso da cannabis sativa para fins medicinais.

No momento, as atenções estão voltadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela avaliação da matéria, para certificar a obtenção da substância medicinal canabidiol, retirada da planta

Decide-se o sinal verde à produção interna em escala comercial da substância, de aplicações múltiplas. O medicamento começou a ser conhecido pelos relatos do uso com sucesso contra graves convulsões em crianças, destacado na imprensa.Há casos também de sua ação como antidepressivo, em doentes de Parkinson, no autismo, entre outros males.

Devido aos preconceitos que cercam a cannabis sativa, o processo de certificação da sua aplicação terapêutica se alonga, mas avança.

Há uma semana, encerrou o prazo de 60 dias da consulta pública aberta pela Anvisa, da qual participaram principalmente pessoas físicas. Houve quase mil contribuições.

O interesse reflete a demanda pelo medicamento: no primeiro semestre, a Anvisa recebeu 3.101 pedidos de autorização para importação do canabidiol, quase tanto quanto os 3.613 encaminhados em todo 2018.

Numa visão economicista, constata-se a existência de um mercado a ser atendido. Confirmados os efeitos benéficos da substância, não há por que impedir a regulamentação do medicamento. O presidente da Anvisa, William Dib, previu ao GLOBO que até novembro todos este processo estará concluído. Espera-se que de forma positiva.

A substância THC da maconha “recreativa” aparece em muito pequena proporção no cânhamo, uma variante da cannabis, mais adequada à obtenção do canabidiol.

Sua produção nos Estados Unidos não para de crescer, onde há estados que, mediante plebiscitos, liberaram a maconha.

A produção de cânhamo é assunto também do jornalismo econômico, pela importância como negócio. Sua fibra serve até como matéria-prima para a produção de tecidos e outros produtos.

Recente reportagem do jornal inglês “Financial Times” informa que foram plantados este ano, nos Estados Unidos, 79 mil hectares com cânhamo, contra 51 mil no ano passado, crescimento de 55%. Este assunto é muito sério, como se vê, para ser tratado pela ótica do fundamentalismo.

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#PraCegoVer: Fotografia de um frasco erlenmeyer contendo uma substância de cor amarelada ao lado de uma porção de flores de maconha secas que se encontram atrás de um pequeno frasco de cor âmbar e tampa branca com uma etiqueta branca onde está escrito “CBD” em azul.

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