Eleição nos EUA tem primeira senadora trans, legalização da maconha e fim de símbolo racista

Fotografia que mostra as mãos de um homem bolando um cigarro de maconha no papel de seda e, ao fundo, fora de foco, pode-se ver parte de sua camiseta com estampa de uma figura indígena com a área dos olhos pintada em vermelho. Maconheiro

Enquanto os estadunidenses aguardam o resultado da disputa presidencial, iniciativas votadas concomitantemente à eleição chamam a atenção do mundo. Saiba mais no texto de Karol Gomes para o Hypeness

As eleições nos EUA têm mostrado resultados inesperados, ou pelo menos desagradáveis, do ponto de vista do atual presidente, Donald Trump. Enquanto a escolha dos americanos para o cargo mais importante do país não sai — já que a contagem de votos, feita por correio, exige bastante tempo de apuração — outros resultados têm chamado atenção da mídia.

A começar pela decisão dos eleitores do Mississippi, que aprovaram nesta terça-feira (3) uma nova bandeira, com uma magnólia e a inscrição “In God We Trust” (Confiamos em Deus, em tradução livre).

Criada após o estado sulista retirar sua antiga bandeira, que tinha o símbolo confederado, ela agora foi ratificada pela população. Com um longo passado segregacionista, o Mississippi foi o último estado americano a abolir o símbolo em sua bandeira. A Geórgia o eliminou da sua em 2003.

Por décadas o símbolo causou divisão em um estado com significativa população negra (cerca de 38%). Em 2001, a maioria dos eleitores havia optado por manter a antiga bandeira. Ela tinha a cruz azul na diagonal, com 13 estrelas brancas em um fundo vermelho, há 126 anos.

O símbolo representa os estados do sul, que eram contrários à abolição da escravidão na Guerra Civil americana (1861–1865), e hoje é usado por grupos racistas e supremacistas brancos. 

Claro que Trump negaria qualquer ligação ou apoio a tais movimentos, mas estes são os seus principais apoiadores nessa eleição e também o principal risco de revolta dependendo do resultado nas urnas.

A bandeira foi abolida em meio a protestos contra o racismo e a violência policial em todo o país e críticas de conotações racistas. O movimento ganhou força após o assassinato de George Floyd, que morreu após um policial pressionar o joelho contra seu pescoço por quase nove minutos.

Enquanto isso, em Nova Jersey, depois de anos de erros legislativos, a população votou por autorizar o uso legal de maconha recreativa (uso adulto). Isso acontece em um ano em que os apoiadores se reuniram em torno do número desproporcional de prisões pela droga em comunidades minoritárias.

Leia mais – EUA: cinco estados dizem sim à maconha e Oregon descriminaliza todas as drogas

A questão da votação foi aprovada, como esperado, por uma ampla margem, de acordo com resultados preliminares da The Associated Press. A votação permite que as autoridades de Nova Jersey comecem o processo espinhoso e potencialmente longo de estabelecer regras relacionadas à regulamentação e teste de cannabis e emissão de licenças, incluindo quantas permissões conceder — e para quem.

Oregon, na costa oeste dos Estados Unidos, se tornou o primeiro estado do país a descriminalizar a posse e o uso de pequenas quantidades de diversas drogas, incluindo a maconha, a cocaína e a heroína.

A partir de agora, quem for flagrado em posse dessas substâncias poderá pagar uma multa de cerca de US$ 100 (R$ 565) ou fazer uma consulta médica gratuita para se livrar do vício, sem previsão de prisão.

Outros cinco estados dos EUA decidiram ontem em plebiscito liberar o uso de maconha, sendo eles: Arizona, Nova Jersey, Montana (uso adulto), Mississipi (uso medicina) e Dakota do Sul (ambos). Os plebiscitos ocorreram concomitantemente à eleição presidencial entre o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, que ainda segue indefinida.

Em Delaware, o progresso tem nome: Sarah McBride está se elegendo como a primeira senadora trans na história dos Estados Unidos. Para conquistar o cargo, os votos para McBride venceram o republicano Steve Washington.

McBride, 30, trabalhou como secretária de imprensa do grupo de defesa de direitos LGBTQ da Campanha de Direitos Humanos e foi estagiária na Casa Branca do presidente Obama.

“Espero que esta noite mostre a uma criança LGBTQ que nossa democracia também é grande o suficiente para ela”, McBride tweetou depois do anúncio de sua vitória.

O anúncio marca o final do mandato — talvez o primeiro e único mandato — de Trump, que dificultou o acesso de pessoas trans a banheiros públicos de acordo com o gênero que se identificam e proibiu até mesmo o alistamento nas forças armadas dos Estados Unidos.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia que mostra as mãos de um homem bolando um cigarro de maconha no papel de seda e, ao fundo, fora de foco, pode-se ver parte de sua camiseta com estampa de uma figura indígena com a área dos olhos pintada em vermelho. Foto: Luiz Michelini.

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