“Ela mudou a minha vida”, diz alagoana que usava cannabis para controlar a epilepsia

Fotografia em vista superior de um conta-gotas com tetina preta e contendo óleo de cor marrom, ao lado de uma pequena flor seca de cannabis de pistilos marrons, que está circundada por gotas amarelas que formam um coração, sobre uma superfície branca. CBD. jejum

A jovem alagoana, que sofre de epilepsia, contou que o tratamento com cannabis apresentou resultados positivos imediatos em sua saúde, motivando sua médica a passar a recomendá-lo. Com informações do Cada Minuto

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) decidiu no último dia 3 a liberação da venda em farmácias de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil. A regulamentação foi aprovada por unanimidade e é temporária, com validade de três anos.

A decisão da Anvisa foi motivo de comemoração para aqueles que necessitam da regulamentação para que possam ter saúde de qualidade. Em entrevista ao Cada Minuto, a jovem Mirella Carvalho, de 25 anos, que sofre de epilepsia, contou que a cannabis mudou a vida e saúde dela. “A partir do momento que iniciei o uso para tratar da minha doença eu me tornei outra pessoa, ela mudou minha vida. De verdade, sou muito grata à Cannabis”, contou.

A jovem que tinha fortes e incontroláveis crises de epilepsia contou que conheceu o remédio medicinal através de uma reportagem exibida no programa Fantástico, da TV Globo, e resolveu conhecer um pouco mais sobre sua atuação. “Quando eu descobri a cannabis eu estava em uma fase da minha vida que as minhas crises estavam totalmente descontroladas, eu estava tendo crises constantemente e medicação nenhuma estava resolvendo, foi daí que eu resolvi ingressar na justiça para que pudesse fazer o uso de maneira legal“.

Depois de ter conseguido legalmente fazer o uso do remédio medicinal, a jovem, que é estudante de administração, foi até João Pessoa para que pudesse conhecer a ONG Abrace Esperança que é especializada em ajudar pessoas que necessitam fazer o uso da cannabis.

“Foi o tiro de misericórdia”, diz estudante.

Mirella contou que logo ao iniciar o tratamento já pôde notar resultados imediatos e que também puderam mudar sua autoestima. “Passei dois anos da minha vida fazendo o uso de óleo à base de cannabis, e posso dizer que ele me trouxe muita qualidade de vida. Antes eu não tinha disposição, meu cabelo não crescia, não tinha volume, minhas unhas eram fracas, minha pele era pálida, vivia com cara de doente, mas ao começar a fazer o uso do óleo minha vida mudou, eu hoje não tenho essa cara de doente, hoje tudo melhorou”, disparou.

Atualmente, a jovem não faz mais uso da medicação, mas conta que deixou de fazer o uso da cannabis com o coração partido. “Deixei a cannabis com o coração muito partido, pois foi através dela que eu pude saber o que era qualidade de vida”.

A alagoana destaca ainda a importância da erva medicinal na vida de outras pessoas. “Em João Pessoa pude conhecer nos grupos de apoio a história de crianças que tinham cerca de cinquenta crises no dia e fazendo o uso da cannabis tiveram uma outra vida, tiveram mais disposição, mais vontade de viver e um número menor de crises”, explicou.

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“A Anvisa deu um passou, mas precisava ter dado outro”, diz diretor de ONG

O diretor da ONG Abrace, de João Pessoa, Cassiano Teixeira, disse à reportagem que avalia a regulamentação como “capenga”. De acordo com o diretor, a regulamentação está fora da realidade brasileira. “Trata-se de uma regulamentação que deixa a desejar, que não faz parte da realidade brasileira”.

“Ninguém pode fazer uma medicação de uso contínuo, como é a cannabis, sem pensar na sustentabilidade do tratamento. A Anvisa deu um passou, mas precisava ter dado outro, então eu acredito que não vá resolver o problema e vai deixar a desejar”, afirmou Cassiano.

O diretor da ONG de luta vai continuar para que outros avanços sejam conquistados ao longo do tempo. “A luta vai continuar, as associações vão poder continuar entrando com suas ações, pois o cultivo ainda está proibido e eu também acredito que as judicializações ainda vão continuar e a gente vá conseguir adiantar esse assunto através do legislativo e no finalzinho através do judiciário”, pontuou.

“Você vai colocar o seu preconceito no bolso”, diz alagoana

Mirella Carvalho também destacou que apesar de muito ouvir sobre preconceito em relação ao uso da cannabis ela nunca encontrou pessoas com este pensamento ao seu redor. “Graças a Deus eu nunca cruzei com ninguém que tivesse preconceito. A minha médica nunca teve pacientes que fizessem o uso, mas depois que ela passou a conhecer o que esse remédio natural fez na minha vida ela começou a recomendar outros pacientes a conhecerem”.

“Eu acredito que o preconceito ele precisa ser quebrado, as pessoas só têm preconceito pelo fato de não ter ninguém na família ou próxima que precise como eu precisei, mas a partir do momento que você vê alguém que você ama passando por situações difíceis, sabendo que há uma esperança e que a esperança é a cannabis, você vai colocar o seu preconceito no bolso e vai lutar para que aquela pessoa se sinta bem”, finalizou Mirella.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) em vista superior de um conta-gotas com tetina preta e contendo óleo de cor marrom, ao lado de uma pequena flor seca de maconha de pistilos marrons, que está circundada por gotas amarelas que formam um coração, sobre uma superfície branca. Foto: Sherpa SEO | Wikimedia Commons.

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