DINHEIRO, ÁGUA E MACONHA

Fotografia em vista superior de um leque de notas de R$ 50 e sobre estas, ao centro, uma nota de R$ 100, com alguns buds secos de maconha na base. Foto das notas: Shutterstock. Montagem: Smoke Buddies.

Enquanto a América do Norte presencia uma verdadeira corrida do ouro verde, com um mercado canábico bilionário e promissor, o Brasil segue no retrocesso, entregando dinheiro, água e maconha para o capital estrangeiro. Entenda mais sobre o assunto no texto do Dr. André Barros*

O governo Bolsonaro incluiu na lista de privatizações a Casa da Moeda, histórica estatal responsável pela fabricação do dinheiro brasileiro. Milhões de mercadorias circulam através do dinheiro e, num processo evidente de sucateamento, a instituição vem comprando papel moeda brasileiro produzido no exterior. Uma verdadeira “desnacionalização” do dinheiro por um governo que se vangloria de ser “nacionalista”.

Em regra, a venda de drogas não é realizada por meio de cartão de crédito nem por cheque, inclusive nas favelas. Milhões de reais são lavados em moedas estrangeiras, em outras aplicações, na corrupção do sistema penal e no mercado de armas e munições. Portanto, além de não ter sentido remeter dólares para comprar dinheiro brasileiro no exterior, vejo com preocupação essa produção pelo fato da mesma vir a facilitar a lavagem do dinheiro. No Brasil, o dinheiro produzido é submetido a regras criminais rígidas que punem seus falsificadores com penas de 5 a 15 anos de reclusão. Essas punições não poderão ser aplicadas em crimes praticados no exterior.

A privatização da CEDAE é a venda de um bem público da humanidade que será o mais disputado em pouquíssimo tempo: a ÁGUA. Se o Golfo Pérsico é palco de guerras em razão da disputa por petróleo, imagine quando a água ficar ainda mais escassa no planeta.

O Brasil detém quase 20% da água potável do mundo e o Rio de Janeiro é um dos lugares com melhor tratamento. Isso, excluindo-se os últimos dias, quando a água deve ter sido contaminada num processo de sucateamento da empresa, que demitiu engenheiros com mais de 30 anos de casa, especialistas na apuração da qualidade da água. Os governos Federal e Estadual querem vender uma estatal altamente rentável pela bagatela de 7 a 11 bilhões de reais.

Por outro lado, a maconha vem sendo vendida legalmente no Canadá e em vários estados da América do Norte, gerando bilhões em receitas, já tendo sido apelidada de “ouro verde”.  Neste caso, além da ilegalidade nos levar a perder bilhões em tributos, vamos precisar comprar maconha do exterior para produzir óleos e medicamentos no Brasil, já que a plantação continuará a ser proibida em nosso país. Enquanto isso, óleos e medicamentos da planta serão vendidos a preços astronômicos em farmácias brasileiras, como decidiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, em duas recentes resoluções de sua diretoria.

Trata-se de uma verdadeira panaceia que de nacionalista não tem nada nem possui qualquer lógica. O dinheiro nacional será produzido fora do país, a água brasileira será entregue para o capital estrangeiro e a maconha terá que ser comprada do exterior para serem produzidos óleo e medicamentos no Brasil. Na realidade, trata-se de um governo completamente entreguista!

*André Barros é advogado da Marcha da Maconha, mestre em ciências penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia em vista superior de um leque de notas de R$ 50 e sobre estas, e ao centro do leque, uma nota de R$ 100, com algumas flores secas de maconha na base. Foto das notas: Shutterstock. Montagem: Smoke Buddies.

Sobre André Barros

ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha, mestre em Ciências Penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
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