Deputados baianos debatem uso medicinal da cannabis para controlar doenças graves

Fotografia tirada do fundo da sala Deputado Jairo Azi, da ALBA, que mostra a mesa com parlamentares, mães e especialistas, ao fundo, em foco, e os demais participantes, sentados de costas para a câmera, no plano do meio e no primeiro plano. Baianos.

No último dia 27, ativistas, especialistas de direito e parlamentares baianos discutiram o uso medicinal da maconha. Também estavam presentes no debate mães que vivem na pele as dificuldades para cuidar dos filhos portadores de epilepsia. Com informações da ALBA

Um debate público com o tema “Cannabis Terapêutica: Direito, Saúde e Regulação” foi realizado no último dia 27, na Sala Deputado Jairo Azi, com a finalidade de discutir o uso da maconha para fins medicinais e científicos. O evento reuniu representantes de associações, entidades de mulheres e mães que relataram diversos problemas na luta por mais qualidade de vida para os seus filhos.

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Sensibilizado pelas dificuldades de tantas famílias, o deputado Jacó Lula (PT) pretende popularizar as informações sobre o tratamento pelo medicamento canabidiol para ajudar no combate ao preconceito que ainda existe na sociedade. O parlamentar se comprometeu com a causa e anunciou que vai propor, no ano que vem, uma sessão especial na Assembleia Legislativa, envolvendo Ministério Público Federal, Defensoria Pública, Poder Judiciário, Procuradoria Geral, Secretaria de Sáude e outros órgãos “para o aprofundamento da questão que mobiliza a vida humana”.

O deputado Zó (PC do B), que também participou do encontro, quer estimular essa “roda de conversa” nas cidades-pólo do interior da Bahia, “como uma forma de romper as barreiras religiosas, afastar os tabus e evitar as discriminações quanto à utilização medicinal da Cannabis Sativa”. O comunista diz que o foco principal nessa interação com as comunidades deve considerar a decisão de salvar vidas e a dificuldade na importação do produto. “É inadmissível encarecer um medicamento que pode ser plantado dentro de casa pelas pessoas, da mesma maneira que se cultiva uma erva-cidreira”, finalizou o legislador.

O uso da planta para tratamentos medicinais proporciona bem-estar para pessoas com doenças como epilepsia, esclerose múltipla, autismo, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson, Anorexia e Doença de Crohn. Quem assegura é Leandro Stelitano, presidente da Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil. O dirigente da Cannab observa que a lei privilegia atualmente só quem tem poder aquisitivo, já que uma ampola de 100 ml do canabidiol, com encargos e taxas de importação, custa R$ 2.875,00.

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DESCUMPRIMENTO

Para Sérgio Vidal, ativista do Movimento Antiproibicionista, o país aprovou o uso da cannabis medicinal desde 2006, mas 13 anos depois a legislação ainda não é cumprida, não há regulamentação, e “a questão só avança quando se parte para a via judicial”. Ludimila Teixeira, integrante do Coletivo Mulheres Unidas com o Brasil, defende a autorização da justiça para que as famílias possam cultivar a maconha. “Tendo apoio técnico e sabendo as propriedades da planta, faremos o óleo que salvará vidas de pessoas negras e pobres nas periferias”, assegurou a militante.

Durante o debate público, não faltaram depoimentos emocionantes de mães que “vivem na pele as pelejas cotidianas para cuidar dos entes queridos”. A psicóloga Marília Machado, de Barreiras, contou como foi lutar pela vida do filho Vicente, de 6 anos. O garoto nasceu de parto prematuro, ficou 93 dias internados no hospital e sofre de Epilepsia Refratária com Risco de Morte. A mãe diz que o menino já chegou a ter uma crise convulsiva por quase 90 minutos e foi desenganado pelos médicos. Marília não se conformou com o diagnóstico e resolver buscar soluções. Ela relata que conseguiu importar a medicação e fala, com lágrimas nos olhos, que a última crise convulsiva de Vicente foi em setembro passado e, mesmo assim, em decorrência de uma infecção.

A dona de casa Josiane Oliveira ainda batalha para dar um tratamento adequado ao filho Kalebh Kaidê, de 3 anos e 7 meses, que não anda, não fala, toma quatro tipos de remédios e tem diariamente 15 crises de Epilepsia de Difícil Controle. Ela mora na Vila Rui Barbosa, na Cidade Baixa, cuida dos outros dois filhos e tenta obter uma autorização para cultivar a planta. Josiane teme que Kalebh venha a fazer parte das estatísticas. “Meu filho não pode morrer à espera de uma decisão da Justiça”, concluiu em prantos a dona de casa.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) tirada do fundo da sala Deputado Jairo Azi, da ALBA, que mostra a mesa com parlamentares, mães e especialistas, ao fundo, em foco, e os demais participantes, sentados de costas para a câmera, no plano do meio e no primeiro plano. Foto: Adson Brito / divulgação.

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