Cultivo de maconha e o balanço de fitormônios no controle do crescimento

Fotografia que mostra plantas de cannabis repletas de buds na parte direita do primeiro plano, em foco, e ao fundo, sob uma iluminação amarelada, em um cultivo interno. Imagem: Next Green Wave | Unsplash.

As plantas têm o seu desenvolvimento diretamente ligado ao balanço dos hormônios vegetais, que tem por finalidade a indução de reações muito importantes. Saiba mais no artigo da Adwa Cannabis

O cultivo da cannabis pode ter diversas finalidades de uso. Para cada finalidade existe uma forma de condução da produção que vai garantir as melhores produtividades dadas as necessidades. Quando o cultivo visa à produção de buds, seja para extração de fitocanabinoides ou para venda in natura, é necessário garantir o ponto certo de colheita para assegurar a maior qualidade do produto final.

As plantas têm o seu desenvolvimento diretamente ligado ao balanço dos hormônios vegetais (fitormônios), que tem por finalidade a indução de reações muito importantes para as plantas, tais quais: indução de crescimento, indução de desenvolvimento, indução floral, dormência, entre outros. Além disso, esses hormônios também são sinalizadores ambientais de modo que, a partir das concentrações endógenas dessas substâncias nas plantas, elas percebem o comprimento do dia podendo ajustar-se fisiologicamente de acordo com estações do ano.

Para algumas culturas é bastante comum a aplicação de substâncias que afetem a concentração desses hormônios visando respostas específicas destes organismos, como redução do porte de plantas e controle de florescimento. Uma substância bastante conhecida para essas finalidades é o paclobutrazol (PBZ) e na cultura da mangueira é muito comum o seu uso para o controle do florescimento. Este procedimento é utilizado devido à heterogeneidade de sua floração, que ocasiona em dificuldade na colheita dos frutos em uma mesma época.

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Paclobutrazol (PBZ)

O PBZ é um fungicida contendo triazol, com ação retardante no crescimento das plantas, atuando como um inibidor da biossíntese de giberelina (hormônio com ação sobre o florescimento). Assim, a aplicação do PBZ ocasiona a homogeneidade dessa floração. Também foram realizados estudos no âmbito da cultura do girassol, onde foi percebido que o aumento da concentração de paclobutrazol até 600 mg/L reduziu o porte das plantas em até 50% sem afetar a sua produção de biomassa fresca e seca. Isso ocorre devido ao seu efeito inibidor da divisão e alongamento celular, ocasionando uma maior densidade da planta. Essa redução do porte das plantas é importante para o adensamento da cultura permitindo um aumento de produtividade por área. Existem hoje diferentes maneiras de aplicação, sendo mais comum via irrigação.

O controle de floração e a redução do porte de plantas também podem ser muito interessantes no cultivo de cannabis. Há relatos de sua utilização durante a quarta e a sétima semana do desenvolvimento vegetal das plantas. Essa aplicação faz com que os buds da cannabis fiquem mais densos, mais firmes e também com maior peso. Desta forma, aumenta diretamente os ganhos de produtividade. Além do controle morfológico, a aplicação reduz o tempo de florescimento, permitindo assim adiantar a colheita. No entanto, não existem estudos científicos comprovando a eficácia e a veracidade destes relatos.

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Todavia, para além dos seus benefícios, o uso do PBZ também pode trazer problemas ambientais, uma vez que a falta de controle nas concentrações de aplicação pode acarretar que essas substâncias percolem e atinjam os rios. Estudos apontaram que o aumento nas concentrações de PBZ na água pode afetar drasticamente a produção de espermatozoides de algumas espécies de peixe. Além disso, seus efeitos residuais estão relacionados a desenvolvimento de tumores em humanos. Estes fatos geram a necessidade de um cuidado adicional, pois esta substância pode ocasionar sérios problemas ambientais e também para a saúde humana. Para o cultivo de cannabis, esses fatores se tornam ainda mais preocupantes. Ao contrário do girassol e da mangueira em que a aplicação ocorre em partes que não serão consumidas, no caso da cannabis, o produto final a ser consumido recebe aplicação direta. Desta forma, é necessário muito controle e responsabilidade nas aplicações destes produtos e estudos que demonstrem quais as doses seguras para cada situação de cultivo e as formas mais corretas de aplicação.

De maneira geral, o uso de PBZ no cultivo de cannabis não é um consenso entre produtores, sendo que para finalidades como a produção de fibras ou sementes não há relatos na literatura, e não são todos os cultivadores que o fazem, mesmo para a produção de flores ornamentais. Estudos para saber quais são os ganhos reais, as melhores condições, época de aplicação e em quais casos deve ser efetuada a aplicação desse produto são necessários, bem como sobre formas de evitar resíduos em concentrações que possam causar alguma dano à saúde.

Entendendo a importância de conhecermos mais sobre o cultivo de cannabis, suas nuances e especificidades, a Adwa desenvolveu um relatório de potencial agrícola da cannabis em todo o território brasileiro, para que seja possível desenvolver o plantio dessa commodity de maneira responsável e segura. Você pode acessar o relatório clicando aqui.

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#PraCegoVer: fotografia que mostra plantas de cannabis repletas de buds na parte direita do primeiro plano, em foco, e ao fundo, sob uma iluminação amarelada, em um cultivo interno. Imagem: Next Green Wave | Unsplash.

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