Criança fica livre de convulsões após usar remédio à base de maconha

Fotografia, em plano fechado, de um top bud de cannabis (maconha) repleto de pistilos cor creme, em cultivo. Foto: Teanna Morgan | Unsplash.

Garoto de 4 anos, portador de epilepsia refratária, passou de 40 crises convulsivas diárias para zero após tratamento com canabidiol. As informações são do Cotia e Cia

Após 45 dias usando o canabidiol (CBD), composto extraído da maconha, Sheylla Soares disse que as crises de epilepsia de seu filho, Lucas Chagas dos Santos, de 4 anos, sumiram. Moradora de Cotia (SP), Sheylla narra que seu filho tinha até 40 crises diárias, mesmo fazendo o uso de cinco medicamentos.

“Eu vi que os medicamentos realmente não estavam trazendo resultado. Aí o médico pediu para fazer a dieta cetogênica, mas foi eficaz por um mês. Depois as crises voltaram dobradas”, disse Sheylla, em entrevista ao Cotia e Cia.

Desde os seis meses, Lucas tem epilepsia refratária — um distúrbio neurológico que faz com que ocorram frequentes convulsões. Essa condição, segundo especialistas, é de difícil tratamento e, em geral, tende a piorar com o passar dos anos.

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Sheylla confessa que ficou com receio de usar o canabidiol no tratamento com seu filho, no início. Mas após ler pesquisas e conversar com outras mães, que também utilizavam o medicamento, ela decidiu romper essa barreira e pediu para o médico de Lucas suspender os demais remédios.

“Comecei a dar (o canabidiol) no mês de abril. Com 17 dias, as crises dele já diminuíram durante o dia e só convulsionava a noite. Depois de 45 dias, nós tivemos retorno com o médico e ele aumentou a dose da noite. Foi então que as crises sumiram.”

 

 

 

Ainda segundo ela, houve evolução na parte motora e cognitiva de Lucas. “Ele começou a se comunicar mais e também começou a andar. Antes, ele só vivia dopado de medicamentos. É uma felicidade que não tem explicação.”

Eficácia comprovada em estudos

Estudos mostram que o canabidiol (CBD) pode ter ações semelhantes à substância anandamida, a qual é um endocanabinoide, ou seja, produzida naturalmente em nosso organismo. Dessa forma, segundo as pesquisas, o CBD regula as descargas de neurotransmissores nos neurônios pré-sinápticos, diminuindo as convulsões na frequência e intensidade, e não causando efeitos psicoativos significativos.

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A eficácia do CBD também foi comprovada para o tratamento da epilepsia por uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em julho do ano passado. De acordo o estudo, além de praticamente anular as crises, o óleo tem um efeito neuroprotetor “que protege os neurônios durante os ataques epiléticos, evitando a morte deles e a inflamação do cérebro”.

Um outro estudo da revista Frontiers in Neurology, de 2019, revelou que o óleo de cannabis pode reduzir significativamente a taxa de convulsões em crianças com epilepsia grave, e até mesmo eliminar as convulsões em alguns casos.

Neste experimento, os pesquisadores usaram um extrato de cannabis que continha 95% de canabidiol (CBD) e 5% de tetraidrocanabinol (THC), outro canabinoide presente na maconha. Depois, o extrato foi fornecido a sete crianças com epilepsia extrema que não apresentaram melhora com outros tratamentos — uma das crianças, inclusive, teve 1.223 casos de convulsão no mês que antecedeu o estudo.

A dose inicial foi de 5 a 6 miligramas de extrato de cannabis por quilograma de peso corporal por dia. Os pesquisadores contam que quatro dos sete participantes tiveram uma redução de mais de 50% no número de crises diárias. Quando a dose foi dobrada, todos os sete notaram uma melhora considerável e em três crianças as convulsões foram zeradas.

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#PraTodosVerem: fotografia, em plano fechado, de um top bud de maconha repleto de pistilos cor creme, em cultivo. Foto: Teanna Morgan | Unsplash.

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