Covid-19 prova a resiliência à recessão da indústria da cannabis

Fotografia em plano fechado que mostra o topo de um bud de cannabis (maconha) em cultivo, com pistilos em tons de rosa, e fundo desfocado. CBD

Este ano foi desafiador para milhões de pessoas e empresas de quase todos os tamanhos e setores. A cannabis, no entanto, provou que é muito mais resistente do que se pensava. Entenda mais no texto de Noah Miller para o Benzinga

A Grand View Research acredita que o mercado global de maconha legal deve chegar a US$ 146,4 bilhões até o final de 2025. Com tanto potencial, tornou-se o favorito entre os investidores devido à flexibilização das regulamentações, avanço da legalização e popularidade política. Ainda assim, em 2020, a indústria da cannabis, como muitas outras, foi testada.

A pandemia criou a primeira recessão durante a qual o consumo de cannabis medicinal e recreativa (uso social) foi legal em muitos estados americanos (bem como no Canadá) — fornecendo orçamentos estaduais ampliados com fontes adicionais de receita, comportando-se de forma semelhante a outros “vícios” e provando ser uma indústria essencial.

Então, a indústria da cannabis é à prova de recessão? Vamos descobrir.

“Vícios” fazem bem em tempos difíceis

Mesmo em tempos difíceis, as pessoas não desistem de seus “prazeres proibidos”.

Um estudo do Journal of Addictive Diseases confirmou isso, revelando que muitos estão utilizando cannabis como um meio de lidar com o estresse da pandemia. Assim como na Grande Recessão de 2008, em tempos de necessidade, as pessoas recorrem a suas ferramentas de alívio do estresse para enfrentar os desafios da vida e continuar avançando.

Quase dez meses após o início dos bloqueios impostos pela pandemia, vimos a cannabis permanecer relativamente resiliente à recessão e se comportar de maneira semelhante às bebidas destiladas e ao tabaco — como um veículo de relaxamento e uma recompensa que os consumidores se dão.

Os defensores da maconha e os líderes da indústria estão otimistas sobre um efeito trickle-down (gotejamento) positivo do próximo governo nos EUA, apesar da complicada relação política do presidente eleito Joe Biden com a planta.

Apesar da esperança e incerteza que surgem com uma nova administração, é claro que a indústria da cannabis tem sido um motor de inovação, servindo como uma maré que levanta todos os navios.

A indústria da cannabis não enche apenas os bolsos dos produtores e vendedores. Trabalhadores da construção civil, eletricistas e encanadores constroem os dispensários, cujos proprietários pagam o aluguel que mantém vivos os centros comerciais. Conforme o setor se torna mais popular, os publicitários e as agências de marketing encontram novos clientes no negócio.

Portanto, apesar da complicada relação de Biden e da vice-presidente eleita Kamala Harris com a planta, a cannabis é uma questão política que une a esquerda e a direita, tornando sábio para o governo dar reconhecimento à indústria.

O consumidor digital de cannabis

A pandemia destruiu muitos negócios físicos, como restaurantes e salões de beleza, que exigiam visitas às lojas e não eram fáceis de se adaptar ao comércio eletrônico.

Por outro lado, a indústria da cannabis se saiu bem, pois já estava bem posicionada para uma experiência de compra digital. A indústria e os governos estaduais encontraram soluções criativas que permitiram às pessoas comprar cannabis, que se plantou firmemente como um medicamento essencial usado por milhões.

Aqui no Colorado, quase houve tumultos durante as primeiras semanas da pandemia, quando os dispensários foram fechados. Os estados rapidamente perceberam que os dispensários são essenciais, e mais medicinais do que vício, e fizeram um ótimo trabalho estabelecendo coleta e entrega na calçada e outros meios de compra socialmente distantes. Os consumidores de cannabis também ajustaram seus padrões de compra.

A quantidade média que um consumidor compra de uma vez — ou o tamanho médio da cesta — aumentou na Califórnia, Colorado, Nevada e no estado de Washington, enquanto, ao mesmo tempo, o número de viagens de compras, ou cestas, por semana diminuiu. Uma nova e forte fonte de receita para os cofres estaduais que foram particularmente afetados pela recessão, à medida que os gastos e as viagens diminuíram e os empregos foram perdidos. Nestes tempos sombrios, a cannabis emergiu como um fluxo de receita confiável em muitos estados. Em 2019, as receitas fiscais e de impostos estaduais das vendas de maconha medicinal e para uso adulto dos oito estados que ofereciam o comércio legal de cannabis (Califórnia, Massachusetts, Colorado, Washington, Nevada, Oregon, Alasca, Michigan) somavam mais de US$ 1,9 bilhão.

Só o estado de Nova York poderia ganhar mais de US$ 1 bilhão por ano em novas receitas se a cannabis para uso social fosse legalizada lá. Esses são dólares reais que poderiam contribuir para os cofres estaduais em todo os EUA, e a infraestrutura para ajudar a fazer isso acontecer já começou nos primeiros estados que adotaram a regulamentação.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia em plano fechado que mostra o topo de um bud de cannabis em cultivo, com pistilos em tons de rosa, e fundo desfocado. Foto: Luiz Michelini.

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