Como seria viver num país legalizado? A Marcha da Maconha do Rio responde!
Que tal ver o copo meio cheio? Fomos para a Marcha da Maconha do Rio com um olhar positivo, questionando os presente em como seria um Brasil com leis mais justas e dignas com relação à maconha – uma realidade possível, mas que nos parece tão distante. Saiba qual foi a resposta da galera, assista abaixo.
A Marcha da Maconha, no dia 06 de maio, percorreu 10 cidades brasileiras, arrastando mais de 150 mil pessoas por todo o país. Em ritmo de festividade na maioria das cidades, a manifestação encheu as ruas mostrando para a toda sociedade que, além de nossa política de drogas ser arcaica, racista e injusta, os avanços nos países legalizados são muito mais benéficos que a proibição e a Guerra às Drogas. A marcha nas principais cidades mostrou também que consumir maconha é tão normal e mais seguro quanto fumar um cigarro ou beber uma cerveja.
Tanto em São Paulo quanto no Rio, as marchas foram compostas por um público misto e diversificado, inclusive contando com a presença de famílias acompanhadas de crianças que não se importavam com o consumo público da maconha pelos presentes. Com seus baseados acesos ou docinhos canábicos, o clima da Marcha era completamente Normalize, sem interferência da polícia ou de qualquer pessoa, dando uma mostra de como seria viver num Brasil legalizado.
E como a sociedade sempre está habituada a enxergar o lado negativo, principalmente quando falamos em legalização, convidamos Nah Brisa para atacar de Hempórter na Marcha da Maconha e questionar “como seria viver em um Brasil legalizado” e “o que falta para alcançarmos essa realidade”.
Assista (no final do artigo, veja também o “Becking off da Marcha” por Nah Brisa):
A Marcha da Maconha, que teve origem no Rio de Janeiro há 15 anos, levou no último dia 06/05 mais de 15 mil pessoas às ruas. Manifestação chamou atenção ao pedir liberdade para os usuários encarcerados, condenados por tráfico de drogas, com o lema “Solta o Preso”. Desde 2006, a lei não prevê prisão de usuários. Mas, como foi observado pelo vereador Renato Cinco (PSOL-RJ) em relato à Agência Brasil, a realidade é outra: a metade dos usuários presos portava maconha e boa parte deles é de usuários.
“Acreditamos que muitos não conseguiram provar que eram usuários por falta de advogados, problemas de desestruturação das Defensorias Públicas, falta da capacidade de se defender”, diz Cinco: “Esse encarceramento por tráfico tem contribuído para a crise penitenciária”.
André Barros, advogado da Marcha da Maconha, ressalta que o ato veio também este ano para denunciar a Súmula 70, editada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a mesma que condenou Rafael Braga e milhares de jovens a penas de 10 a 15 anos de cadeia em regime fechado.
“Assim, a justiça vai prendendo pessoas com pequenas quantidades apenas com a palavra dos policiais. Em quase todas as condenações por crime de tráfico de drogas, a súmula 70 é citada para penalizar jovens, negros e pobres a 10 anos de reclusão em regime inicialmente fechado.”, disse André Barros.
No Rio de Janeiro, em razão de reiteradas decisões condenatórias apenas com a palavra dos policiais, o TJRJ editou a terrível Súmula 70. A partir de sua publicação, qualquer pessoa que estiver portando pequena quantidade de maconha ou de qualquer outra substância ilícita pode ser condenada por tráfico de drogas apenas com a palavra do policial, que pode dizer que viu a venda da droga ilícita a partir de denúncia anônima, fato corriqueiro.
O lema “Solta O Preso” (ou a presa) serve também para exigir a celeridade e pressionar o Supremo Tibunal Federal sobre o julgamento do Recurso Extraordinário 635.659, que visa a descriminalização do porte de maconha e outras drogas. O julgamento encontra-se com três votos favoráveis a descriminalização, tal como o voto do ministro Luis Roberto Barroso que indica a descriminalização do porte de até 25 gramas de maconha e o cultivo de até 6 plantas fêmeas, paralisado desde 2015 quando o ministro Teori Zavascki pediu visto. Atualmente o RE encontra-se na mão do ministro Alexandre de Moraes. #SoltaOPreso, Moraes.
Visibilidade do movimento Trans e LGBTQ
A pedagoga e assessora parlamentar, Wescla Vasconcelos, ativista do movimento trans na CasaNem, junto a outr@s militantes compareceram a Marcha da Maconha, mostrando que é preciso discutir também, mesmo no meio canábico, os problemas da sociedade cisnormativa, a homofobia e transfobia.
“A revolução pelo antiproibicionismo e anti-punitivo é com as Putas, Travestis, Trans, e todxs LGBTQ” – Wescla Vasconcelos
Uma Marcha NORMALIZE
A desmistificação, quebra de tabus e paradigmas que ainda cercam a maconha só vão deixar de existir quando o debate, consumo e usos da planta se tornarem normais. A maconha antes de tudo que a proibição costuma pregar, é medicamento, suplemento alimentar, fonte de renda, e pode servir até mesmo para o uso social, sendo também excelente produto de matéria prima para inúmeros usos industriais.
A marcha da maconha deste ano serviu também para este propósito. Mesmo sem o salvo-conduto para o fumato, muitos manifestantes normalizaram o consumo, seja fumando, vaporizando ou até em comestíveis durante todo percurso. Segundo a organização, advogados e militantes, a Marcha da Maconha no Rio reuniu cerca de 15 mil pessoas que caminharam do Jardim de Alah até o Arpoador, brevemente mostrando que é possível sim vivermos em um Brasil com a Maconha Legalizada.
Durante todo o percurso do ato não foi detectado por nossa equipe nenhum caso de flagrante e abuso de autoridade policial. Que mais marchas da maconha como as do dia 06 brotem por todo Brasil. Normalize!
Durante todo o percurso do ato não foi detectado por nossa equipe nenhum caso de flagrante e abuso de autoridade policial. Que mais marchas da maconha como as do dia 06 brotem por todo Brasil. Normalize!
Marcha da Maconha Rio -2017- Por Phill Whizzman
Marcha da Maconha Rio -2017- Por Fred Picanço
Marcha da Maconha Rio -2017- Por Dave Coutinho
Fotografia de Capa: Fred Picanço
Agradecimento especial: André Barros / Cambota Produções / Henrique Neves / Fred / Natália Noffke / Phill Whizzman / Renato Cinco / Wescla Vasconcelos / Todos os Presentes
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