Colômbia: mais de 450 solicitações para fabricar derivados de cannabis
Ministérios da Saúde e da Justiça na Colômbia outorgaram licenças para o uso nacional, exportação e diferentes temas de pesquisa de produtos à base de cannabis.
Além do consumo adulto (recreativo), a cannabis vem ganhando grande relevância em países como Uruguai e Canadá, no campo da medicina. Na verdade, empresários do setor, médicos e pesquisadores dizem que ainda há muitos detalhes a serem descobertos na planta, mas para alcançar o progresso esse nicho mostrou que é necessário maior apoio de entidades governamentais.
Na Colômbia, segundo artigo do La República, enquanto a regulamentação está progredindo, os empresários têm seguido as medidas necessárias para iniciar a operação e a produção no curto prazo, de modo que atualmente existem mais de 450 pedidos de licenças para a fabricação de derivados de cannabis, que estão divididos entre 258 do Ministério da Saúde e 193 do Ministério da Justiça.
No caso do Ministério da Saúde, 79 licenças foram concedidas em todo o país, das quais 71 se concentram no uso nacional do produto, 72 estão ligadas a questões de exportação e 28 estão relacionadas à pesquisa.
Precisamente no ponto de investigação, a diretora médica da Khiron, María Fernanda Arboleda, destacou que um dos desafios na luta médica para trabalhar com cannabis é a lacuna entre evidências e descobertas na medicina frente a diferentes doenças. Entretanto, Arboleda garante que isso não significa que a planta não funciona para tratar vários males.
Segundo ela, o Ministério da Saúde conta com 177 solicitações em trâmite até a data, das quais 128 estão pendentes de avaliação e 48 estão em revisão de requerimentos. Por fim, o M.S. rejeitou apenas dois pedidos.
Quanto ao Ministério da Justiça, até o momento foram autorizadas 21 licenças focadas no uso de sementes para cultivo, 71 para o cultivo de plantas psicoativas para uso adulto (recreativo) e 101 licenças para uso medicinal.
Com relação à concentração de licenças de cannabis por região, Cundinamarca recebeu a maior parte das licenças, representando 24% do Min. da Saúde e 31,6% da Justiça. Entre as mais importantes em nível nacional estão Antiquoa, Vale do Cauca, Tolima, Cauca e Santander (ver gráfico acima).
Este mapa começa a ganhar relevância se levarmos em conta que a Colômbia tem atualmente 44% da cota mundial de exportação de cannabis, um número que a coloca entre os mercados com maior margem de comercialização.
No entanto, o presidente da PharmaCielo na Colômbia, Federico Cock Correa, comentou que é um fato que deve ser analisado com cuidado, porque “soa muito grande, mas realmente a produção demandou de quatro ou cinco hectares. Segundo o mercado, a capacidade de exportar será grande, mas a possibilidade será dada de acordo com o tipo de produto ou qualidade que é entregue”, afirmou ao La República.
Referência para o exterior
O avanço da Colômbia no mercado da cannabis não tem passado despercebido em outros países. De fato, um dos que observam com maior atenção o desempenho do país é o México, sobre tudo com figuras como o ex-presidente Vicente Fox, que destacou ao La República a maneira pela qual o mercado amadureceu. Até mesmo o México receberia treinamento de médicos colombianos sobre a questão medicinal.
Vale a ressalva de que toda movimentação colombiana deva ser observada não só por países como o México e Canadá, mas principalmente pelos brasileiros. Afinal com tanta similaridade acerca da maconha e os danos sociais causados pela antiga política de drogas, as mudanças legislativas mais toda reparação social que vem sendo implantada, os acontecimentos na Colômbia podem ser um ótimo paradigma para o Brasil.
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#PraCegoVer: fotografia (de capa) que mostra os braços e mãos de uma pessoa vestindo luvas azuis, enquanto poda uma das plantas de um cultivo de maconha em período vegetativo.
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