Cigarros eletrônicos são mais eficazes que adesivos de nicotina para ajudar gestantes a parar de fumar

Fotografia mostra uma mulher, em primeiro plano, segurando uma caneta vaporizadora enquanto expele vapor, e um fundo embaçado com luzes em efeito bokeh. Imagem: Ethan Parsa / Pixabay.

Os dispositivos também são tão seguros quanto os adesivos para mulheres grávidas que querem cessar o tabagismo, segundo um novo estudo

Os cigarros eletrônicos foram mais eficazes em ajudar as mulheres grávidas a parar de fumar do que os adesivos de nicotina, de acordo com um novo estudo da Universidade Queen Mary de Londres.

A pesquisa, financiada pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido, mostra que os cigarros eletrônicos são tão seguros quanto os adesivos de nicotina e não representam maiores riscos para mães ou bebês durante a gravidez.

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Os pesquisadores recrutaram aleatoriamente 1.140 mulheres grávidas, com idade média de 27 anos e idade gestacional de 12 a 24 semanas, em 23 hospitais da Inglaterra e em um serviço nacional de saúde para parar de fumar na Escócia, que fumavam diariamente e queriam parar de fumar usando cigarros eletrônicos ou adesivos de nicotina.

As participantes foram divididas aleatoriamente em dois grupos. Um recebeu cigarros eletrônicos, enquanto o outro recebeu adesivos de nicotina. As taxas de abandono nos dois braços do estudo foram semelhantes, mas algumas mulheres no grupo do adesivo pararam de fumar usando cigarros eletrônicos em vez de adesivos. Quando essa diferença foi ajustada, o grupo do cigarro eletrônico teve melhores taxas comprovadas de abandono do tabagismo no final da gravidez do que o grupo do adesivo (6,8% vs 4,4%).

Os autores do estudo observam que as taxas de abandono comprovadas foram baixas pelo fato de muito poucas mulheres terem postado suas amostras de saliva para confirmar que não fumavam mais. No entanto, a abstinência autorrelatada no final da gravidez foi de 19,8% (grupo cigarro eletrônico) vs 9,7% (grupo adesivo).

No final da gravidez, o estudo viu 34% das mulheres no grupo de cigarros eletrônicos e 6% no grupo de adesivos usando seus produtos.

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“Embora seja melhor que as fumantes grávidas parem de fumar sem continuar usando nicotina, se isso for difícil, os cigarros eletrônicos podem ajudar as fumantes a parar de fumar e são tão seguros quanto adesivos de nicotina”, disse o professor Peter Hajek, diretor da Unidade de Pesquisa em Saúde e Estilo de Vida da Universidade Queen Mary e um dos autores do estudo. “Muitos serviços para parar de fumar já estão usando os cigarros eletrônicos como uma opção para os fumantes em geral. Esse uso agora pode ser adotado também em serviços para parar de fumar para mulheres grávidas.”

 

 

 

Os eventos adversos nas mulheres e os resultados do parto foram semelhantes entre os grupos, exceto para baixo peso ao nascer, que foi significativamente menos frequente entre as mulheres no braço do cigarro eletrônico (9,6% vs 14,8%) — provavelmente por que as mulheres do grupo de cigarros eletrônicos fumaram menos, observaram os autores.

“O uso muito maior de nicotina após a cessação do tabagismo no braço do cigarro eletrônico não pareceu afetar os resultados do nascimento”, escreveram os pesquisadores, ressaltando que, assim como em estudos anteriores, as mulheres que usaram cigarros eletrônicos reduziram o teor de nicotina ao longo do tempo.

No entanto, os autores alertam que, se o uso de cigarros eletrônicos persistir a longo prazo, é provável que traga alguns riscos à saúde, bem como a manutenção da dependência da nicotina. “Nesse cenário, os cigarros eletrônicos representariam uma abordagem de redução de danos”.

Por fim, os achados do estudo fornecem alguma garantia de que, para mulheres grávidas que não conseguem parar de fumar sem ajuda, “os cigarros eletrônicos não parecem representar mais risco para os resultados do parto avaliados neste estudo do que os adesivos de nicotina e podem reduzir a incidência de baixo peso ao nascer”.

O estudo “Cigarros eletrônicos versus adesivos de nicotina para parar de fumar na gravidez: um estudo controlado randomizado” foi publicado na Nature Medicine.

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Cigarros eletrônicos e vaporizadores como redução de danos

A vaporização é uma alternativa muito menos prejudicial aos cigarros.

Um cigarro industrializado libera mais de 7.000 substâncias químicas quando é queimado, incluindo acetona, amônia, arsênico, formaldeído, chumbo e benzeno. O uso de cigarros está associado a câncer, doenças cardíacas, doenças pulmonares, diabetes e outras doenças crônicas.

Os cigarros eletrônicos e vapes liberam nicotina sem esses efeitos nocivos. A Organização Mundial da Saúde estimou que o uso do tabaco é responsável por 16% de todas as mortes de adultos com mais de 30 anos na Europa. A vaporização pode reduzir o número de mortes, pois provou ser 95% menos prejudicial do que o tabagismo convencional.

No entanto, os médicos precisam de mais informações para conversar com os pacientes sobre os cigarros eletrônicos como ferramenta terapêutica para parar de fumar, de acordo com um novo estudo publicado na JAMA Network Open.

A pesquisa entrevistou 2.058 médicos dos EUA entre 2018 e 2019 e descobriu que mais de 60% acreditavam incorretamente que todos os produtos do tabaco são igualmente prejudiciais.

“À medida que crescem as evidências mostrando que os cigarros eletrônicos são potencialmente eficazes para a cessação do tabagismo, eles podem desempenhar um papel fundamental na redução do uso de cigarros e, posteriormente, nas doenças causadas pelo tabaco”, disse o autor do estudo Michael Steinberg, da Escola de Medicina Robert Wood Johnson da Universidade Rutgers, em um comunicado.

Em vez de queimar tabaco, os cigarros eletrônicos usam um líquido aquecido contendo nicotina.

Muitas pessoas perguntam aos seus médicos sobre como usá-los como alternativa aos cigarros de tabaco ou como forma de ajudá-los a parar de fumar. Quase 70% dos médicos relataram que os pacientes perguntaram sobre cigarros eletrônicos e um terço disse que foram questionados nos últimos 30 dias.

“Essas descobertas mostram que é fundamental abordar as percepções errôneas dos médicos e educá-los sobre a eficácia dos cigarros eletrônicos, particularmente corrigindo suas percepções errôneas de que todos os produtos do tabaco são igualmente prejudiciais, em oposição ao fato de que o tabaco queimado é de longe o mais perigoso”, disse a principal autora do estudo Cristine Delnevo, diretora do Centro de Estudos sobre Tabaco da Rutgers.

Em fevereiro deste ano, o Parlamento da União Europeia adotou, por uma margem de 652 votos a 15, um relatório sobre prevenção e tratamento do câncer que reconhece a contribuição potencial dos produtos vape para a cessação do tabagismo. O relatório observa que “os cigarros eletrônicos podem permitir que alguns fumantes parem de fumar progressivamente”.

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#PraTodosVerem: fotografia mostra uma mulher, em primeiro plano, segurando uma caneta vaporizadora enquanto expele vapor, e um fundo embaçado com luzes em efeito bokeh. Imagem: Ethan Parsa / Pixabay.

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