#CartaParaElas: iniciativa promove correspondência afetiva com mulheres privadas de liberdade

Fotografia em plano fechado que mostra o topo de um bud de cannabis (maconha) em cultivo, com pistilos em tons de rosa, e fundo desfocado. CBD

Entre as intervenções que a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas e o coletivo Uiala Mukaji realizam na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, em Recife (PE), uma iniciativa promove correspondência afetiva entre mulheres privadas de liberdade e voluntárias. Veja como participar.

De acordo com o INFOPEN (2018), “crimes relacionados ao tráfico de drogas correspondem a 62% das incidências penais pelas quais as mulheres privadas de liberdade foram condenadas ou aguardam julgamento em 2016, o que significa dizer que 3 em cada 5 mulheres que se encontram no sistema prisional respondem por crimes ligados ao tráfico”. O dado é apenas um detalhe do contexto que envolve o encarceramento feminino como consequência da política de guerra às drogas vigente no nosso país – analisado com profundidade em um artigo do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais da PUC-SP.

Enquanto a perspectiva de uma mudança neste lamentável cenário parece cada vez mais distante, iniciativas que oferecem suporte e, principalmente, afeto a quem deriva às margens de um sistema injusto e excludente são tão importantes. É o caso da RENFA (Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas) que, em parceria com o coletivo Uiala Mukaji, promove ações na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, na capital pernambucana que, segundo a rede, devem ser ampliadas, em breve, para o estado e o país.

“Como forma de fortalecer o dia a dia das mulheres dentro da unidade prisional”, segundo a RENFA, uma campanha permanente recolhe doações (em produtos e em dinheiro) para a entrega de itens como absorventes, sabão em pó, fraldas infantis e geriátricas, esmaltes, sabonetes brancos, lençóis, toalhas e papel higiênico às detentas. Parte da doação em espécie ajuda a financiar ainda outra iniciativa, o projeto #CartaParaElas, que promove a troca de correspondências entre mulheres privadas de liberdade e pessoas voluntárias.

Para participar

É possível colaborar não apenas doando, mas também como correspondente no projeto #CartaParaElas. A RENFA listou um passo a passo e as regras de como participar, a seguir:

  • Escreva uma carta de próprio punho, preferencialmente, de até uma lauda, com conteúdo que estimule e fortaleça o diálogo com uma mulher da Colônia Penal. Vale desenho, poesia, o que a imaginação mandar – só não vale discriminação. “Haverá uma triagem das cartas no sentido de não tolerar nenhum comentário racista, machista, LGBTfóbico, fundamentalista que não respeite as liberdades religiosas ou qualquer outra iniciativa de discriminação contra essas mulheres privadas de liberdade”, explica a organização.

  • Escaneie a página e envie, no corpo do e-mail, o documento para liberdademulheres@gmail.com. Caso não consiga imprimir e escanear a carta, basta mandar o texto por e-mail, com o nome que pretende assinar. Obs.: não serão fornecidos dados pessoais nem das correspondentes afetivas nem das mulheres privadas de liberdade, apenas os nomes – se você for de outro estado, pode indicar na carta.

  • A RENFA e o coletivo Uiala Mukaji ficarão responsáveis por entregar as correspondências às mulheres da Colônia Penal que queiram participar do projeto, assim como por encaminhar, por e-mail, as respostas delas. Depois de recebida a resposta, você tem um prazo de até 15 dias para dar continuidade à conversa, da mesma forma descrita acima.

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#PraCegoVer:  fotografia (de capa) em plano fechado mostra o topo de um bud de maconha em cultivo, com pistilos em tons de rosa, e fundo desfocado. Foto: Luiz Michelini.

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Sobre Thaís Ritli

Thaís Ritli é jornalista especializada em cannabis e editora-chefe na Smoke Buddies, onde também escreve perfis, crônicas e outras brisas.
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