Capa da Veja sobre “nova droga” é aula de desinformação e sensacionalismo, diz neurocientista

Fotografia em primeiro plano e perfil de Eduardo Schenberg, usando uma camiseta de um tom de salmão escuro, um colar dente de sabre e barba curta, e mexendo no mouse do computador; ao fundo, pode-se ver uma parede com prateleiras de madeira repletas de livros. Capa.

Para o neurocientista Eduardo Schenberg*, a matéria de capa da Veja que trata sobre o MDMA é mais uma notícia cujo raciocínio não passa do “se é proibido é perigoso e se é perigoso é proibido, então vamos espalhar medo!”. As informações são do DCM

A matéria de Eduardo Gonçalves (@eduardosmgoncalves ) e João Batista Jr. (@joaobatistajr) na Veja é uma aula de desinformação e sensacionalismo que torna o debate brasileiro uma verdadeira #droga.

Confundem nomenclatura química científica (MDMA) com gírias para substâncias ilícitas (ecstasy), desta vez tentando dizer que MDMA é uma droga mais nova e diferente do ecstasy, erro crasso.

Demonizam uma substância que tem baixa toxicidade e importantes potenciais terapêuticos já em etapa avançada de pesquisa, o MDMA, como sendo “uma das drogas mais potentes e perigosas” sem exemplificar com clareza quais os riscos e de onde vem as informações que disseminam.

Leia: Renascimento psicodélico

Quando examinam a questão dos contaminantes, tão importante pois sabemos que atingem mais de 50% do que se vende por aí como ecstasy, erram feio ao atribuir que o perigo está no bicarbonato de sódio, que tem baixo risco e pode ser livremente comprado em farmácias, se encontra na cozinha de muitas casas e é usado cotidianamente na culinária… Por outro lado há outros contaminantes extremamente tóxicos como o PMA ou PMMA que não são citados, bem como os mais de 200 outros contaminantes já identificados.

Entrevistam apenas usuários e um delegado, nenhum médico ou cientista.

Em resumo, mais uma daquelas notícias cujo raciocínio não passou do “se é proibido é perigoso e se é perigoso é proibido, então vamos espalhar medo!”.

*Eduardo Schenberg é neurocientista especialista no desenvolvimento de novos tratamentos psiquiátricos assistidos por substâncias psicodélicas, tendo experiência com neurociência básica e estudos clínicos, além de ser membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), sócio fundador da International Society for Research on Psychedelics (ISRP) e membro do corpo editorial do Journal of Psychedelic Studies. Também é fundador do Instituto Plantando Consciência, uma OSCIP dedicada à pesquisa científica e da Phaneros, uma startup de biotecnologia focada na melhora de tratamentos psiquiátricos.

Leia também:

Mente Aberta: drogas psicodélicas e seus benefícios para a saúde mental

#PraCegoVer: fotografia (de capa) em primeiro plano e perfil de Eduardo Schenberg, usando uma camiseta de um tom de salmão escuro, um colar dente de sabre e barba curta, e mexendo no mouse do computador; ao fundo, pode-se ver uma parede com prateleiras de madeira repletas de livros. Foto: Mario Ladeira.

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