Cannabis reduz a dor e outros sintomas entre pacientes com câncer, segundo estudo

Fotografia mostra o ramo apical de uma planta de maconha com vários pistilos brancos concentrados onde será formado o bud e folhas serrilhadas, e um fundo em tons de roxo. Foto: Jose Luis Sanchez Pereyra | Unsplash.

O uso de maconha em pacientes com câncer foi associado a melhorias nas medidas de dor, diminuição de outros sintomas e redução do consumo de analgésicos, com mínimos efeitos colaterais, de acordo com os resultados de uma nova pesquisa

Publicados na Frontiers in Pain Research, os resultados do trabalho realizado por pesquisadores israelenses com pacientes oncológicos que buscavam tratamentos alternativos para a dor e outros sintomas demonstram que os benefícios da cannabis podem ser cuidadosamente considerados pelos oncologistas.

A pesquisa, liderada por cientistas do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), recrutou oncologistas certificados que emitiram uma licença de cannabis medicinal para seus pacientes com câncer. Esses oncologistas encaminharam os pacientes interessados para o estudo e relataram as características de suas doenças, como diagnóstico e classificação de tumores malignos.

Leia mais: Medicamento de maconha mata 100% das células de câncer de pâncreas em novo estudo

Muitas comorbidades estão associadas a doenças oncológicas. Os sintomas associados ao câncer incluem dor, ansiedade, depressão, insônia, diminuição da qualidade de vida, aumento da incapacidade e efeitos negativos sobre a sexualidade. Esses sintomas são algumas das causas mais fundamentais de sofrimento e incapacidade dos pacientes oncológicos durante as terapias, e alguns podem até levar à piora do prognóstico.

“Tradicionalmente, a dor relacionada ao câncer é tratada principalmente com analgésicos opioides, mas a maioria dos oncologistas considera o tratamento com opioides perigoso, portanto, terapias alternativas são necessárias”, explicou o autor David Meiri, professor assistente do Technion.

 

 

 

O estudo acompanhou prospectivamente e longitudinalmente a eficácia e segurança do tratamento com maconha em 324 pacientes oncológicos que relataram vários sintomas antes e após o início do tratamento em acompanhamentos de um, três e seis meses.

A maioria das doses de cannabis não diferiu significativamente durante o tratamento de seis meses. No ponto final, o óleo de maconha foi a via de administração mais comum, consumido principalmente por via sublingual. A dose total mensal de maconha se manteve estável em uma média de 20 gramas. Variedades ricas em THC foram consumidas com mais frequência, com doses mensais de THC aumentando de 2.000 mg na linha de base para 3.000 mg no ponto final. As doses mensais de CBD não mudaram significativamente durante o estudo.

Leia também: Como a cannabis pode ajudar no tratamento do câncer?

Uma análise dos dados revelou que a maioria das medidas de resultado melhoraram, com menos dor e sintomas de câncer, e ainda que o uso de opioides e outros analgésicos para dor foi reduzido — quase metade dos pacientes estudados interrompeu todos os analgésicos após seis meses de tratamento com cannabis.

“Curiosamente, descobrimos que a função sexual melhorou para a maioria dos homens, mas piorou para a maioria das mulheres”, relatou Meiri ao Frontiers Science News, destacando a necessidade de estudos futuros se aprofundarem e analisarem a eficácia da maconha em diferentes grupos de pacientes oncológicos.

Dito isto, os pesquisadores concluíram que o tratamento com cannabis é eficaz no controle de vários sintomas relacionados ao câncer, sendo seguro e bem tolerado pelos pacientes.

Algumas limitações foram observadas neste estudo, como a ausência de um grupo controle ou placebo e a possibilidade de viés de autorrelato, apesar de apenas questionários validados terem sido utilizados e as respostas dos pacientes mantidas anônimas de seu médico.

Leia mais:

Consumo de álcool, tabaco e analgésicos por jovens adultos caiu após a legalização da maconha

#PraTodosVerem: fotografia mostra o ramo apical de uma planta de maconha com vários pistilos brancos concentrados onde será formado o bud e folhas serrilhadas, e um fundo em tons de roxo. Foto: Jose Luis Sanchez Pereyra | Unsplash.

Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!