Cannabis pode ser utilizada no tratamento odontológico sem riscos para o paciente, diz especialista
Na área odontológica existem patologias que podem ser tratadas com o medicamento fitoterápico como a gengivite, que é uma inflamação na gengiva, por conta de seu efeito analgésico e anti-inflamatório, segundo a cirurgiã-dentista Dra. Endy Lacet para o Jornal Opção
Os compostos da Cannabis sativa, nome científico da maconha, podem ser usados no tratamento de diversas doenças, que variam de epilepsia severa a fibromialgia. Ao Jornal Opção, a cirurgiã-dentista, diretora técnica da SouCannabis, prescritora canábica e terapeuta canabinoide, pós-graduada em Cannabis Medicinal, palestrante e pesquisadora da terapia canabinoide desde 2015, Dra. Endy Lacet explica como isso pode auxiliar os pacientes que buscam tratamento odontológico.
Endy Lacet, que é pioneira na aplicação da medicina canabinoide em odontologia e ex-diretora administrativa da Abrace Esperança, destaca que muitas pessoas não conhecem o uso medicinal atuando no sistema nervoso central, sendo útil no tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson, epilepsia ou ansiedade, por exemplo.
“Através da minha experiência vista no cuidado desses pacientes e conhecendo as propriedades terapêuticas que a cannabis tem, eu relacionei com as patologias odontológicas que também precisam das propriedades terapêuticas que a cannabis possui”, explica.
“Já existe bastante embasamento científico, estudos, pesquisas e artigos. Esses estudos não são direcionados para a área odontológica, mas muitos deles são para estudo de propriedades terapêuticas que a cannabis possui e que tem um excelente resultado naquelas doenças que geralmente são sistêmicas, que não são da boca, são doenças do corpo, do organismo”, pontua a especialista.
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Prescrição
Em relação à prescrição da cannabis, fica restrito aos especialistas. Os médicos prescritores deverão ser previamente cadastrados em plataforma on-line criada pelo Conselho Federal de Medicina. A Dra. Endy Lacet ressalta que na área odontológica existem patologias que podem ser tratadas com o medicamento fitoterápico como, por exemplo, a gengivite, que é uma inflamação na gengiva, por conta de seu efeito analgésico e anti-inflamatório.
“Eu consigo tratar essa doença usando a propriedade terapêutica. Compete ao cirurgião dentista aplicar formulações farmacêuticas de uso interno ou externo dentro dos parâmetros odontológicos, ou seja, se for para tratar uma patologia adquirida eu posso prescrever, por exemplo, um bruxismo, uma dor orofacial. Pode se utilizar também no pré-tratamento com pacientes autistas. Costuma-se usar esse pré-tratamento para que no dia da consulta ou para o tratamento em si, o paciente esteja mais tranquilo e isso é muito importante”, explica.
Para adquirir o medicamento à base da cannabis, o paciente, após passar pela consulta médica e de posse da receita, deverá preencher o formulário disponível no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e apresentar a receita médica.
“Depende de onde o paciente vai adquirir o produto, ser for importado o profissional vai fazer o relatório, medida preventiva, fazer restrição da entrada na Anvisa, colocar autorização e todo o processo burocrático, o cirurgião-dentista consegue fazer isso. Mas, se o profissional quiser fazer o tratamento com medicamento nacional, ele pode fazer prescrição simples, geralmente as associações que recebem as pessoas que fazem esse tratamento pedem documentos pessoais, laudo e documento de prescrição. Aqui no Brasil é fácil encontrar, para importar demora mais e o valor é maior. Os nacionais, além de ser mais fácil de conseguirem, são mais em conta e a eficácia é a mesma”, detalha a médica e especialista.
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Quebra de paradigmas
Para a especialista, o primeiro passo para quem quer aprender ou saber mais sobre o assunto é primeiramente quebrar o preconceito. “Aprender que é uma planta como qualquer outra, e sobre o que tem no nosso corpo que se comunica com a planta, e a partir disso a gente consegue direcionar o tratamento. O tratamento realmente é personalizado, cada organismo é diferente. Não tem uma dosagem fixa, é um tratamento individualizado. Por isso é tão importante ter uma base boa de conhecimento”, salienta Endy Lacet.
A cirurgiã-dentista afirma que o tratamento com uso da cannabis não apresenta risco. “A cannabis é 100% biocompatível, ou seja, nós produzimos uma cannabis interna, ela se chama endocanabinoide, que são substâncias que o nosso organismo produz. Quando elas estão no nosso organismo elas fazem a mesma função e por isso não corremos riscos quando entramos com a medicina canabinoide, pelo contrario, o nosso organismo volta a funcionar, quando nosso corpo está com todas as funções fisiologias em equilíbrio”.
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Regulamentação em Goiânia
Cirurgiã-dentista, diretora técnica da SouCannabis e prescritora canábica, Endy Lacet avalia a discussão sobre a liberação e distribuição para uso medicinal em Goiânia, que está em discussão na Câmara Municipal como um grande avanço. O projeto é de autoria do vereador Lucas Kitão (PSL), e prevê a distribuição gratuita dos medicamentos prescritos à base de canabidiol (CBD) ou tetraidrocanabinol (THC) por parte das unidades da rede pública e privada de saúde.
“Esse avanço deve acontecer, porque a quantidade de pacientes que hoje estão doentes e estão sofrendo em hospital é muito grande. A luta não é somente das associações, mas também da parte política isso é muito importante, quando não se tem esse apoio é mais difícil e aqui temos esse apoio”, analisa Endy Lacet.
“Aqui em Goiás a conversa tem sido muito aberta e isso tem trazido um passo muito importante para evolução na regulamentação, porque o que pedimos não é a liberação, mas sim uma regulamentação para que as pessoas que realmente precisam possam ter acesso”, conclui.
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#PraCegoVer: foto que mostra duas mãos com luvas cirúrgicas brancas unidas em forma de concha e envolvendo as folhas superiores de uma planta de maconha. Imagem: jcomp / Freepik.
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