Cannabis pode ser alternativa no tratamento da endometriose

Fotografia em vista superior do top bud de uma planta de cannabis (maconha), onde se vê alguns pistilos de cor creme ao centro e várias folhas de bordas escuras. Foto: THCameraphoto.

Estudos apontam que a planta age na diminuição da dor e desaceleração da progressão da doença

O mês de março é voltado mundialmente para a conscientização da endometriose, doença ginecológica que tem um diagnóstico lento e complexo e afeta a qualidade de vida de milhões de mulheres. A endometriose é uma condição em que o tecido que reveste o interior do útero (endométrio) está presente fora do mesmo, ocorrendo mais comumente na parte inferior do abdômen ou na pélvis.

Os sintomas da endometriose incluem dor na região lombar, dor abdominal, dor na pélvis, vagina ou reto, dor durante a relação sexual, menstruação irregular e outros desconfortos. O tratamento da dor associada à condição constitui um desafio histórico na prática clínica e, muitas vezes, é realizado à base de hormônios, com uma série de efeitos colaterais.

Em 2019, foram registradas no Brasil 11.790 internações por endometriose, enquanto os atendimentos ambulatoriais e na atenção primária à saúde de pacientes com a condição totalizaram 24.560 e 25.171 registros, respectivamente, segundo dados obtidos pela Smoke Buddies junto ao Ministério da Saúde via Lei de Acesso à Informação (LAI).

As mulheres na faixa etária entre 30 e 49 anos correspondem ao maior percentual de atendimentos ambulatoriais (69,9%) e na atenção primária (66,9%) e de internações (66,8%).

Segundo artigo do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, publicado em janeiro de 2020, o efeito do THC (tetraidrocanabinol) em um modelo de endometriose em camundongos reduziu as medições da dor e limitou o desenvolvimento de cistos endometriais.

“A endometriose, patologia relativamente frequente entre mulheres na fase reprodutiva, compromete enormemente a qualidade de vida pela dor severa e por complicações geniturinárias. Estudos demonstram que a cannabis atua na melhora da dor, com recuperação da qualidade de vida e diminuição de complicações”, explica a médica especialista em dor Maria Teresa Jacob, da clínica Bem Medicina Canábica e Bem Estar, que atende a pacientes com cannabis medicinal.

 

 

 

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De acordo com artigo publicado na Cannabis and Cannabinoid Research, o útero possui uma alta densidade de receptores canabinoides, inclusive no endométrio, o que torna o tratamento da endometriose com medicamentos à base de cannabis promissor.

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Uma pesquisa on-line feita na Austrália entrevistou 484 mulheres diagnosticadas com endometriose, avaliando as estratégias de autogerenciamento utilizadas por elas, e descobriu que uma em cada dez estava usando cannabis para controlar a dor e outros sintomas.

As pacientes relataram que, de todas as técnicas de autogerenciamento utilizadas, a cannabis foi a mais eficaz no controle da dor. As entrevistadas que usaram a planta também relataram melhorias em outros sintomas, incluindo problemas gastrointestinais, náusea, ansiedade, depressão e sono.

(Matéria atualizada em 7/5/21 para incluir as informações enviadas pelo Ministério da Saúde.)

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#PraCegoVer: fotografia em vista superior do top bud de uma planta de cannabis, onde se vê alguns pistilos de cor creme ao centro e várias folhas de bordas escuras. Foto: THCamera Cannabis Art.

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