Cannabis é eficaz contra náusea e vômito decorrentes da quimioterapia, diz estudo

Fotografia de uma seringa contendo substância de cor escura, na posição vertical, e uma folha de maconha (cannabis), e as pontas dos dedos que as seguram, com um fundo escuro. Câncer.

Mais de 80% dos pacientes que participaram do ensaio relataram preferência pelo extrato de maconha na prevenção dos efeitos adversos da quimioterapia. As informações são do Cancer Therapy Advisor, traduzidas pela Smoke Buddies

Resultados do crossover na fase 2 de um estudo de 3 fases projetado para avaliar a segurança e eficácia de uma formulação oral de um extrato de cannabis, com tetraidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), na prevenção secundária de pacientes que sofrem de náusea e vômito induzidos por quimioterapia (CINV) revelaram que a maioria dos pacientes preferia esse tratamento em comparação com o placebo. Essas descobertas foram aceitas para apresentação no Programa Científico Virtual ASCO2 e divulgadas em 29 de maio de 2020.

Apesar do uso de profilaxia em conformidade com as diretrizes para o CINV, muitos pacientes tratados com quimioterapia moderada ou altamente emetogênica experimentam esses efeitos adversos muitas vezes temidos da quimioterapia, mesmo após a administração de terapia antiemética secundária / de resgate.

O design deste ensaio clínico de fase 2 multicêntrico, controlado por placebo, duplo-cego, crossover (ACTRN12616001036404), descrito anteriormente, envolveu a inscrição de pacientes adultos com câncer de qualquer tipo ou estágio em tratamento com quimioterapia moderada ou altamente emetogênica que relataram vômito e/ou náusea significativo no ciclo anterior da quimioterapia, apesar de receberem terapia antiemética concordante com as diretrizes. Todos os pacientes inscritos estavam programados para ter pelo menos dois ciclos de quimioterapia adicionais.

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A partir de um dia antes do primeiro dia do primeiro ciclo de quimioterapia após a inscrição no estudo (A) e continuando até o dia 5 após o início desse ciclo de quimioterapia, foram administradas cápsulas orais contendo 2,5 mg de THC e 2,5 mg de CBD, 3 vezes ao dia, para pacientes do estudo, podendo ser titulado de 1 a 4 vezes ao dia, com base na resposta do paciente. Todos os pacientes do estudo foram cruzados para receber cápsulas de placebo orais no mesmo horário para o segundo ciclo de quimioterapia (B). Portanto, cada paciente serviu essencialmente como seu próprio controle. A terapia profilática para CINV recomendada pelas diretrizes também foi administrada a todos os pacientes antes do início de cada ciclo de quimioterapia.

O objetivo primário do estudo de fase 2 envolveu a determinação das porcentagens de pacientes que relataram uma resposta completa (isto é, uma RC, definida como náusea ou uso de medicamentos de resgate) entre 0 e 120 horas após o início da quimioterapia.

Os principais objetivos secundários do estudo incluíram a preferência de segurança pela intervenção no estudo dos ciclos A ou B, bem como a porcentagem de pacientes sem êmese, sem náusea significativa e nenhum uso de medicamentos de resgate até 120 horas após o início da quimioterapia.

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Dos 72 pacientes incluídos na análise de eficácia que completaram pelo menos dois ciclos de quimioterapia após a inscrição no estudo, a idade média foi de 55 anos, aproximadamente três quartos eram do sexo feminino, 58% relataram uso prévio de cannabis (conquanto o uso de outras fontes de cannabis não tenha sido permitido durante o estudo) e 55% receberam terapia potencialmente curativa. O regime de quimioterapia mais comumente recebido foi um regime baseado em doxorrubicina mais ciclofosfamida, que foi administrado a 26% dos pacientes.

Taxas significativamente maiores de RC (25% vs 14%), nenhuma náusea significativa (21% vs 10%) e uso de medicamentos de resgate (28% vs 15%) foram relatados durante o ciclo A em comparação com o ciclo B, respectivamente. O desfecho do estudo de não êmese foi relatado por 69% e 57% dos pacientes para o ciclo A e o ciclo B, respectivamente.

Notavelmente, 83% dos pacientes relataram uma preferência pela intervenção do estudo administrada no ciclo A em relação àquela dada a eles durante o ciclo B.

Para os 78 pacientes incluídos na análise de segurança, nenhum evento adverso grave foi atribuído ao THC/CBD, embora as frequências relatadas de sedação (19% vs 4%), tonturas (10% vs 1%) e desorientação (3% vs 0 %) foram maiores durante a administração de THC/CBD em comparação com o placebo, respectivamente.

Algumas das limitações do estudo identificadas pelo apresentador do estudo Peter Grimison, MBBS, MPH, PhD, FRACP, professor associado clínico na Chris O’Brien Lifehouse, do Sydney Cancer Center em Nova Gales do Sul, incluíram o uso concomitante de olanzapina em apenas 4% dos pacientes, e não participação de uma alta porcentagem daqueles inicialmente identificados como elegíveis para o estudo (devido ao uso atual de cannabis, recusa em parar de dirigir durante a duração do estudo, comorbidades psiquiátricas e por causa do desenho cruzado do estudo, além de outros razões).

“Com base nesses resultados positivos, o componente definitivo da fase paralela 3 do ensaio continua a se confirmar”, observou o Dr. Grimison em suas considerações finais.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia de uma seringa contendo substância de cor escura, na posição vertical, e uma folha de maconha, e as pontas dos dedos que as seguram, com um fundo escuro. Foto: Alexandre Rezende.

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