Canadá tem acúmulo de 400 toneladas de maconha após excesso de produção

Fotografia que mostra uma vasta plantação de maconha, com plantas verdinhas, que vai do primeiro até o fundo, a perder de vista, preenchendo quase toda a imagem, com apenas um estreita faixa na parte superior, que mostra as paredes brancas da instalação; o registro foi feito na cidade de Smiths Falls, em Ontário, Canadá.

Até o momento, as vendas legais de maconha no Canadá totalizarão US$ 1,9 bilhão neste ano, segundo estimativas de analistas, ficando atrás dos US$ 2,3 bilhões das vendas ilícitas. Com informações do Financial Times, via Folha

Os armazéns no Canadá estão repletos de maconha não vendida depois que os produtores superestimaram a demanda pela droga, que foi legalizada há um ano.

Em todo o país, os estoques de cannabis totalizaram quase 400 toneladas no final de agosto, o suficiente para atender dois anos e meio de demanda, de acordo com os últimos dados do governo.

Enquanto isso, o preço da droga caiu à medida que os distribuidores legais e ilegais de cannabis brigam por participação de mercado.

O estoque sugere que um ano após o Canadá se tornar a primeira grande economia a permitir o uso recreativo de cannabis em território nacional, a indústria superestimou o quanto os fumantes de maconha do país podem consumir e subestimou a capacidade do mercado ilegal de responder à concorrência.

“Existe um enorme excedente de cannabis apenas para a demanda doméstica”, disse Matt Bottomley, analista da Canaccord Genuity, uma empresa de serviços financeiros.

A Canopy Growth, uma empresa com ações negociadas em Toronto sob o código WEED, disse que colheu 40,5 toneladas e amortizou um estoque de US$ 12 milhões no trimestre encerrado em setembro.

A Aurora Cannabis, uma concorrente, colheu aproximadamente 41,5 toneladas. A produção de cada empresa individualmente foi suficiente para atender à demanda recreativa de todo o país, de acordo com o Cannabis Benchmarks, um grupo de dados.

O excesso de produção e a batalha com o mercado ilícito geraram impacto nos preços. O Cronos Group, outro produtor com ações negociadas em Toronto, passou a vender cannabis seca por US$ 3,58 o grama em setembro, uma queda de mais de um terço desde o início do ano.

“O consumo de cannabis não está acompanhando o crescimento acelerado dos quilos colhidos”, disse a Cannabis Benchmarks.

Ações de produtores locais de maconha, como Canopy, Aurora, Cronos Group e Tilray, atraíram muitos investidores, enquanto o Canadá estava legalizando a droga, mas os clientes estão se mostrando leais ao mercado ilegal.

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A Analysts ArcView e a BDS Analytics esperam que o tamanho do mercado legal triplique nos próximos cinco anos, o que tiraria pelo menos US$ 1 bilhão em participação dos traficantes de rua.

Por enquanto, porém, as vendas legais para os mercados recreativo e medicinal totalizarão US$ 1,9 bilhão neste ano, segundo estimativas dos analistas, ficando atrás dos US$ 2,3 bilhões das vendas ilícitas.

#PraCegoVer: foto em close e perfil de uma jovem canadense que traga um baseado, com piteira e enorme em comprimento, e sua mão próxima ao mesmo, com um fundo desfocado de cor escura e detalhe para um piercing septril. Foto: Lars Hagberg | AFP.

Os canais legais de distribuição têm demorado a se desenvolver, pois são rigorosamente limitados pelos governos provinciais.

Ontário, a província mais populosa com 14,5 milhões de habitantes, é atendida por apenas 24 lojas.

Seu primeiro-ministro, Doug Ford, disse nesta semana que a província está pensando em acabar com o sorteio para obter licenças de maconha de varejo, uma medida que pode permitir a abertura de mais lojas, informou a imprensa canadense.

“Desde a legalização, realmente não há pontos de venda suficientes para os consumidores interessados em adquirir produtos”, disse Al Foreman, diretor de investimentos da Tuatara Capital, que administra fundos com foco em cannabis avaliados em US$ 350 milhões.

Os produtores aguardam esperançosamente pela “Cannabis 2.0”, a segunda fase da legalização, que introduzirá produtos comestíveis e “vaping”.

Suas fórmulas concentradas usam grandes quantidades de material vegetal, tendo o potencial de reduzir estoques, de acordo com Jonathan Rubin, da Cannabis Benchmarks.

O executivo-chefe da Canopy, Mark Zekulin, disse no anúncio de resultados mais recentes da empresa que as províncias cortaram suas compras para reduzir estoques e “as aberturas de lojas de varejo ficaram aquém das expectativas”.

A Canopy, cujo maior acionista é a gigante de bebidas alcoólicas Constellation Brands, registrou um prejuízo líquido trimestral de pouco mais de US$ 281 milhões, com uma receita de quase US$ 58 milhões.

Com uma queda de dois terços desde abril, as ações da Canopy subiram quase 30% nesta semana depois que o Bank of America melhorou a classificação das ações para “compra”.

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#PraCegoVer: fotografia (em destaque) que mostra uma vasta plantação de maconha, com plantas verdinhas, que vai do primeiro até o fundo, a perder de vista, preenchendo quase toda a imagem, com apenas um estreita faixa na parte superior, que mostra as paredes brancas da instalação; o registro foi feito na cidade de Smiths Falls, em Ontário, Canadá. Foto: Blair Gable | Reuters.

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