Brasil investiga três casos suspeitos de síndrome associada ao cigarro eletrônico

Fotografia em plano fechado que mostra parte da face (em meio perfil de costas) de uma pessoa que segura uma aparelho vaporizador à boca, enquanto expele vapor, e um fundo desfocado. Síndrome.

Os vapes entraram na mira das autoridades de saúde depois que usuários passaram a sofrer uma síndrome que já acometeu 2.172 pessoas nos EUA. No Brasil, um caso em Salvador (BA) e outros dois em São Paulo (SP) estão sendo investigados. Com informações da Época

O vape, cigarro eletrônico, ou qualquer outro nome que se dê ao dispositivo, virou uma febre, em especial entre os mais jovens. No Brasil, a comercialização do cigarro eletrônico é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, mas é possível encontrar livre e facilmente o aparelho em lojas e na internet. A pesquisa mais recente disponível no Brasil, feita pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2015, quando o hábito ainda não tinha se disseminado como hoje, estimou em 600 mil os usuários no país.

A onda do vape entrou na mira depois que usuários passaram a sofrer uma síndrome que já acometeu 2.172 pessoas nos Estados Unidos e havia resultado na morte de 42 até a semana passada. Os dispositivos usados para fumar podem ser “carregados” com vários tipos de cartuchos — de nicotina ou não, com sabor, com THC, o princípio ativo da maconha. É aos cartuchos com esse último tipo que estão associados os principais casos da doença. Mas não exclusivamente a eles.

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“Eu fiquei no chão, só concentrada em manter o ar entrando e saindo”, contou Érica (nome fictício), de 22 anos, sobre o surto agudo de inflamação pulmonar que sofreu algumas horas depois de usar um vape. No início de setembro, a universitária de Salvador, na Bahia, passou mal numa festa depois de usar o dispositivo para fumar um cartucho de THC. Voltou para casa, onde o mal-estar persistiu. Naquela noite, a jovem baiana tornou-se um dos primeiros casos brasileiros suspeitos de uma síndrome tão grave que chegou ao ponto de ganhar um nome: Evali, acrônimo em inglês para “Lesão Pulmonar Associada a Produto de Vaping ou Cigarro Eletrônico”.

No Brasil, apenas outros dois casos da doença estão sendo investigados, ambos em São Paulo, informou a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). A Anvisa — em meio às discussões para rever o marco regulatório de 2009, que opõe profissionais da saúde à indústria tabagista — solicitou a 252 instituições de saúde e ao Conselho Federal de Medicina (CFM) a notificação de “quaisquer suspeitas” relativas a pacientes que possam vir a ser relacionadas ao uso do cigarro eletrônico.

Casos como o de Érica, que, antes de usar o produto com THC, inspirava e expirava nicotina pelo vape, ainda intrigam os médicos. O clima na opinião pública, antes favorável ao vape, se reverteu nos últimos meses, na trilha das mortes nos EUA. Os médicos ouvidos por ÉPOCA se dizem confiantes de que a regulação evolua agora para uma política mais restritiva no Brasil. Por enquanto, é só fumaça.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) em plano fechado que mostra parte da face (em meio perfil de costas) de uma pessoa que segura uma aparelho vaporizador à boca, enquanto expele vapor, e um fundo desfocado. Foto: Erica Crossen.

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