Baseado no Cotidiano: projeto desmistifica o consumo de maconha
Trocamos uma ideia com Phill Whizzman, “o doido” por trás das lentes do Baseado no Cotidiano, projeto que comemora três anos em outubro, com festas no Rio e em São Paulo
“A maconha me dá paciência. Calma para o mundo, tempo”, responde o fotógrafo carioca Phill Whizzman, ao receber a mesma pergunta que costuma fazer a quem participa de seu projeto, o Baseado no Cotidiano, que completa três anos com mais de 400 fotos que retratam os consumidores de maconha como protagonistas – e que celebra esta caminhada em duas festas comemorativas, uma no Rio (5) e outra em São Paulo (12).
Para muito além de uma relação pessoal com a erva, que começou como flerte aos 16 anos, mas que veio para ficar mesmo a partir dos 20, Phill é um dos que conseguiu enxergar além e, ao unir a profissão de fotógrafo com a explanação do consumo de maconha, fez da planta seu ofício e sua inspiração.
“Sou fotógrafo desde 2009. Em 2014, 2015, quando eu estava terminando a faculdade de cinema, eu dava umas festas em casa, aquelas reuniões sociais, e sempre a câmera estava comigo. E a galera me passava o baseado e, eu pensei, ‘maneiro, vou fazer foto disso’. Em 2016, eu tive a ideia de juntar os textos de cada um, explanando porque fuma maconha, para mostrar a diversidade de maconheiros”, e assim nasceu o Baseado no Cotidiano, cujo perfil no Instagram já soma 51 mil seguidores – ou “doidos”, como o fotógrafo costuma chamar os fãs de seu trabalho.
Neste mergulho artístico, além da diversidade de consumidores, Phill registra memórias, como a do saudoso jornalista Ricardo Boechat, que posou para a foto com a generosidade e simpatia que lhe eram marcas registradas, sorrindo com uma folha de cannabis na mão, e coleciona porquês de usar maconha – motivos que se convergem em algo tão simples: se sentir bem. “Cada um faz uso por um motivo, mas geralmente é muito parecido – o uso terapêutico, que a galera nem sente, para dormir, para descansar, relaxar”, explica.
Se, nessa ótica, a impressão é a de que os personagens não são lá muito diferentes de nós mesmos, ao vivo a coisa muda – e cada peça, impressa em papel fotográfico e com o relato escrito no verso, ganha um significado próprio. “Com o projeto eu consigo conhecer o outro”, explica Phill, que reuniu 32 das fotografias mais marcantes do Baseado no Cotidiano para expor nas festas deste mês, que celebram o 3º aniversário do projeto.
A primeira, na cidade natal do fotógrafo, acontece no próximo sábado, dia 5, a partir das 14h20, no Usina (Rua Max Fleiuss, 35), e tem ingressos a partir de R$ 15. Além da exposição, vão rolar ações de marcas parceiras do projeto e, segundo o próprio Phill, “muita fumaça, muita arte, muita gente de coração bom e muito mais fumaça ainda”.
Em São Paulo, a festa rola na Casa Sements, a partir das 16h do dia 12, e terá, além das atrações previstas no Rio, comes e bebes vegetarianos e veganos e flashday de tattoo, pelo mesmo valor de entrada.
Leia mais ~Baseado no Cotidiano: maconha e ativismo em série fotográfica
#PraCegoVer: fotografia (de capa) que mostra o fotógrafo Phill Whizzman, à frente do projeto Baseado no Cotidiano, sentado no chão, de pernas cruzadas, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos fazendo o “sinal do heavy metal”, enquanto traga um baseado. Ele veste a camiseta de seu projeto. Foto: Bléia Campos | I Hate Flash.
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