Bactéria é detectada em suplemento que diz ter cannabis e está à venda nas farmácias de Portugal

Fotografia em plano fechado que mostra um pequeno frasco de laboratório com tampa azul e a mão que o segura diante da câmera, e, ao fundo desfocado, uma bandeja com mais frascos. Bactéria.

Em Portugal, um suplemento alimentar que está à venda nas farmácias com o nome de “Cannabis”, além de não possuir canabinoides em sua composição, está suspeito de contaminação pela bactéria E. coli. As informações, repudiadas pela fabricante em nota à imprensa, são da Lusa, via Observador

Atualização em 19/11: A empresa cujo laboratório é responsável pela fabricação do suplemento enviou nota oficial em que “repudia completamente as afirmações da Sra. Presidente do OPCM e informa que as contra-análises realizadas ao produto demonstram a inexistência da bactéria Escherichia coli (E. coli).

A bactéria E. coli foi detectada num suplemento alimentar à venda nas farmácias como produto à base de cannabis com propriedades terapêuticas, anunciou esta terça-feira o Observatório Português de Cannabis Medicinal (OPCM).

No âmbito de um protocolo assinado com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o OPCM mandou analisar o óleo que está no interior das cápsulas do suplemento alimentar “Cannabis”, disse à agência Lusa a presidente do observatório, Carla Dias.

Na análise de controle microbiológico, a que a agência Lusa teve acesso, o Laboratório de Controle Microbiológico da Faculdade de Farmácia afirma que foi detectada neste produto a presença da Escherichia coli (E. coli), uma bactéria que pode causar infeções intestinais e infeções urinárias.

Além da E. coli foi detectada uma bactéria cutânea, disse Carla Dias, defendendo que as autoridades têm de tomar medidas “porque se trata de uma questão de saúde pública”.

Por outro lado, frisou, “este produto está à venda nas farmácias como um produto à base de cannabis e com propriedades terapêuticas” e não tem, disse Carla Dias, afirmando não compreender como o produto foi autorizado como suplemento alimentar pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

Para a responsável, “trata-se de publicidade enganosa: as pessoas estão a pagar 40 euros por cápsulas que dizem ter canabidiol, não tendo. Isso é muito grave. Nós já denunciamos ao Infarmed, à ASAE, à DGAV e ninguém nos ouve”, lamentou a presidente do observatório.

Carla Dias adiantou que estes produtos estão a ser comercializados numa altura em que os consumidores deixaram de ter acesso aos produtos à base de óleos de canabidiol que foram retirados do mercado porque, com a nova lei da cannabis medicinal, passaram a ser considerados medicamentos e a necessitarem de uma autorização de colocação no mercado pela Autoridade Nacional de Medicamento (Infarmed).

“Algumas empresas estão a aproveitar-se [desta situação] e estão a vender gato por lebre. Não é cannabis, não tem propriedades terapêuticas e é vendido como tal nas farmácias e em ervanárias.”

A presidente do OPCM adiantou à Lusa que, no âmbito do protocolo com a Faculdade de Farmácia e com outras entidades, vai mandar analisar os óleos mais utilizados pelos utentes e pacientes portugueses em termos microbiológicos.

O OPCM vai também analisar o perfil dos canabinoides, para perceber se tem CBD e tetrahidrocanabinol, que a marca afirma que contém, e toxicidade do produto (contaminantes, pesticidas).

No final, o observatório vai publicar um relatório final com a avaliação de todos os produtos para as pessoas que os compram pela internet tenham alguma segurança nos produtos que estão a adquirir.

Leia também: Primeira fábrica de medicamentos à base de maconha é autorizada em Portugal

*Atualização em 19/11

A empresa cujo laboratório é responsável pela fabricação do suplemento enviou à redação nota oficial em que “repudia completamente as afirmações da Sra. Presidente do OPCM e informa que as contra-análises realizadas ao produto demonstram a inexistência da bactéria Escherichia coli (E. coli).

Em comunicado à imprensa, a empresa informa que “após as afirmações da alegada contaminação, a LABIALFARMA, juntamente com o nosso cliente Biocêutica, solicitou, prontamente, uma contra-análise do produto em três laboratórios, nacionais e internacionais, devidamente certificados/ acreditados. Os resultados destas análises confirmam a ausência da bactéria E. coli em todas as amostras analisadas”, e conclui que “o comunicado do OPCM, no dia 5 de novembro, consiste num conjunto de incorreções e falsidades, lesivas a vários níveis da imagem e do bom nome da Biocêutica e, por conseguinte, dos Laboratórios LABIALFARMA, que repudiamos de forma veemente, mantendo o voto de qualidade e confiança que os consumidores depositam nos produtos que fabricamos”.

Leia a íntegra da nota: 

“No seguimento das notícias avançadas pela Agência Lusa, no dia 5 de novembro, relativamente à alegada presença da bactéria E. Coli no suplemento alimentar CANNABIS, da marca Biocêutica, a LABIALFARMA, enquanto laboratório fabricante deste produto, repudia completamente as afirmações da Sra. Presidente do OPCM e informa que as contra-análises realizadas ao produto demonstram a inexistência da bactéria Escherichia coli (E. coli).

No comunicado divulgado por inúmeros órgãos de comunicação social, foi dito que o OPCM, no âmbito de um protocolo com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa “tinha mandado” analisar o óleo no interior das cápsulas do suplemento CANNABIS, tendo sido alegadamente detetada a presença da bactéria E. Coli. Deste modo, a LABIALFARMA vem, em nome da responsabilidade, do compromisso com a qualidade e do respeito pelos nossos clientes e colaboradores, repor a verdade dos factos.

O produto CANNABIS tem o estatuto legal de Suplemento Alimentar, de acordo com o Decreto-Lei nº 136/2013, de 28 de junho, que define os suplementos alimentares como géneros alimentícios e não como medicamentos. O produto CANNABIS é constituído por óleo de sementes de cannabis sativa, de acordo com os requisitos previstos no Regulamento nº2015/2283, e a sua comercialização foi devidamente notificada à DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária, sendo falso que que esteja a ser vendido como tendo “propriedades terapêuticas”, conforme se pode comprovar através da consulta da respetiva embalagem.

O Laboratório LABIALFARMA, onde o produto CANNABIS é produzido, possui a certificação GMP- Boas Práticas de Fabrico e tem implementado um Sistema de Qualidade suportado pelas normas ISO 9001, ISO 14001, ISO 13485 e HACCP. Com efeito, durante o processo de fabrico, o Produto é sujeito a vários controlos de qualidade que se iniciam com a seleção de fornecedores de matérias-primas qualificados, passando por controlos analíticos (IPC) durante todas as fases do processo de produção,  sendo o Produto apenas disponibilizado para o mercado depois de efetuado um rigoroso Controlo de Qualidade físico-químico e microbiológico, em conformidade com as especificações estabelecidas.

Consequentemente, em nenhuma das fases de produção do produto CANNABIS foi detetada a presença da bactéria E. coli, conforme atestam todas as análises realizadas no nosso laboratório durante esse processo. Não obstante, após as afirmações da alegada contaminação, a LABIALFARMA, juntamente com o nosso cliente Biocêutica, solicitou, prontamente, uma contra-análise do produto em três laboratórios, nacionais e internacionais, devidamente certificados/ acreditados. Os resultados destas análises confirmam a ausência da bactéria E. coli em todas as amostras analisadas.

Deste modo, torna-se óbvio que as afirmações feitas no comunicado do OPCM são manifestamente falsas e fica evidenciada a inexistência da bactéria E. coli no Suplemento Alimentar CANNABIS, da marca Biocêutica, fabricado nos laboratórios LABIALFARMA.

Importa também referir que não cabe ao OPCM a responsabilidade de controlo de suplementos alimentares, uma vez que se trata apenas de uma associação privada que prossegue os interesses dos seus associados e órgãos dirigentes e cujos verdadeiros intuitos não são conhecidos.  Nesse sentido, o comunicado do OPCM, no dia 5 de novembro, consiste num conjunto de incorreções e falsidades, lesivas a vários níveis da imagem e do bom nome da Biocêutica e, por conseguinte, dos Laboratórios LABIALFARMA, que repudiamos de forma veemente, mantendo o voto de qualidade e confiança que os consumidores depositam nos produtos que fabricamos.

Posto isto, informamos que a Biocêutica já endereçou um comunicado ao OPCM a solicitar que a verdade seja publicamente reestabelecida, o qual poderá ser consultado nos documentos que enviamos anexos.”

#PraCegoVer: fotografia (de capa) em plano fechado que mostra um pequeno frasco de laboratório com tampa azul e a mão que o segura diante da câmera, e, ao fundo desfocado, uma bandeja com mais frascos. Foto: Suzanne Plunkett | Reuters.

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