Avanço mundial da legalização da maconha impulsiona investimentos ligados ao setor

Fotografia em vista superior de um leque de notas de R$ 50 e sobre estas, ao centro, uma nota de R$ 100, com alguns buds secos de maconha na base. Foto das notas: Shutterstock. Montagem: Smoke Buddies.

Pesquisa mostra que, até 2026, o mercado global de cannabis deve ter um faturamento de US$ 55,9 bilhões. No Brasil, o mercado financeiro busca formas de surfar a onda da planta e se beneficiar dos retornos que investimentos atrelados ao setor podem oferecer. As informações são do Valor Investe

Em 2020, o mercado legal mundial de cannabis atingiu a marca de US$ 21,3 bilhões, um crescimento de 48% na comparação com 2019, quando alcançou US$ 14,4 bilhões, segundo dados da consultoria especializada BDSA. Somado à escalada da indústria de cannabis no âmbito global, na quarta-feira (31), o governo de Nova Iorque aprovou a legalização da maconha para uso adulto no Estado. Depois da aprovação da cidade mais populosa dos Estados Unidos, reacenderam as perspectivas promissoras para a indústria no mercado financeiro.

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Com a sanção do projeto de lei, a cidade americana mais populosa se tornará o segundo maior mercado de cannabis nos Estados Unidos, atrás apenas da Califórnia. Ao todo, dos 50 estados americanos, 16 já liberaram esse tipo de uso da cannabis, enquanto 36 aprovaram para uso medicinal.

Na visão do sócio e chefe de gestão da Vitreo, George Wachsmann, a expectativa é que haja uma aceleração do processo da legalização da maconha no nível federal com o governo de Joe Biden e a Câmara dos EUA controlada pelos Democratas. “A presença dos Democratas nas duas Casas, ou seja, não só no executivo, foi uma grande mudança e consolidou a ideia de uma onda azul — que vai virar uma onda verde”, afirma.

Ele destaca que, apesar de o movimento de liberação do uso da cannabis ser uma realidade entre os estados americanos, é importante que aconteça também em uma escala maior. “Existem leis de âmbito federal que podem desatar alguns nós super-relevantes, como, por exemplo, que afetam (para pior) a contabilidade das empresas do setor, como se elas fossem punidas de certa forma. Além de outras leis que restringem a movimentação de dinheiro e a parte de logística do negócio”, exemplifica Wachsmann.

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O sócio e chefe de gestão da Vitreo lembra que, hoje, existem dois países com a legalização regulamentada: o Uruguai, com 3 milhões de habitantes, e o Canadá, com 37 milhões. Ainda, o México, que tem 127 milhões de habitantes, está em processo de liberação para fins medicinais e uso adulto. No início de março, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto com 316 votos a favor e 129 contra. Agora, a proposta vai para o Senado e, em seguida, deve ser enviada para o presidente Andrés Manuel Lopez Obrador, que já se mostrou a favor.

Para Wachsmann, o processo de legalização vai acontecer como um efeito dominó, a grande questão, no entanto, é com que velocidade. “O tabu que existe com relação ao uso da maconha vai acabar no mundo todo. É como montar um quebra-cabeça: aos poucos ele vai tomando corpo”.

Um estudo realizado pela consultoria especializada BDSA estima uma taxa média de crescimento de 17% ao ano para o mercado mundial de cannabis. Se a projeção for concretizada na prática, a indústria alcançará, em 2026, um faturamento de US$ 55,9 bilhões, conforme mostra o gráfico abaixo:

Segundo o sócio da Vitreo, três fatores influenciam positivamente a evolução do setor no mundo: o movimento de aprovação, a opinião pública e as descobertas da medicina, que já indicaram o uso do produto para tratamento de epilepsia e câncer, por exemplo.

“Quando o país vizinho decide abraçar a causa, outros acabam sendo motivados. Isso acontece nos EUA entre os estados: Nova Jersey aprovou, Nova Iorque foi e fez o mesmo. Além disso, na década de 70, 15% da população americana era a favor da legalização. Em 2015, esse percentual subiu para algo em torno de 40%, enquanto que, hoje, dois terços da população dos EUA aprovam a liberação”, afirma.

A cannabis, conforme Wachsmann, além de ser usada para fins medicinais, também é utilizada para alimentos, cosméticos e até investimentos. No que diz respeito à liberação no Brasil, para ele, o país tem grandes potenciais: pode ser plantador, dado o tamanho geográfico, além de produtor farmacêutico e um mercado consumidor relevante.

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Atualmente, a Vitreo tem dois fundos que investem em ações de empresas ligadas ao setor de cannabis no exterior, o Vitreo Canabidiol FIA e o Vitreo Canabidiol Light FIC FIM.

Wachsmann explica que existe uma limitação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que implica em apenas investidores qualificados poderem aplicar recursos em um produto que investe 100% no exterior. Por isso, o primeiro fundo (Vitreo Canabidiol FIA) é voltado para este perfil de investidor. Como alternativa para os investidores em geral, a Vitreo criou uma opção diluída — o Vitreo Canabidiol Light FIC FIM, que investe 20% nas ações das empresas de cannabis e 80% no CDI, conforme permite a legislação da CVM.

Desde a criação dos fundos, em outubro de 2019, até o dia 31 do mês passado, o Vitreo Canabidiol FIA já teve uma valorização de 106%. E, de janeiro de 2021 até 31 de março, o produto teve um desempenho positivo de 41,37%. Veja no gráfico a seguir:

Ainda de acordo com o sócio da Vitreo, o resultado negativo de março tem a ver com a variação cambial, visto que os fundos têm exposição cambial, e um movimento prejudicial de sobe e desce das ações do setor de cannabis parecido com o caso dos papéis da GameStop. Isso por que, em fevereiro, empresas de cannabis dos EUA dispararam depois que fóruns do Reddit se voltaram para as ações do setor.

Os retornos parecem atrativos, né? Mas, vamos com calma, pois os fundos da Vitreo fecharam para captação ontem, bem no dia primeiro de abril. Parece pegadinha, mas não é.

Segundo Wachsmann, só no dia de fechamento, o Vitreo Canabidiol FIA, que tem mínimo inicial de R$ 5 mil, captou R$ 19 milhões, enquanto o Vitreo Canabidiol Light FIC FIM, com valor inicial de R$ 1 mil, captou R$ 5 milhões. Com as novas entradas, os patrimônios líquidos dos fundos vão passar de R$ 230 milhões e R$ 50 milhões, respectivamente.

A notícia boa é que a reabertura deve acontecer em meados de maio. Além disso, o fundo disponível para investidores em geral vai voltar 100% exposto à tese do investimento em cannabis. “Por meio de um derivativo aqui no Brasil que replica o investimento no exterior, nós vamos conseguir fazer com que o público geral tenha acesso total ao mercado de cannabis”, afirma o sócio da Vitreo.

Depois da Vitreo, a XP também lançou um fundo de investimento que replica ETF (fundo de índice negociado em bolsa) de cannabis no exterior. Pela corretora, é possível investir no Trend Cannabis FIM, que acompanha a variação do ETF MG Alternative Harvest, negociado na bolsa de valores de Nova Iorque, e tem aplicação mínima de R$ 500.

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#PraCegoVer: fotografia em vista superior de um leque de notas de R$ 50 e sobre estas, ao centro, uma nota de R$ 100, com alguns buds secos de maconha na base. Foto das notas: Shutterstock. Montagem: Smoke Buddies.

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Sobre Smoke Buddies

A Smoke Buddies é a sua referência sobre maconha no Brasil e no mundo. Aperte e fique por dentro do que acontece no Mundo da Maconha. http://www.smokebuddies.com.br
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