Atleta olímpico derrubado por uso de maconha volta aos holofotes

Fotografia em primeiro plano de Ross Rebagliati (à direita na foto) segurando um feixe de ramos de maconha secos ao lado de um cultivo indoor com várias plantas de maconha. Olímpico.

Com a legalização da maconha no Canadá, Ross Rebagliati, ganhador da primeira medalha de ouro no snowboard olímpico, lança produtos ligados à planta. As informações são do NYT, via Estadão.

Ross Rebagliati, pioneiro do snowboard olímpico, guarda sua medalha de ouro num armário velho em seu modesto lar, ao lado de um cinzeiro onde ele mantém a chave do carro e um envelope plástico contendo maconha.

“Eu a mantenho aí porque só me trouxe infelicidade”, disse Rebagliati, com certo saudosismo. Estava fumando o quarto baseado do dia.

Vinte anos atrás, quando tinha 26, Rebagliati alcançou fama mundial – e infâmia – depois de ganhar uma medalha de ouro pelo Canadá na modalidade slalom gigante dos Jogos Olímpicos de Inverno de Nagano, Japão, em 1998. Mas o sonho olímpico implodiu em seguida quando um exame revelou a presença de maconha, o que lhe custou a medalha. Logo, ele se viu numa cela japonesa, acusado de importar uma substância controlada.

Rebagliati protestou dizendo que não tinha fumado maconha nos 10 meses que antecederam os jogos, e a quantidade minúscula de THC (ingrediente psicoativo da maconha) detectada seria resíduo da fumaça inalada passivamente em festas.

O título lhe foi devolvido sem cerimônia após um “inferno” de 36 horas, com base no fato de a maconha não estar na lista de substâncias proibidas da competição. Mas para Rebagliati, o estrago foi irreversível. Ele nunca conseguiu fazer a carreira decolar.

“Na época, a maconha era vista como coisa de perdedores e drogados preguiçosos”, lembrou ele.

Agora, aos 47 anos, Rebagliati leva uma vida tranquila em Kelowna, cidade montanhosa na Colúmbia Britânica, com sua segunda mulher, Ali, professora de ioga, e os dois filhos pequenos, Rosie, 6 anos, e Rocco, 3. Tem também um filho do primeiro casamento, Ryan, de 9 anos.

Rebagliati espera que a aprovação da legalização da maconha no Canadá, decidida em outubro, possa lhe ajudar a colocar um ponto final nesse passado e, quem sabe, encontrar oportunidades de negócios. Encorajado pelo fim da proibição à erva, ele lançou recentemente a Legacy, nova marca de estilo de vida ligada à maconha, em parceria com a CRX, empresa de saúde e produtos de maconha com sede em Calgary. Ele planeja oferecer artigos como loções faciais derivadas da maconha, kits de cultivo da cannabis e esquis e snowboards com o selo Ross Rebagliati.

“Finalmente, estou construindo um legado a partir do histórico com a maconha”, disse ele, explicando o nome da empresa.

O episódio de Nagano se tornou um fardo pesado demais em 2012, quando ele quis levar a filha recém-nascida, Rosie, para visitar a avó na Califórnia, mas foi impedido de cruzar a fronteira do estado de Washington por causa de sua associação com a Cannabis.

“Pensei: se o ocorrido durante as olimpíadas vai me deixar no ostracismo, o melhor é aceitar e tentar tirar algo positivo disso”, disse.

Um ano mais tarde, ele fundou a Ross’ Gold, uma empresa de cannabis. Mas os negócios faliram, em parte por causa do status ilegal da maconha. Hoje, Rebagliati joga golfe, pilota carros velozes, e cultiva variedades premiadas de maconha em seu quintal. Não anda mais de snowboard: atualmente, prefere o esqui. E disse que, por enquanto, a medalha de ouro vai continuar no armário.

“Talvez, se as coisas mudarem, eu me anime a pendurá-la na parede. Não tenho planos de pendurá-la”, comentou.

Leia também: Bob Burnquist quer legalização da maconha e venderá produtos com a planta para aliviar a dor

#PraCegoVer: fotografia (capa) em primeiro plano de Ross Rebagliati (à direita na foto) segurando um feixe de ramos de maconha secos ao lado de um cultivo indoor com várias plantas de maconha. Créditos da foto: USA Today.

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