Agricultores lançam campanha de desobediência civil pela legalização do cânhamo no Reino Unido

Fotografia mostra duas plantas de cânhamo em período vegetativo crescendo junto a margaridas, e um fundo de vegetação embaçado. Imagem: Pixabay / NickyPe.

Os ativistas estão organizando um plantio em massa na cidade inglesa de Bristol, em protesto contra as rígidas leis que impedem a entrada dos agricultores no mercado do cânhamo

Um coletivo de agricultores no Reino Unido lançou uma campanha de desobediência civil que incentiva as pessoas a cultivarem cânhamo sem licença.

A campanha do Liberate Hemp visa superar o regime regulatório restritivo imposto pela lei britânica e liberar os benefícios do cânhamo “para o bem de toda a vida na Terra”.

O grupo de ativistas se reuniu recentemente em uma antiga fazenda de cânhamo conhecida como Hempen para organizar a campanha e angariar fundos. O evento também serviu como oficina de cultivo, onde os convidados aprenderam a semear suas próprias plantas de cânhamo.

No evento de semeadura, as pessoas também foram incitadas a colocar em prática o que aprenderam, cultivando cânhamo em suas casas, bem como a participar de um plantio de cânhamo em massa programado para ocorrer em Bristol, na Inglaterra, em 18 de junho.

O Liberate Hemp está incentivando as pessoas a cultivarem cânhamo abertamente em casa, e pedindo para que fixem placas em seus jardins e façam postagens nas mídias sociais explicando as motivações pessoais para a ação e pedindo a legalização do cultivo da planta.

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A campanha para legalizar o cultivo de cânhamo visa aumentar a quantidade de culturas cultivadas por agricultores do Reino Unido para uso como alimentos, produtos de CBD e materiais de construção.

Um relatório da organização de defesa Volteface divulgado em dezembro estima que somente o mercado de cannabis medicinal do Reino Unido pode valer até £ 1,2 bilhão (R$ 8,9 bilhões), e gerar quase 60 mil empregos.

O plantio de cânhamo é ilegal no Reino Unido sob o Ato de Uso Indevido de Drogas de 1971. Entretanto os agricultores podem obter uma licença de cânhamo industrial limitada à produção de sementes e fibras, após um custoso e burocrático processo.

“O regime de licenciamento torna muito difícil cultivá-lo e produzi-lo aqui. Em vez disso, o governo parece querer que importemos de lugares com políticas de apoio ao cânhamo, como Suíça, França e China”, disse Zena Winterbottom, ex-diretora da Hempen, em um comunicado da campanha.

A Hempen é uma cooperativa de cânhamo localizada no distrito inglês de South Oxfordshire. Os trabalhadores produziam uma variedade de produtos derivados da planta até serem obrigados a destruir toda sua colheita em 2019, quando o governo britânico cancelou sua licença. Eles estimaram a perda em £ 2,4 milhões (R$ 14,3 milhões).

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No ano passado, a Hempen fez um apelo público para que os produtores de cânhamo do Reino Unido se rebelassem contra as rígidas leis do Reino Unido.

Atualmente a cooperativa trabalha auxiliando agricultores de cânhamo orgânico no cultivo e desenvolvimento de sua colheita. A fazenda também foi homenageada como um santuário para refugiados no início deste ano por seu programa de assistência a imigrantes.

O coletivo alerta em sua campanha que no Reino Unido o cânhamo é regulamentado de forma tão rigorosa quanto as variedades de cannabis que possuem alto teor de THC. Os agricultores devem obter uma autorização da unidade de Drogas e Armas de Fogo do Ministério do Interior britânico para receberem uma licença de cânhamo.

O grupo também observa na campanha que a agricultura de cânhamo sequestra cinco vezes mais carbono do que a mesma área em árvores, reconstrói solos esgotados, além de ser uma alternativa mais sustentável ao algodão e polímeros e uma fonte vegetal de ômegas, proteínas e fibras.

“O cânhamo é muito importante para a saúde da nação, a saúde de nossas comunidades e a saúde de nosso planeta, para esperar que o governo explique por que criminalizou o cultivo”, defende Winterbottom. “Como movimento, podemos fazer coisas que as empresas não podem. Um processo contra um será considerado um processo contra todos e garantiremos que eles justifiquem isso dentro e fora do tribunal”.

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#PraTodosVerem: fotografia mostra duas plantas de cannabis em período vegetativo crescendo junto a margaridas, e um fundo de vegetação embaçado. Imagem: Pixabay / NickyPe.

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