Ativistas fazem manifestação pela legalização da maconha em Berlim

Fotografia mostra uma multidão nas ruas de Berlim segurando placas e cartazes com desenhos da folha da maconha e mensagens pedindo pela legalização. Foto: Carsten Koall / dpa.

Mais de mil pessoas se reuniram na capital alemã para marcar o 420, a celebração anual da cannabis, e exigir a legalização da planta

Na tarde dessa quarta-feira (20/4), pelo menos 1.400 manifestantes pró-legalização se reuniram em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, para instar o governo alemão a avançar com seus planos de legalizar a maconha.

Os participantes do ato marcharam até a sede do Partido Social-Democrata, que junto ao Partido Verde e o Partido Liberal Democrata forma a coalizão do novo governo alemão. O acordo estabelecido entre as legendas prevê a legalização do consumo e venda de cannabis no país.

Foto mostra a cabeça de um homem que carrega uma placa com as palavras "Não é crime", em alemão, e o desenho de uma folha de maconha, enquanto participa da manifestação pela legalização da maconha, em Berlim. Imagem: Reuters.

#PraTodosVerem: foto mostra a cabeça de um homem que carrega uma placa com as palavras “Não é crime”, em alemão, e o desenho de uma folha de maconha, enquanto participa da manifestação pela legalização da maconha, em Berlim. Imagem: Reuters.

A manifestação foi composta por ativistas, rappers, ex-policiais, pessoas que usam maconha para tratamentos médicos e vários pequenos empresários que aproveitaram a oportunidade para promover produtos cannabis-friendly, de cânhamo ecológico e acendedores de cera de abelha até kits completos de cultivo de cannabis, segundo informou a DW.

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De acordo com o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, mais de 4 milhões de pessoas usam maconha regularmente na Alemanha.

O acordo de coalizão apresentado pelo governo do chanceler Olaf Scholz em novembro foi claro sobre seus compromissos.

A regulamentação da venda e distribuição de maconha para uso adulto permitirá “garantir a qualidade, evitar a proliferação de substâncias impuras e garantir a proteção da juventude”, afirma a coalizão. A cannabis é liberada para uso medicinal na Alemanha desde 2017.

Berlin

#PraTodosVerem: fotografia mostra uma pessoa fumando um baseado durante a manifestação pela legalização da cannabis, ao lado de um participante vestido com uma fantasia de chama. Foto: Carsten Koall / dpa.

O relatório produzido por um grupo de trabalho criado pelos três partidos diz ainda que o plano inclui observar após quatro anos da aprovação da legislação qual foi seu impacto social.

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Contudo, até agora não houve nenhuma palavra ou cronograma sobre quando as lojas legais de maconha poderiam ser abertas, e os ativistas pró-cannabis estão ficando impacientes.

“Tudo o que eles precisam fazer é assinar”, disse Martin Montana, vestido com um terno decorado da cabeça aos pés com folhas de maconha verde fluorescente. “O importante é proteger os jovens, garantir que não seja distribuído nos pátios das escolas — tudo isso é lógico, assim como com o álcool”.

Deutschland | Code 420 Demonstration in Berlin

#PraTodosVerem: foto do ex-soldado Martin Montana, usando terno e gravata pretos com estampas da folha de maconha verdes e abraçado a uma pessoa vestida de preto que segura uma câmera, durante a manifestação em Berlim.

Montana é um ex-soldado que disse ter usado cannabis para lidar com os sintomas do transtorno de estresse pós-traumático. “Preciso disso para controlar meus ‘flashbacks’ e, nos últimos 20 anos, consegui fazer isso. Eu só quero fazer isso de forma pacífica e legal”.

O novo governo de coalizão também quer ampliar modelos de redução de danos, que incluem testes de verificação de drogas em que usuários podem ter substâncias adquiridas ilegalmente verificadas quanto à sua composição química e serem alertados ​​sobre ingredientes perigosos.

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Enquanto isso, duas organizações pró-legalização, a German Hemp Association (DHV) e a Network for Legalization, criaram um sistema on-line — baseado em estatísticas criminais e um estudo da DHV sobre a receita fiscal potencial da cannabis legalizada — que conta o número estimado de processos criminais “relacionados ao consumo” e os impostos perdidos estimados a cada segundo que o governo não introduz a venda legal de maconha. Em 20 de abril, o sistema apontava mais de 68.000 processos e mais de € 1,7 bilhão (R$ 8,5 bilhões).

Dia Mundial da Cannabis em Berlim

#PraTodosVerem: fotografia mostra uma pessoa vestida com fantasia de folha da maconha entre ativistas, em frente ao Portão de Brandenburgo, em Berlim. Reuters.

Um estudo publicado no ano passado pela Universidade Heinrich Heine em Düsseldorf calculou que a legalização da cannabis pode render às autoridades fiscais da Alemanha um total de mais de 4,7 bilhões de euros (R$ 23,5 bi) por ano por meio de receitas fiscais adicionais e contribuições para a segurança social, bem como economias na aplicação da lei e na justiça.

Outro orador de destaque na manifestação dessa quarta-feira, segundo a DW, foi Hubert Wimber, ex-presidente da polícia na cidade de Münster e agora chefe do braço alemão da Law Enforcement Against Prohibition, uma organização de agentes da lei que atuam contra a proibição das drogas.

Wimber disse que a descriminalização foi apenas um passo inicial. “Trata-se de criar um mercado regulamentado com o objetivo de retroceder e, finalmente, destruir o mercado ilícito”, disse ele. “Isso é o que todos nós queremos como consumidores: um mercado transparente com critérios razoáveis para ingredientes ativos e regras concretas de proteção aos jovens. Eu sei pela minha experiência que os mercados criminosos não protegem os jovens de forma alguma.”

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#PraTodosVerem: fotografia mostra uma multidão nas ruas de Berlim segurando placas e cartazes com desenhos da folha da maconha e mensagens pedindo pela legalização. Foto: Carsten Koall / dpa.

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