Astronauta aposentado fala sobre missão para cultivar maconha no espaço

Imagem mostra um astronauta andando sobre o solo da Lua e, na parte superior esquerda do quadro, o planeta Terra. O horizonte do satélite contrasta com o céu escuro. Crédito: Tumisu / Pixabay.

Existe a capacidade potencial de valiosos canabinoides menores serem cultivados em quantidades significativamente maiores no espaço

O turismo espacial, a queda vertiginosa dos custos de lançamento de viajantes em órbita e os avanços contínuos no campo da tecnologia aeroespacial vêm abrindo cada vez mais o leque de possibilidades das viagens espaciais para além de experimentos voltados a aprofundar a compreensão do universo.

Uma das possibilidades levantadas pelo turismo espacial é o cultivo e uso de canabinoides no espaço sideral.

O astronauta canadense aposentado Chris Hadfield, que ingressou recentemente no conselho de consultores da BioHarvest Sciences, uma empresa de biotecnologia que trabalha com cannabis medicinal, falou ao Futurism sobre uma nova maneira de cultivar tricomas usando biorreatores.

“Na verdade, está replicando o processo natural de crescimento da parte que é útil para nós, mas sem a planta inteira”, explicou Hadfield.

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Isso significa que, em vez de desperdiçar recursos em água, pesticidas e outros recursos necessários para o cultivo da planta, os biorreatores poderiam permitir que futuros astronautas fossem direto ao ponto, produzindo a “pequena parte ativa que você está realmente tentando cultivar”.

Vemos a capacidade potencial para os valiosos canabinoides menores serem cultivados em quantidades significativamente maiores [no espaço] em comparação com seu cultivo na Terra”, disse Ilan Sobel, CEO da BioHarvest.

Em outras palavras, o cultivo de tricomas tem um potencial produtivo muito maior no espaço, onde o ambiente de microgravidade das estações espaciais permitiria produzir muito mais canabinoides como o THC do que na Terra.

E isso seria ótimo para futuras colônias siderais que desejassem usar maconha. Mas, segundo Hadfield, para os astronautas que estão no espaço a trabalho essa possibilidade não é uma boa ideia.

“Na estação espacial, se houver uma emergência, você é o corpo de bombeiros”, explicou o astronauta. “Você não pode estar embriagado ou bêbado ou qualquer outra coisa, porque se algo der errado você vai morrer.”

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Todavia, no dia em que o espaço se tornar um ambiente estável o suficiente, os astronautas talvez possam usar sua cannabis e relaxar.

Quando a população ficar grande o suficiente, quando você chegar a uma situação estável o suficiente, as pessoas vão querer, você sabe, uma bebida”, disse Hadfield. “As pessoas vão querer um pouco de maconha.”

O astronauta também disse ao Futurism que os canabinoides são apenas “uma das coisas que cultivamos”, e o que realmente o atraiu para a BioHarvest “foi a escalabilidade da plataforma de biotecnologia e como ela pode resolver muitos dos problemas agrícolas que enfrentamos ao alimentar 10 bilhões de pessoas”.

Hadfield voou no ônibus espacial da NASA e na Soyuz russa, além de passar um tempo na estação espacial russa Mir e na Estação Espacial Internacional. Ele é extremamente tranquilo, tendo se tornado uma sensação nas redes sociais postando fotos e vídeos da vida na ISS.

O astronauta canadense também se tornou muito popular na internet depois que um meme com sua foto photoshopada segurando um grande saco de maconha no espaço viralizou — a imagem original mostrava Hadfield segurando um saco com ovos de páscoa.

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Voltando ao cultivo de maconha sideral, não é a primeira vez que a ideia de plantar cannabis no espaço brota em mentes engenhosas.

Em 2018, a startup estadunidense Space Tango anunciou que pretendia enviar sementes de maconha ao espaço a fim de testar o cultivo da planta em ambiente de zero gravidade, e determinar a possibilidade de serem criadas variedades mais eficazes para o uso medicinal.

“Ao usar a microgravidade, nós criamos a visão de um futuro onde muitas das próximas grandes descobertas nas áreas de saúde, biologia vegetal e tecnologia podem muito bem ocorrer fora do planeta Terra”, disse o cofundador da Space Tango, Kris Kimel.

A Space Tango é especializada em desenvolver minilaboratórios em contêineres miniaturizados para pesquisas conduzidas na Estação Espacial Internacional.

Enquanto isso, em março de 2019, centenas de culturas de cannabis e de café foram enviadas à ISS pela Front Range Biosciences (FRB) em um foguete SpaceX de Elon Musk.

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As culturas foram mantidas em micro-habitats feitos especialmente dentro de uma incubadora com temperatura regulada, e cresceram em gravidade zero, sob constante observação da BioServe Space Technologies da Universidade do Colorado em Boulder

Os astronautas dos EUA cuidaram das plantas de maconha e café por 30 dias — os primeiros de seus gêneros (Cannabis sativa e Coffea, respectivamente) a crescer 40 quilômetros acima da Terra.

Após esse período, as então mudas de plantas voltaram à Terra em uma cápsula Space Dragon.

O experimento e a análise genética subsequente produziram dados valiosos em vários níveis, segundo o cofundador e CEO da FRB Dr. Jonathan Vaught.

“Na Terra, as plantas estão constantemente trabalhando para desafiar a gravidade para se elevar acima do solo, mas como não estavam utilizando essa energia em condições de gravidade zero, pudemos observar onde as diferentes mudanças biológicas começaram a ocorrer”, disse Vaught. “Os resultados da pesquisa podem ajudar produtores e cientistas a identificar novas variedades ou expressões químicas na planta”.

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#PraTodosVerem: imagem mostra um astronauta andando sobre o solo da Lua e, na parte superior esquerda do quadro, o planeta Terra. O horizonte do satélite contrasta com o céu escuro. Crédito: Tumisu / Pixabay.

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