Ansiedade em tempos de quarentena e o papel da cannabis medicinal

#PraCegoVer: em destaque, fotografia de uma pessoa que está vestida com uma blusa de jeans e sacudindo a cabeça para os lados com os cabelos tampando a sua face, e, logo atrás, uma parede branca. No canto inferior direito a logo da Clínica Gravital, na cor branca. Foto: Unsplash.

O psiquiatra Pietro Vanni, diretor técnico da Clínica Gravital, fala sobre ansiedade em tempos de isolamento social e o papel que o canabidiol pode ter nesse momento. Confira o artigo de opinião do Dr. Vanni, na íntegra, a seguir

Esse momento é um momento delicado, de incerteza e de medo do risco à própria integridade e às de pessoas próximas. Medo do desemprego e da falência do sistema econômico atual. Especialistas dizem que é a maior dificuldade que a raça humana vai passar desde a Segunda Guerra Mundial.

Somente isso já seria motivo para desespero. Agora junto a essa equação, temos o desafio da quarentena, o viver em isolamento social. E para um animal racional tão social quanto nós, esse isolamento pode ser muito complicado, principalmente para a manutenção da nossa saúde mental. Além disso, nós não deixamos somente de conviver com os outros, mas também nos movimentamos menos, não saímos ao ar livre, não vemos a natureza, nos alimentamos mal, ficamos sedentários e por aí vai… E tudo isso gera um impacto tanto no nosso corpo quanto na nossa mente.

Estamos ainda no começo, e eu duvido que ninguém tenha tido sentimentos de desamparo, desesperança, momentos de ansiedade ou inquietação. São reações normais em frente a esse estresse todo.

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Como podemos combater esse mal-estar? Se alimentar bem, fazer exercício, meditar, ter 8 horas de sono? Na verdade essas orientações sempre existiram, nunca vão mudar e sempre foram difíceis de seguir à risca. Talvez agora, com mais tempo de sobra, a gente consiga dedicar mais tempo à nossa saúde. Só que a gente está em casa, isolado, com pouca motivação (nem todos tem uma casa confortável, com espaço) e sem alimentação e atividades adequadas. Enfim, então o que poderia ajudar nesse processo todo?

Todos nós temos uma capacidade de resiliência. Uns mais, outros menos. Pra muita gente, passar por essa quarentena não trará grandes problemas. Vai ser difícil, obviamente, mas não será o suficiente pra causar transtornos mais graves. No entanto, para outras pessoas, toda essa conjuntura estressante pode desencadear um transtorno de ansiedade. Ansiedade todos temos em algum grau, e é natural termos mais neste momento, mas quando usamos a palavra transtorno, quer dizer que essa ansiedade está interferindo substancialmente em diversos aspectos da vida da pessoa. A gente define isso como perda da funcionalidade, que é literalmente a diminuição da capacidade de exercer funções. Neste caso a situação é mais complicada, muitas vezes o transtorno se retroalimenta e pode virar uma bola de neve. Isso sem falar em quem já tinha um transtorno e o terá agravado.

Em que a psiquiatria e o canabidiol podem ajudar? Obviamente que cada caso é um caso e deve ser avaliado com suas particularidades e não existe tratamento único pra todos. No entanto, na psiquiatria temos certas diretrizes e, no caso da ansiedade, a primeira linha de tratamento são os antidepressivos da classe de inibidores de receptação de serotonina, e para os momentos de agudização da ansiedade, as crises, usa-se os benzodiazepínicos — aqueles famosos que muita gente usa pra dormir, Rivotril, Frontal. Eles funcionam muito bem no momento de crise, porém devem ser usados com cautela e ter o uso contínuo evitado devido ao potencial de dependência e efeitos colaterais.

Os antidepressivos têm uma eficácia muito boa e funcionam nitidamente melhor para ansiedade do que para depressão, apesar de seu nome. Como curiosidade, os benzodiazepínicos surgiram antes dos inibidores de receptação e foram chamados de ansiolíticos, por isso esse nome já estava tomado. Esses inibidores, apesar de funcionarem muito bem, têm um tempo até agirem, que fica entre 2 a 4 semanas após o início do tratamento. Nessas semanas iniciais é comum ter efeitos colaterais, como tonteiras e desconforto intestinal, e paradoxalmente a ansiedade pode aumentar. Por isso é comum, no início do tratamento da ansiedade, prescrever os benzodiazepínicos associados, que depois dessas 2 a 4 semanas serão retirados. Além disso, os inibidores seletivos em sua grande maioria têm um efeito importante na redução da libido, que é a queixa mais comum dos pacientes sexualmente ativos.

CBD no tratamento

E onde entra o canabidiol nessa história? O canabidiol — CBD — é uma molécula produzida pela cannabis que tem suas funções medicinais sendo estudadas há algumas décadas, porém nessa última teve um “boom” nessas pesquisas e dentre as diversas aplicações médicas uma que tem chamado muita atenção é a do tratamento da ansiedade.

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Já são diversos artigos e pesquisas que mostram a melhora de sintomas ansiosos com o uso do canabidiol, e na minha prática clínica tenho tido ótimos resultados. Sem me postergar aqui explicando o mecanismo de ação, porque é um pouco complexo e me levaria tempo, é bem claro que um dos efeitos do canabidiol no organismo é de relaxamento. Mas não é um relaxamento sedativo igual a de outros medicamentos, como os benzodiazepínicos que falei acima. Na verdade, devido ao mecanismo diferenciado, o CBD de certa forma evita a hiperexcitação do organismo. Então, se acontece uma situação estressante, esta não consegue causar as reações de estresse no organismo de forma exagerada. Logo, a pessoa fica menos reativa e mais calma, e consequentemente consegue se organizar melhor em suas atividades.

Outra coisa interessante sobre o uso do canabidiol é a praticamente ausência de efeitos colaterais. O CBD não é tóxico e pode ser usado com altas doses sem risco físico algum. O único efeito colateral que se conhece é que, se tomado em uma dose exagerada, o paciente pode ter um forte relaxamento e isso pode dar sono e alguma indisposição. Porém, em doses adequadas isso não acontece. Então, temos uma forma de tratar a ansiedade praticamente livre de efeitos colaterais e de riscos, com uma ótima tolerabilidade e uma eficácia importante. Lembrando que não estou propondo o tratamento de transtornos graves de ansiedade somente com o canabidiol, pois como disse, temos que avaliar caso a caso. De qualquer forma, é uma alternativa extremamente segura e com alto potencial de resultado, principalmente nessa atual conjuntura, que queremos a melhora do bem-estar com o mínimo de riscos à saúde. Além disso, todo o processo desde a consulta e obtenção do CBD pode ser feito de forma virtual, segundo as novas normas do ministério da saúde, e o paciente recebe o medicamento em casa.

Para finalizar, em relação à pandemia do Covid-19, muitos devem estar com dúvidas em relação à doença e o uso do canabidiol. Até hoje não há estudo algum que encontre alguma influência tanto do CBD quanto da cannabis na propensão de contrair o coronavírus nem na recuperação de doentes. Como o canabidiol é utilizado em forma de óleo sublingual, não há efeitos pulmonares. Além disso, sabe-se que nossa imunidade está muito atrelada ao nosso bem-estar. Então, é importante que cuidemos dele para estarmos com a imunidade preservada num momento tão crítico como este.

Para mais informações, acesse o site da Clínica Gravital ou as páginas nas redes sociais (Instagram / Facebook).

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