Por que algumas pessoas não ficam chapadas em sua primeira vez com a maconha?

Você se lembra da primeira vez que fumou um baseado? Para muitas pessoas, esta estreia com a cannabis é uma experiência decepcionante e nada acontece. E isso é mais comum do que imaginam. Para desmitificar o assunto, algumas teorias foram levantadas.

Para muitos, a primeira experiência com maconha foi memorável. Para outros, simplesmente nada aconteceu. Para explicar isso, várias teorias do que pode ter rolado foram levantadas e são bem interessantes. O site Green Flower convidou o Dr. Ethan Russo, médico e cientista de canabinoide, para participar da discussão. Antes, vamos começar pelos motivos óbvios:

Será que algumas pessoas simplesmente não tragam direito?

Algumas pessoas nunca tiveram uma experiência com cigarro ou algo parecido, então não sabem tragar e não é para todos que o conceito de puxar e prender a fumaça vem naturalmente. Às vezes, até mesmo para quem já fumou cigarro, fumar um beck é um pouco diferente. Com o tabaco, o ideal é dar um ‘traguinho’ de leve e rapidamente soltar a fumaça. Mas com maconha é um pouco diferente. Não é nenhum segredo que quanto maior e mais longo o trago for o efeito bate mais forte.

Apesar dessa ser uma boa — e óbvia — explicação, pode ser mais complicado que isso. Algumas pessoas afirmam não sentir nada mesmo depois de comer os famosos space cakes ou até mesmo depois de fumar num bong.

Por outro lado, tem aqueles sortudos que mesmo ser dar um trago direito, já ficam superchapados de primeira e amam a experiência desde o início. Já que com isso não explicamos nada (rs), vamos para outra possibilidade.

 

Será que o cérebro simplesmente não reconhece que está chapado?

Isso é bem mais lógico e provável: da primeira vez, a experiência pode não ser tão familiar para o cérebro e ele simplesmente não reconhece a ‘brisa’.

Pode parecer um pouco estranho, e até mesmo ridículo, mas tem muita lógica nesse pensamento. Afinal, consciência é subjetivo — assim como a percepção de que há alteração do estado da mente também é.

Outro fato que concretiza esse pensamento é o de que o mesmo acontece com outras drogas, como LSD, cogumelos e até mesmo a cocaína. Dado que todas essas substâncias têm diferentes mecanismos de ação, é possível que o efeito seja mais psicológico do que físico.

Com isso, é possível que a maconha só comece a bater em algumas pessoas depois de algumas vezes fumando, já que o cérebro precisa se acostumar e aprender a reconhecer seus efeitos. Ainda tá confuso? Respondendo a questão, Dr. Ethan Russo vai te dar uma luz.

Ele afirma que “muitos fumantes iniciantes sentem-se confusos com os efeitos da maconha no inicio, mas depois, quando o cérebro começa a reconhecer aquele estado, passam a apreciar os efeitos dela”. Sim, então talvez o simples fato de não haver o reconhecimento da maconha de inicio seja o motivo do porquê de alguns não sentirem nada da primeira vez.

Mas ainda há outro fator a ser considerado. Se liga!

Talvez o cérebro simplesmente não consiga ficar “chapado” de primeira!

cérebro-artigo-porque-não-fica-chapados-quando-fumam-maconha-smoke-buddiesEste conceito é interessante. A habilidade de ficar chapado depende da disponibilidade dos receptores de canabinoide no cérebro, que são os responsáveis por  receber e identificar o THC, um dos ingredientes psicoativos da maconha responsáveis por seus efeitos subjetivos. Mais especificamente, o estado ‘chapado’ requer receptores CB1, que vinculam o THC e seu efeito.

São muitas as possibilidades sobre o porquê de um individuo ter falhas nos receptores CB1. Aparentemente, a presença de compostos como medicamentos, suplementos de dieta e até mesmo outras drogas pode diminuir a densidade dos receptores.

Existe um estudo que mostra que a densidade dos receptores CB1 é reduzida em áreas específicas do cérebro quando certos hormônios estão presentes. Neste caso, o estudo investigou o hormônio esteroide conhecido como glicocorticoide, que está presente em vários tratamentos, como o de asma, alergias e inflamações.

Apesar da possibilidade de haver algo de errado com esses tais receptores, isso é facilmente revertido após o uso contínuo da cannabis. Outro estudo também mostra que os receptores CB1 tiveram um “aumento drástico” quando expostos à THC por 48 horas.

Dr. Russo afirma que “pequenas doses de THC podem dar a partida inicial no sistema endocanabinóide, que se tornará cada vez mas sensível”. Então, aparentemente, é assim que você cura a falta de brisa, processo também conhecido como “tolerância reversa”, quando o usuário de maconha torna-se mais sensível com o passar do tempo.

Então se isso acontece com você ou com alguma pessoa que você conheça, já sabe: se não bateu da primeira vez, é só insistir que uma hora bate. Para Luana, de 23 anos e leitora do Smoke Buddies, foi bem assim que aconteceu. No começo, não sentiu nada e depois, quando sentiu, ficou na bad: “No começo, fiquei bem confusa e com medo. Não entendia nada. Depois, fiquei imaginando como seria se meu pai descobrisse e bateu a maior bad. Foi horrível. Até cheguei a pensar que fosse morrer, rs”, diz.

Para outros, sortudos, foi amor à primeira vista, como é o caso da Bárbara e do Rodrigo. “Da primeira vez que fumei, foi um prensado ruim que eu nem considero e nem deu brisa. Mas logo depois, fumei um da flor mesmo e alucinei. Todos os sentimentos e sensações que eu tinha, se intensificavam”, diz Bárbara.

Para o Rodrigo, a brisa foi muito boa também “A primeira vez que eu fumei foi quando encontrei maconha nas coisas do meu primo. Peguei um pedaço escondido e levei pra casa de um parceiro, que bolou pra galera fumar. Ele bolou um beck gigante e todo mundo ficou muito chapado, todos rindo que nem idiotas. Eu me senti leve, dava risada de tudo”.

E pra você? Como foi a primeira vez com nossa querida maconha? Comenta ai sua história que nós, da equipe Smoke Buddies, queremos saber!

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