Adiada votação sobre cannabis medicinal no Senado – uso social é rejeitado

Fotografia mostra senadores de costas, sentados em sala de comissão, ao fundo, e, no foco da imagem, uma folha de maconha de papel verde, sustentada por um palito de madeira. Cannabis medicinal.

O senador Fabiano Contarato (REDE-ES) pediu vistas ao relatório sobre a regulamentação da cannabis medicinal e cânhamo, de autoria de Alessandro Vieira (CDD-SE), que deve voltar à pauta na reunião da próxima quinta-feira (19). Sugestão sobre legalização da maconha para uso adulto, por sua vez, foi votada – e unanimemente rejeitada – pela Comissão de Direitos Humanos do Senado

Quem acordou com a esperança de que o relatório da SUG 6/2016, que cria normas para a cannabis medicinal e o cânhamo no Brasil, fosse aprovado na CDH e passasse a tramitar como projeto de lei no Senado Federal deve ter se frustrado com a reunião desta manhã que, em tese, atrasou, em pelo menos uma semana, a continuidade deste processo. Isso porque, depois de apresentada pelo presidente da comissão, o senador Paulo Paim (PT-RS), na manhã desta quinta (12), a pauta teve votação adiada, já que o senador Fabiano Contarato pediu vistas ao relatório – concedida coletivamente aos senadores.

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Paim, porém, pediu que a votação ocorra na próxima reunião da CDH, agendada para a próxima quinta-feira. “Temos que votar, é parte do processo”, insistiu, dando a entender que o assunto já foi discutido suficientemente pela Comissão.

“O pedido de vistas é pertinente”, defendeu o senador Styvenson Valentim (PODEMOS-RN), que ainda afirmou ser contra o cultivo da cannabis para fins medicinais no Brasil porque, segundo ele, “já existe a forma sintética”.

Ao rebater o argumento do senador dizendo que não deveríamos ser “obrigados a importar a vida toda”, a senadora Zenaide Maia (PROS-RN) atentou para o fato de que as famílias que cultivam para medicar seus filhos cumprem uma função que, simplesmente, “é responsabilidade do Estado”. “A minha preocupação é com os seres humanos. Famílias que têm um dinheirinho e devem estar gastando tudo para plantar, tirar a substância para dar ao seus filhos, quando é um dever do Estado”, completa.

Já o senador Flávio Arns (REDE-PR), que apontou a cannabis medicinal como a “maior revolução da próxima década”, disse que acredita que o Brasil deve ter o “controle de todo o processo“, e usou casos reais para insistir na importância de uma regulamentação rápida para o uso medicinal da planta. “Estamos eliminando o recreativo por completo”, ressalta ele, garantindo que a possibilidade de cultivo no Brasil não se trata de beneficiar consumidores sociais, mas pacientes.

Falando em “recreativo”…

Se, ao que parece, os senadores da CDH não encontram tantas convergências sobre como devem ser as regras para a cannabis medicinal no país, o fato é que há unanimidade em uma posição no plenário: no que depender dos senadores, a legalização da maconha para fins sociais, ou uso adulto, está muito longe de se tornar realidade.

O uso adulto, ou “recreativo”, como se referiram os senadores, foi votado na reunião desta quinta, a partir de uma Sugestão Legislativa, realizada através do e-Cidadania, que pedia a “Legalização da Maconha no Brasil para uso medicinal e recreativo”. E unanimemente vetado.

Para ficar bem claro para quem está assistindo, é uma unanimidade, dessa presidência e do plenário. Nesse caso aqui, não há ninguém falando a favor“, ressaltou o presidente da Comissão.

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Sobre Thaís Ritli

Thaís Ritli é jornalista especializada em cannabis e editora-chefe na Smoke Buddies, onde também escreve perfis, crônicas e outras brisas.
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