A primeira clínica de cannabis medicinal da Índia abre este mês

Enquanto a lei de drogas indiana proíbe as flores e resina da maconha, o cânhamo ou folhas e sementes da cannabis são isentas. Como essas partes das plantas também contêm CBD e THC, isso abre caminho para uma brecha legal. As informações são da VICE

Considerando que as antigas escrituras de Ayurveda da Índia mencionam a maconha e que o país é um dos maiores consumidores de cannabis do mundo, já era hora de darmos um uso útil para a erva. Enquanto maconha medicinal que pode ser comprada com receita está estourando em várias partes do mundo, a Índia não tem o apoio legal para abrir um dispensário de cannabis, mesmo para propósitos puramente medicinais. Mas uma nova clínica que vai abrir em Bangalore está contornando o sistema para lançar a primeira clínica de cannabis medicinal da Índia.

A HempCann Solutions, uma start-up de Odisha, escolheu a cidade de Bangalore para lançar a primeira clínica baseada em pesquisa para cannabis medicinal, que também vai vender comprimidos e óleos da planta no começo de fevereiro de 2020. Sob o nome social Vedi Herbals, a empresa construiu um centro de bem-estar e clínica que pode prescrever comprimidos infundidos de cannabis para tretas como inflamação e ansiedade. “A cannabis é mencionada várias vezes na Ayurveda, que é o sistema médico original da Índia com mais de 5 mil anos”, diz Sourab Agarwal, diretor da HempCann Solutions e fundador da Medicinal Cannabis Foundation of India. “A Índia é o local de nascimento da cannabis e agora é a hora certa de fazer os profissionais de saúde perceberem seu imenso valor terapêutico”. Os remédios que você pode comprar aqui ajudam com inflamação, depressão e até problemas sexuais.

Você pode estar imaginando como isso é possível num país onde a maconha ainda é ilegal sob o Narcotic Drugs and Psychotropic Substances (NDPS) Act. Enquanto o NDPS basicamente proíbe as flores e resina da planta de cannabis, que é o que o usuário bola pra chapar, plantas de cânhamo ou folhas e sementes da planta de cannabis são isentas. Como essas partes das plantas também contêm canabinoides como CBD e THC, a principal substância psicoativa, isso abre caminho para um buraco legal. “As medidas de THC na maioria das plantas de cannabis usadas para fazer pó de cânhamo ou óleos de CBD, encontrados nas partes ocidentais do mundo, geralmente não são mais que 0,3%, mas essa medida pode ser mais alta na Índia, já que a maconha cresce na natureza ou em centros de pesquisa específicos do governo”, disse Aayushman Narayan, o executivo de desenvolvimento de negócios da HempCann, à VICE. Segundo Narayan, isso torna essas cápsulas e óleos de cannabis mais potentes e eficazes que um óleo de CBD ocidental, porque eles contêm um extrato puro com THC, CBD e outros canabinoides para aliviar a dor e curar doenças.

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Outro grande fator na administração regulando esses remédios de cannabis são as antigas práticas indianas da Ayurveda, que usam cannabis para curar praticamente tudo. “Nosso corpo produz canabinoides naturalmente, assim como a cannabis, e essa é a base para usar cannabis como remédio. Então, como a cannabis já está incluída na Ayurveda, ela ganha a ratificação do Ministério de Ayurveda, Ioga e Naturopatia (AYUSH) da Índia”, diz Narayan. Sendo assim, a HempCann recebeu uma licença para distribuir esses remédios com receita, que pode ser dada por médicos de Ayurveda ou através de consultas online.

“Remédios infundidos com cannabis podem ser usados para doenças de estilo de vida como estresse, dor nas costas e febre, até doenças crônicas como anorexia e questões de saúde mental como ansiedade e depressão. Mas, monitoramos a quantidade dada aos pacientes com uma dose mínima para ver como eles respondem e seguimos em frente com base nessa resposta”, diz Narayan. Ele acrescenta que enquanto óleos de CBD podem ser usados para aliviar estresse e cólicas, remédios de cannabis funcionam melhor quando o THC também está presente. “O THC cuida da inflamação e dor, enquanto o CBD age aumentando sua imunidade, assim curando a doença em vez do paciente acabar dependente de uma classe de drogas para funcionar normalmente. Remédios de ervas recomendados por textos tradicionais antigos e validados pelos princípios da ciência moderna não são viciantes e não têm efeitos colaterais”. A companhia chegou aos seus produtos de cannabis depois de cinco anos de pesquisa no campo, mas o centro também tem um laboratório em Bhubaneswar, onde os efeitos desses remédios de cannabis serão testados e estudados para que eles possam ampliar o escopo da distribuição.

Com a guinada dos consumidores para produtos sustentáveis baseados em plantas, a Organização Mundial de Saúde recomendou reenquadrar a cannabis para reconhecer seu valor medicinal, e uma petição para descriminalizar a droga na Índia será entregue ao Tribunal Superior de Delhi em fevereiro, então a nova década pode ser um ponto alto para a indústria de maconha indiana.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia em vista superior que mostra várias mudas de maconha plantadas em vasos pretos quadrados, entrelaçados por mangueiras brancas, e os braços de uma pessoa, com jaleco branco e luvas azuis, que maneja uma das plantas, ao centro. Foto: Bloomberg.

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