Drogas, brigas e genialidade: entenda a história de John Frusciante no Red Hot Chili Peppers

Foto em primeiro plano dos integrantes do Red Hot Chili Peppers, onde Chad Smith aparece vestindo casaco e boina pretos, com os braços cruzados e olhando para baixo, ao lado de John Frusciante, com os olhos cerrados e o cabelo esvoaçado, e entre os dois, logo atrás, Anthony Kiedis, com a mão sobre o ombro de Chad e olhando para Frusciante, que está com parte do corpo encoberta por Flea, vestido com uma camisa verde com detalhes em branco e olhando para baixo; ao fundo, muros em tons de cinza.

Com uma vida pessoal e profissional bastante conturbada por uma difícil batalha contra as drogas, o guitarrista John Frusciante está de volta ao quarteto do RHCP. As informações são da Rolling Stone

No último domingo, 15, o Red Hot Chili Peppers pegou o mundo da música de surpresa com uma notícia improvável, mas extremamente animadora para os fãs da banda: Josh Klinghoffer (integrante do quarteto nos últimos 10 anos) não faz mais parte do grupo, e quem volta para assumir a guitarra é ninguém menos que o próprio John Frusciante.

O guitarrista retorna à formação pela terceira vez, e pode-se dizer que ele tem uma história não apenas importante para a própria carreira como músico, mas também para a evolução do RHCP ao longo dos anos.

Com uma vida pessoal e profissional bastante conturbada e envenenada por uma difícil batalha contra as drogas, a Rolling Stone explica abaixo um pouco dessas idas e vindas de Frusciante entre os integrantes, além de falar um pouco também sobre a carreira solo do artista, marcada por uma sonoridade única e experimental.

Entre 1988 e 1992: entrada no RHCP e a primeira saída

Frusciante entrou para o RHCP em 1988, depois do guitarrista Hillel Slovak morrer de overdose de heroína. Após essa perda, Flea e Kiedis chamaram DeWayne “Blackbyrd” McKnight (ex-integrante do P-Funk) para se juntar à banda, mas a união durou pouco, graças a uma persistente falta de conexão musical com os integrantes.

E foi aí que Frusciante entrou em cena, chamado para fazer um teste pelo próprio baixista do grupo, com quem o guitarrista já havia tido contato anteriormente. Durante esse período de quatro anos, eles gravaram dois álbuns: Mother’s Milk (1989) e Blood Sugar Sex Magik (1991).

Como já era fã da banda e também um estudioso dedicado da guitarra, durante a gravação desse primeiro, Frusciante buscou replicar o estilo de Slovak, e isso gerou, entre ele e Michael Beinhorn (produtor), uma discussão decisiva para a contribuição musical dele às composições que se seguiram. Beinhorn não concordava com essa decisão da cópia estilística, e insistiu para que o músico colocasse nas canções seu estilo pessoal de tocar.

Em seguida, foi, de certa forma, o enorme sucesso de Blood Sugar Sex Magik que o fez sair da banda. No ano do lançamento, o disco chegou à terceira posição do ranking da Billboard, já vendeu até hoje mais de 13 milhões de cópias e foi responsável por alavancar de forma inédita o sucesso do RHCP.

Infelizmente, não era isso que Frusciante tinha em mente quando se juntou à banda. Ele não ficou satisfeito com essa crescente popularidade, e começou a constantemente entrar em brigas feias com o vocalista após os shows. Até que, por fim, em maio de 1992, o guitarrista deixou pela primeira vez o grupo, e foi substituído por Dave Navarro, ex-integrante do Jane’s Addiction.

Entre 1998 e 2009: retorno à banda e segunda saída

Depois de mais de cinco anos vivendo uma vida de vício profundo em álcool, heroína e crack, período no qual manteve amizade com Johnny Depp e River Phoenix (irmão de Joaquin Phoenix que morreu de uma overdose em 1993), Frusciante, apoiado pelo amigo e também compositor Bob Forrest, se internou, no começo de 1998, na clínica de reabilitação Las Encinas.

Ao longo da internação, que surpreendentemente durou apenas 1 mês, o estado dele era tão grave, que foi diagnosticado com uma possível infecção oral letal, prevenida apenas após a remoção de todos os dentes podres que tinha cultivado, e a troca deles por implantes.

A chegada da sobriedade pareceu trazer consigo uma maré de coisas boas para o guitarrista. Nessa época, Dave Navarro havia sido demitido do Red Hot Chili Peppers, o que abalou a banda e deixou-a à beira de um término definitivo. Mas, novamente com uma sugestão de Flea, o grupo decidiu propor um retorno ao músico, que aceitou sem pensar duas vezes.

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E o que surgiu dessa volta do guitarrista foram nada menos que os discos icônicos Californication (1999) e, três anos depois, By The Way, responsáveis por clássicos absolutos como as respectivas faixas homônimas, além de “Scar Tissue”, “Road Trippin'”, “Can’t Stop” e “The Zephyr Song”.

Foi em 2005 que o quarteto entrou em estúdio para gravar o álbum duplo Stadium Arcadium (aquele que seria o quinto e último com a participação do guitarrista). Foi nesse trabalho que Frusciante expandiu a sonoridade característica que já havia consolidado, a partir de uma maior experimentação em métodos de gravação e uso de efeitos na guitarra. Além disso, no disco em questão, quase todos os solinhos foram improvisados na hora da gravação, e isso ilustra bem o pico de criatividade no qual o artista se encontrava..

Após a turnê de divulgação do Stadium Arcadium, que aconteceu entre maio de 2006 e agosto de 2007, o Red Hot decidiu dar uma pausa por tempo indeterminado, por causa do excesso de trabalho que teve desde 1999.

Em 2009, dois meses depois da banda anunciar o retorno aos palcos, Frusciante revelou, sem qualquer explicação, que mais uma vez deixaria o grupo. E foi então que entrou em cena Josh Klinghoffer, com quem o RHCP tocou até 2019 e gravou os trabalhos I’m With You (2011) e The Getaway (2016).

Em 2013, Frusciante finalmente revelou o motivo de ter decidido abandonar novamente os colegas. Em uma entrevista à Billboard, ele disse que “sempre quis fazer música eletrônica, e eu mal conseguia durante os 10 anos ou seja lá quanto tempo foi que fiquei na banda depois de voltar em 1998.”

Carreira solo: experimentação, produção e colaborações

Mesmo nos anos em que esteve ausente do Red Hot Chili Peppers, o guitarrista nunca deixou de compor e lançar músicas.

A carreira solo dele, acompanhada de perto por quem começou a admirá-lo desde que entrou na banda, foi extremamente prolífica apesar dos momentos de batalha contra as drogas, e é reconhecida por ser marcada por uma sonoridade experimental e até abstrata, bastante distante das composições com as quais contribuiu quando fazia parte do quarteto.

Frusciante lançou nada menos que 12 álbuns solo entre 1994 e 2015, e sob o pseudônimo de Trickfinger mais dois, em 2015 e 2017.

Além disso, ele colaborou também com Omar Rodriguez-Lopez, guitarrista do The Mars Volta (e do At The Drive In) tanto com participações em gravações da banda do amigo, quanto em um projeto dos dois juntos, chamado de Omar Rodriguez Lopez & John Frusciante (2010).

Parece muito? Mas ainda não para por aí! Antes de Josh Klinghoffer sequer pensar em entrar para o Red Hot, ele tocou bateria na banda Ataxia, na qual Frusciante tocou guitarra e Joe Lally (da banda ícone do punk Fugazi) baixo.

Formada em 2004, o trio gravou, em apenas duas semanas, faixas que seriam divididas nos dois únicos discos lançados até hoje: Automatic Writing (2004) e AW II (2007).

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#PraCegoVer: foto (em destaque) em primeiro plano dos integrantes do Red Hot Chili Peppers, onde Chad Smith aparece vestindo casaco e boina pretos, com os braços cruzados e olhando para baixo, ao lado de John Frusciante, com os olhos cerrados e o cabelo esvoaçado, e entre os dois, logo atrás, Anthony Kiedis, com a mão sobre o ombro de Chad e olhando para Frusciante, que está com parte do corpo encoberta por Flea, vestido com uma camisa verde com detalhes em branco e olhando para baixo; ao fundo, muros em tons de cinza. Foto: Alvaro Barrientos | AP.

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