Antes ou depois do B.O.: Veja como dialogar sobre maconha com a família
Falar à família sobre o consumo da maconha é um passo importante e a normalização no âmbito familiar contribui na desmistificação do tema perante uma sociedade desinformada. Leia, veja como eu fiz e saiba mais sobre como agir nesta situação.
No texto inaugural de minha coluna eu falo sobre a importância de normalizar em seu círculo familiar e social, para derrubar os estigmas e quebrar o tabu quando o assunto é cannabis.
Contar à família é um passo importante para quem consome maconha. Muitas pessoas se sentem oprimidas por sua escolha de consumo, principalmente diante dos seus parentes e familiares. Eu sei disso. Há 15 anos, já estive deste lado e por isso venho compartilhar com você alguns pensamentos sobre como conversar com os mais próximos sobre maconha.
Atualmente, dialogar sobre cannabis e outras drogas com as crianças, de forma esclarecedora e informativa, é cada vez mais normal e inteligente. Hoje, o medo dos pais é que seus próprios filhos sejam instruídos com propagandas falsas e negativas sobre maconha, como muitos deles foram, e até com alguns de nós mesmos.
Entretanto, tão importante quanto educar os filhos é falar sobre o seu consumo de cannabis com seus próprios pais e familiares. Mas calma, não é para entrar em casa correndo gritando “Eu sou maconheirx”.
Primeiramente. Certifique-se de que na sua família o diálogo é possível, se mesmo havendo discordância não acabará em agressão. Junto a isso adicione a sua consciência de que seus familiares o amam e droga sendo lícita ou ilícita é constantemente o drama de muitos lares, não culpe-os em caso de não aceitação.
Segundo é entender que o processo de educação é continuo e não instantâneo. Gosto de chamar de “processo de re-educação”, provavelmente muitos dos nossos avós, pais e parentes foram doutrinados com os filmes e propagandas estadunidenses – tipo as do Reefer Madness, em que mostravam a maconha como uma substância perigosa, porta de entrada para drogas mais pesadas e que podiam levar quem consumisse a cometer atos insanos, crimes, mortes por overdose e até suicídio.
Minha família descobriu, e agora? Para muitos consumidores, este é simplesmente o primeiro acontecimento trágico de uma experiência canábica. Muitas pessoas que consomem já passaram pelo temido B.O. familiar. Não é fácil, mas depois tudo será melhor!
Se você, como eu, não teve a oportunidade dos passos anteriores, este é sem dúvida o mais importante. Saber como encarar a situação na hora que rodar.
“Como você pode fazer isso comigo?”, “O que a família vai achar?”, “Você tá chapado e agora?”, “Hoje foi maconha e amanhã qual será? Cocaína!?”, “Você não é criminoso para usar maconha”, “E se você for preso?”
Ser pego de surpresa por uma avalanche de questionamentos, e afirmações baseadas em suposições, sem uma preparação, pode ser uma situação complicada. Contudo, mentir ou culpar o seu hábito, perfeitamente normal, a terceiros não é o melhor caminho: “Não é meu mãe, é de um amigo!”.
O fato de você consumir ou ter consumido maconha, apesar dos impedimentos de nossa lei quanto a produção, comercialização e posse da substância, não é crime, é apenas um direito individual da pessoa. Logo, é importante esclarecer que, mesmo ainda não sendo regulamentado, o consumo individual de maconha não é crime.
Explique por que você escolheu a maconha. Eu prefiro os efeitos e sabores da cannabis do que os do álcool, logo bebo menos do que antes, a erva aguça minha criatividade e melhora minha interação social. Além disso, uso dos benefícios terapêuticos da planta como um remédio natural, o que me ajuda no controle da ansiedade e redução do estresse. Simples assim, como fiz com minha família após acharem o famoso kit-pala.
Perguntas. Eles provavelmente terão inúmeras. Principalmente ligadas à sua integridade mental, saúde e segurança. Alguns membros da família podem aceitar mais facilmente que outros, mas a dica é continuar informando e esclarecendo mesmo depois de um papo bem sucedido. Muitos nem sabem como a maconha é consumida, explique.
Mostre compromisso, informação e responsabilidade. Existem usuários e usuários, é assim para tudo e qualquer substância -com a maconha não seria diferente. Independente se você contou para a família ou se descobriram, tendo sido aceito ou não, continue sendo quem você é e esteja disposto a ser transparente.
Peça que seus parentes respeitem sua escolha da mesma forma que você os respeitará em relação ao consumo. Durante anos, mesmo meus pais sabendo, eu só fumava na rua, mas hoje em dia em casa o consumo é Normalize.
Informação na ponta dos dedos. Só na Smoke Buddies são mais de 5.000 artigos já publicados, em que mostramos os avanços nos usos industrial, social/recreativo, medicinal e religioso da maconha. Além disso, você pode consultar sobre as pequenas conquistas brasileiras sobre o uso terapêutico no país e as mudanças nas leis dos estados norte-americanos e em outros países pelo mundo.
Se você quer ajuda para mostrar que tudo é muito mais que um simples baseado, que a maconha é terapêutica, é mais segura que o álcool e serve como porta de saída para substâncias mais pesadas, juntamente com os benefícios da regulamentação pelo mundo, mande uma mensagem para contato@smokebuddies.com.br e solicite sua inscrição na Buddies News.
Fique por dentro do que rola no mundo da maconha e de quebra dispare conhecimento para a lista da família.
Até a próxima e
Normalize!
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#PraCegoVer: Fotografia mostra as mãos e parte do rosto de uma pessoa fechando um baseado. Crédito da Foto: Dave Coutinho / Marcha da Maconha Rio de Janeiro – 2018
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