Weed the People: filme fala sobre o uso de maconha por crianças com câncer nos EUA

Uma cena do filme "Weed the People" que mostra uma planta de maconha em meio a uma família e à frente de um bebê que está nos braços de seu pai.

Nos EUA, o uso medicinal da maconha é legal na maior parte dos estados, porém pesquisas sobre o uso da planta no combate ao câncer ainda são poucas, como mostra o filme “Weed the People” que acompanhou a vida de cinco famílias com crianças portadoras de câncer. As informações são do Nexo.

Remédios com o composto canabidiol, derivado da maconha, podem ser importados para o Brasil desde 2015, em decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas a substância continua proibida no país. Nos Estados Unidos, porém, em nove estados mais a capital federal, Washington, a planta é legal para uso recreativo e, em mais de 20 estados, seu uso medicinal está liberado.

O documentário “Weed the People” (o nome faz um trocadilho com a frase “we the people”, “nós as pessoas”, em tradução livre, com “weed”, maconha em inglês), estreou nos cinemas dos Estados Unidos em outubro de 2018, e já era exibido desde o começo do ano em festivais pelo país, tendo vencido cinco prêmios, entre eles o South by Souhwest (o SXSW), festival que acontece anualmente no Texas, Estados Unidos.

Uma senhora segurando um bebê nos braços, em meio a plantas de maconha.

#PraCegoVer: fotografia de uma senhora segurando um bebê nos braços, em meio a plantas de maconha.

Ao longo de 97 minutos de duração, a história acompanha a vida de cinco famílias com crianças diagnosticadas com câncer. Algumas das crianças usam cannabis em conjunto com tratamentos como quimioterapia, enquanto outras recorreram à droga depois que os tratamentos convencionais falharam. O filme traz cenas e debates com os pais sobre a falta de pesquisas relacionando a planta com o combate à doença, além de depoimentos e arquivos médicos e pessoais de crianças que passaram pelo tratamento.

Em entrevista à revista americana Variety, as produtoras do filme, Ricki Lake e Abby Epstein, dizem que esperam que o filme humanize a controvérsia em torno da cannabis medicinal. Para elas, a expectativa é de alavancar mais pesquisas sobre o tema. “Se a maconha está salvando vida, por que o governo não quer que as pessoas tenha acesso a ela?”

 

Para Lake, a história com a maconha medicinal veio de uma experiência pessoal: seu ex-marido cometeu suicídio após anos pesquisando sobre canabidiol para tratar a si mesmo, que sofria de dores crônicas. “Eu quero que as pessoas vejam isso como um remédio, vendo o que ele foi capaz de fazer por essas crianças, e que lutem para que ele esteja disponível para todos que precisam dele”, afirmou Lake em entrevista à revista Time.

A discussão sobre o tema é polêmica. A Sociedade Americana do Câncer (ACS, na sigla em inglês) avisa em seu site que “confiar apenas na maconha como tratamento, evitando ou retardando os cuidados médicos convencionais para o câncer, pode trazer sérias consequências para a saúde”. Por outro lado, estudos mostraram que a utilização de alguns compostos da planta podem retardar o crescimento e até eliminar células tumorais em animais, mas testes em humanos ainda não são conclusivos.

Tratamentos convencionais como a quimioterapia ainda são a terapia padrão para a doença, mas médicos já falam sobre como a planta pode auxiliar no tratamento, principalmente como paliativo para os sintomas do câncer. Segundo as produtoras do documentário, debater o assunto é primordial. “Como nosso filme revela, o acesso à planta tornou-se uma questão de direitos humanos”.

#PraCegoVer: fotografia (de capa) de uma cena do filme que mostra uma planta de maconha em meio a uma família e à frente de um bebê que está nos braços de seu pai.

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