Veteranos de Wall Street criam bolsa da maconha nos EUA

Fotografia de uma flor de maconha seca no primeiro plano e, logo atrás, várias notas de dólar em pé (apoiadas com o lado maior) sobre uma superfície de madeira clara.

Alguns investidores já perceberam o quão lucrativo pode ser o mercado da maconha legal no país. Steve Janjic investiu cerca de R$ 3,7 milhões em uma empresa dedicada a venda da erva – e ele com toda a certeza não é o único a confiar na lucratividade da cannabis. As informações são da Exame.

A maconha legal é um negócio de US$ 5 bilhões nos EUA e Steve Janjic descobriu que poderia conseguir um pedaço dele. Com uma bolsa de commodities. Para um produto que não pode ser transportado de um estado para o outro.

Mas ele não está preocupado. “Nunca é fácil ser pioneiro em um setor”, diz Janjic, ex-executivo de câmbio da Tullett Prebon, que injetou US$ 1 milhão na Amercanex, uma plataforma de negociação de maconha que administra vendas de cerca de 45 a 70 quilos da erva por semana.

Não se trata exatamente de um sucesso em um país com um total estimado de 20 milhões de consumidores de maconha.

Mas o resultado pode não ser tão ruim para uma jovem bolsa de valores de uma substância psicoativa que está passando para o status de legítima, ou quase legítima, considerando que é ilegal segundo a lei federal.

Janjic e outros veteranos de Wall Street que respaldam a Amercanex adotam uma visão de muito longo prazo.

Embora apenas quatro estados e o distrito de Columbia tenham sancionado o uso recreativo da maconha, Nevada poderá unir-se a eles após uma votação, em novembro.

Em 23 estados, a droga é permitida para fins medicinais. Pesquisas mostram que a maioria dos cidadãos dos EUA acredita que a erva deveria ser lícita como a cerveja, o que enche a Amercanex de esperanças.

“Eu vejo isso como os primórdios de uma Nymex”, diz Richard Schaeffer, ex-presidente do conselho da Bolsa Mercantil de Nova York. “Eu vejo esse negócio tornando-se um motor de correspondência muito importante reunindo compradores e vendedores”.

Schaeffer, 63, é presidente do conselho da Amercanex, e Janjic, 49, é o CEO e cofundador.

Entre as outras pessoas do mundo financeiro envolvidas estão o trader de futuros Timothy Petrone, membro da Nymex e da Chicago Board of Trade, o ex-membro do conselho da Nymex David Greenberg e James McNally, que é membro da Nymex, da Commodities Exchange e da Bolsa de Futuros de Hong Kong.

Para que conste, nenhum deles é usuário de maconha, mas isso provavelmente não vem ao caso. Mesmo uma pessoa intolerante ao glúten pode ficar rica com contratos futuros de trigo.

Mas há dinheiro de verdade a ser ganho negociando as flores e folhas da planta de maconha? A Amercanex não é a única a apostar que haverá, um dia. Sohum Shah, de 26 anos, com diploma da Universidade do Arizona, iniciou a Cannabis Commodities Exchange três meses antes de a Amercanex sair do papel.

A CCE opera apenas no Colorado, que em 2012 se transformou no primeiro estado a decidir, por meio de votação, pela legalização da maconha recreativa.

A Amercanex está no Colorado e na Califórnia, primeiro estado a permitir o uso medicinal da maconha, e Janjic diz que há planos de expansão.

Limitação entre estados

Os obstáculos são consideráveis. Para o funcionamento pleno de uma bolsa de valores, uma commodity precisa ter especificações padronizadas e alguma supervisão regulatória, como acontece com produtos como milho e metais, para que todos possam ter certeza a respeito do que estão comprando e vendendo, diz Dale Rosenthal, professor de finanças da Universidade de Illinois, em Chicago.

“Não existe um preço de referência claro” para a maconha a granel, tampouco, diz ele, o que configura outro ponto de discórdia.

A maconha vem em um leque muito amplo de qualidade, potência e preço; a erva legal não existe há tempo suficiente para que existam referências nacionais.

Os mercados à vista e de futuros tradicionais, como trigo e petróleo bruto, estão ligados a uma única variedade amplamente aceita com um padrão de qualidade mínimo.

Os compradores da Amercanex não operam no escuro, diz Janjic, porque a bolsa envia os produtos vendidos em sua plataforma para avaliação em um laboratório e compartilha os resultados.

Mas há um problema: compradores e vendedores precisam estar no mesmo estado. O governo dos EUA regula o comércio interestadual e a venda e a posse de maconha são crimes federais, assim como o transporte através dos limites estaduais — e a Amercanex é uma bolsa para negócios à vista de aquisições físicas, e não de contratos de opções ou futuros fechados apenas no papel.

No momento, a lei federal é “o risco para esse jogo”, diz Janjic.

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