Uruguai e Colômbia exportam cannabis medicinal para a Alemanha

Fotografia em vista superior diagonal que mostra o cultivo colossal de plantas de maconha, em estado vegetativo, no interior de uma estufa da empresa Fotmer; a foto mostra dois corredores, onde colaboradores vestidos com roupas e luvas azuis, e máscaras e toucas brancas, cuidam das plantas cultivadas em grandes vasos pretos. Uruguai.

A Alemanha, que já é promessa no mercado mundial de cannabis medicinal, agora é sede da primeira empresa europeia a importar maconha para uso médico da América Latina. As informações são da AP News, com tradução Smoke Buddies.

Uma empresa uruguaia e outra empresa colombiana conseguiram fazer a primeira exportação de maconha medicinal da América Latina para a Europa, como anunciaram na quarta-feira no Uruguai e na Alemanha.

A exportação de flores secas e extrato de cannabis para uso farmacêutico ficará a cargo da empresa uruguaia Fotmer e da colombiana Clever Leaves.

“Estou muito orgulhoso e estamos todos aqui”, disse Jordan Lewis, presidente-executivo da Fotmer, à Associated Press. “Isso coloca o Uruguai no mapa mundial da cannabis farmacêutica. Hoje, a Alemanha representa o maior mercado da Europa e possui os mais altos padrões de qualidade do mundo”.

A empresa de Lewis está instalada no Uruguai e é financiada com capitais locais e dos EUA.

Lewis disse que se estima que atualmente existam 700.000 alemães que usam produtos farmacêuticos derivados da maconha.

“É um mercado que está crescendo e o Uruguai está em posição de se tornar um importante fornecedor global”, acrescentou.

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Em um comunicado de imprensa emitido na Alemanha, o CEO da empresa Clever Leaves, Andrés Fajardo, disse que a exportação é prova “de que o mercado colombiano pode atingir os padrões internacionais e produzir cannabis medicinal de alta qualidade”.

A Clever Leaves espera produzir 29.000 quilos de flores secas de maconha até 2019 e elevar esse número para 77.000 até 2020. Hoje emprega mais de 300 pessoas.

A empresa alemã que adquiriu a maconha latino-americana, Cansativa GmbH, divulgou um comunicado no qual afirma que é a primeira vez que uma empresa europeia importa cannabis medicinal da América Latina.

“A importação de cannabis medicinal abre o caminho e nos coloca um passo mais perto de comercializar cannabis medicinal na Alemanha”, disse Benedikt Sons, co-fundador e diretor da Cansativa. “Também destaca a nossa capacidade de importar produtos medicinais de cannabis de outros países, bem como da Holanda e do Canadá.”

Ele acrescentou que a Clever Leaves e a Fotmer foram escolhidas como as duas empresas mais qualificadas entre os produtores de cannabis medicinal na América Latina.

A cannabis cultivada no Uruguai e na Colômbia será submetida a diferentes testes de laboratório na Alemanha, entre outros, para testar suas propriedades microbiológicas e a ausência de pesticidas e metais pesados.

Lewis disse que chegou ao Uruguai para entrar no terreno desconhecido de uma indústria sem precedentes no mundo.

O secretário da Junta de Drogas do Uruguai, Diego Olivera, disse à AP que o anúncio é “a confirmação de que o nosso país pode estar na vanguarda de um mercado altamente exigente como dos produtos medicinais, o que requer processos de qualidade, tecnologia e conhecimento intensivo”.

Tornar-se líder na exportação de maconha medicinal é uma grande aposta do pequeno país sul-americano. Quando, em dezembro de 2013, o país se tornou o primeiro do mundo a regulamentar o mercado de cannabis desde a semeadura até a venda ao público, o governo previu que isso traria uma onda de investimento e desenvolvimento econômico.

Fotmer já investiu sete milhões de dólares em laboratórios e cultivos e emprega 80 pessoas fixas e outras 100 quando as flores são colhidas e secas.

Das flores de cannabis secas extrai-se um óleo que permite fabricar pílulas, cremes, pomadas, emplastros e outras apresentações que servem para tratar casos de epilepsia e dores crônicas, entre outros usos.

As plantas de maconha usadas para fins médicos, em termos de sua biologia, não diferem daquelas usadas para produzir drogas recreativas, dizem os especialistas. Mas os cuidados a que são submetidas, o controle da cultura e as medidas de segurança e higiene são muito diferentes e é isso que permite garantir a qualidade da produção e a possibilidade de usá-las na indústria médica.

O Parlamento uruguaio sancionou em 10 de dezembro de 2013 uma lei que transformou o Uruguai no primeiro país do mundo a ter um mercado legal para essa erva desde sua semeadura até sua venda ao público.

Quanto ao uso recreativo, a lei possibilitou o cultivo pessoal, clubes de maconha e venda em farmácias. Para participar de qualquer uma dessas opções, deve-se ter mais de 18 anos de idade, ser um cidadão uruguaio ou residente legal no país e inscrever-se em um registro.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) em vista superior diagonal que mostra o cultivo colossal de plantas de maconha, em estado vegetativo, no interior de uma estufa da empresa Fotmer; a foto mostra dois corredores, onde colaboradores vestidos com roupas e luvas azuis, e máscaras e toucas brancas, cuidam das plantas cultivadas em grandes vasos pretos. Créditos da foto: Matilde Campodónico.

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