Uruguai criará alternativa para venda de maconha
O governo do Uruguai anunciou nesta quarta-feira (13) que regulará um novo tipo de comércio para vender maconha legal produzida sob seu controle. A medida vem de encontro aos entraves bancários interpostos às farmácias que junto aos novos comércios passarão a comercializar a maconha sem operar no sistema financeiro.
O governo habilitará novos comércios para vender maconha. Se bem que as farmácias poderão continuar vendendo o produto, uma vez que a ideia é que outras empresas se somem aos pontos de vendas existentes. Entretanto, as empresas que venderem maconha deverão operar fora do sistema bancário, informou o pró-secretário da Presidência e presidente da Junta Nacional de Drogas, Juan Andrés Roballo, em conferência de imprensa.
Segundo publicação do El Observador, Roballo informou que “o governo está terminando de elaborar um decreto para novos estabelecimentos venderem cannabis”, sendo que “estes novos pontos de venda serão privados”.
“Necessitamos gerar ferramentas para que o sistema de distribuição melhore suas condições e possa chegar aos consumidores”, assinalou Roballo. Ele ainda argumentou que “o panorama não é animador” para que os bancos aceitem trabalhar com empresas que comercializam cannabis.
Juan Roballo esteve nos Estados Unidos junto com o Presidente do Banco Central, Mario Bergara. A comitiva esperava destravar a venda de maconha no Uruguai, já que são normas desse país que não permitem aos bancos operarem com clientes que vendem cannabis. Sem embargo, eles voltaram com as mãos vazias.
Rechaço Bancário
Dois meses após o esperado início da venda de maconha nas farmácias uruguaias, o processo de legalização mais ambicioso do mundo está cercado por uma absoluta incerteza, por conta da intervenção das instituições financeiras. Os bancos uruguaios, incluindo o estatal Banco República, deixaram de habilitar contas das 16 farmácias que vendem maconha legal, devido a barreiras impostas pela legislação vigente nos Estados Unidos, que dificulta suas próprias transações com instituições intermediárias caso operassem com vendedores de algum tipo de droga.
Leia mais: Venda de maconha nas farmácias do Uruguai esbarra na resistência dos bancos
O número de consumidores registrados para a compra de maconha legal não para de crescer, segundo os dados do IRCCA, 13.555 consumidores estão registrados para compra de maconha, e nesta atual conjuntura o governo uruguaio se depara com um problema de difícil resolução. Em vídeo, o ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, explica que o país, ao aprovar uma nova legislação sobre a maconha, visava tirar o mercado da clandestinidade, mas não favorecer o consumo da droga. Ele reclama dos bancos que, por não permitirem a utilização de recursos que estejam ligados ao narcotráfico, “nos fecham a porta e criam uma angústia financeira para este conjunto de pequenas empresas encarregadas de distribuir o produto diretamente ao consumidor”.
Assista:
Para Mujica bancos não deveriam criar dificuldades e inclusive aplaudir experimento do Uruguai
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