Tira-Teima Analisa: O que os(as) candidatos(as) pensam sobre drogas? [Parte I]

ilustração de capa é dividida em 2 partes. A parte superior possui fundo azul e a hashtag em amarelo "#TiraTeimaAnalisa:”, e parte inferior possui fundo amarelo com a escrita em azul "O que os(as) candidatos(as) pensam sobre Drogas? Parte I". Candidatos.

Em tempos em que as fake news são cada vez mais disseminadas e próximo às eleições, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) vem realizando um projeto que checa as declarações dos presidenciáveis sobre temas relacionados à política de drogas. E um post especial da série mostra os posicionamentos dos candidatos sobre o tema.

Esse é um post especial da série #TiraTeimaSobreDrogas, criada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) em parceria com o psiquiatra Luis Fernando Tófoli, coordenador do Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (Leipsi), da Unicamp. Entre julho e outubro de 2018, checaremos as declarações dos pré-candidatos à presidência da República sobre temas relacionados à política de drogas. Para ter acesso a todas as checagens já feitas, clique aqui.

Cada vez mais e mais países têm experimentado modelos alternativos à repressão para lidar com o uso e o mercado de drogas. No Brasil, movimentos recentes como a regulação da importação de óleo de cannabis pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a discussão sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contribuíram para que esse tema entrasse de vez no debate eleitoral.

Por esse motivo, o #TiraTeimaSobreDrogas fez uma varredura nos posicionamentos dos(as) presidenciáveis sobre esse tema. Na primeira parte dessa análise, checamos o posicionamento de seis candidatos: Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Marina Silva (Rede).

Os posicionamentos dos(as) demais candidatos(as) serão analisados na segunda parte desse post, a ser divulgada na próxima semana.

Álvaro Dias (Podemos)

Em entrevista para a Gazeta do Povo no final do ano passado[1], Álvaro Dias se declarou “rigorosamente contra” a descriminalização das drogas, ou mesmo da maconha. Na ocasião, o candidato afirmou que a “liberação” aumentaria o consumo dessas substâncias e que o país não teria estrutura para “recuperar os viciados”. Em sabatina realizada pela revista IstoÉ em maio deste ano[2], voltou a enfatizar esse posicionamento. No entanto, em participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, Álvaro Dias disse não concordar que pessoas que fazem uso de drogas devam ser encarceradas[3], o que indica que o candidato confunde os conceitos de descriminalização e legalização.

Ciro Gomes (PDT)

Em entrevista concedida em maio deste ano ao programa Roda Viva[4], Ciro Gomes afirmou que sua candidatura ainda não tem um posicionamento fechado sobre essa questão. O candidato declarou ainda que não quer “impor” posições sobre política de drogas em um país conservador e religioso como o Brasil, mas que acredita ser necessário convocar especialistas no tema para levar adiante um debate nacional. Ainda assim, nessa mesma entrevista, Ciro Gomes se mostrou simpático ao modelo de descriminalização de Portugal, que não trata o uso de drogas pela esfera criminal e que se guia pela lógica da redução de danos, embora o candidato tenha se equivocado em relação ao nome do modelo adotado por esse país (para ver nosso post de checagem das declarações de Ciro Gomes no programa Roda Viva, clique aqui).

Geraldo Alckmin (PSDB)

Nos últimos anos, Geraldo Alckmin tem mostrado apoio a políticas mais repressivas em relação às drogas e afirmou recentemente ser contrário à regulação do mercado dessas substâncias[5]. Em reunião com empresários na Federação de Indústrias do Rio (Firjan) em junho deste ano, Alckmin disse ainda não haver “comprovação de que a legalização poderia trazer benefício maior” que a atual proibição e argumentou ser necessário acompanhar as experiências internacionais de reformas das leis de drogas antes de tomar uma posição em direção à descriminalização ou à regulação. Em entrevista ao programa Roda Viva e veiculada em julho[6], o candidato enfatizou a necessidade de combater o tráfico de drogas através de estratégias de repressão e inteligência. Mais recentemente, matéria veiculada pelo Estado de São Paulo afirmava que David Uip, coordenador do programa de saúde da candidatura de Alckmin, pretendia levar a discussão sobre descriminalização para a plataforma do candidato[7], mas essa proposta não entrou nas diretrizes gerais de governo apresentadas por Alckmin no início de agosto[8].

Henrique Meirelles (MDB)

Em entrevista concedida em julho deste ano à revista IstoÉ[9], Henrique Meirelles disse abertamente ser favorável à regulação do mercado de maconha. O candidato justificou sua posição argumentando que acredita que o uso de maconha é questão de direito individual e que apostaria em um modelo de regulação com normas rígidas. No entanto, no caso de outras substâncias, como a cocaína, o candidato declarou ser a favor da criminalização irrestrita.

Leia ~ Tira-Teima Sobre Drogas: Henrique Meirelles na revista IstoÉ

João Amoêdo (Novo)

Em entrevistas concedidas ao programa Roda Viva[10], em junho deste ano, e ao jornal Zero Hora[11], um mês depois, João Amoêdo afirmou ser contrário à descriminalização do uso de drogas e argumentou ser necessário esperar pelos resultados das experiências de reformas nas leis de drogas adotadas por outros países (para ver nosso post de checagem das declarações de João Amoêdo no programa Roda Viva, clique aqui). No entanto, em entrevista concedida ao portal online O Antagonista no início do ano, o candidato havia dito ser contrário à criminalização de usuários de maconha que foram pegos com poucas quantidades da droga[12].

Marina Silva (Rede) 

Em entrevista ao programa Roda Viva em maio deste ano[13], Marina Silva voltou a reforçar um antigo posicionamento: o de que seria favorável à realização de um plebiscito sobre mudanças na atual política de drogas. Marina também afirmou ser contra a “satanização” do debate sobre política de drogas, que considerou saudável e necessário. Nessa mesma ocasião, Marina se disse contrária à descriminalização, mas afirmou que pessoas que fazem uso de drogas não deveriam ser presas, o que, na prática, significa dizer que o porte para consumo deveria ser descriminalizado.

**

Para saber mais sobre a metodologia utilizada para as checagens, clique aqui.

#PraCegoVer: ilustração de capa é dividida em 2 partes. A parte superior possui fundo azul e a hashtag em amarelo “#TiraTeimaAnalisa:”, e parte inferior possui fundo amarelo com a escrita em azul “O que os(as) candidatos(as) pensam sobre Drogas? Parte I”. O rodapé traz os logos do “Cesec”, “Tira-Teima Sobre Drogas” e “Leipsi”.

Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!