Serviço de atendimento ao maconheiro
Caras, tô puto. Subi o morro na noite passa afim de buscar meu mato apaixonante. Tô lá de boa na fila, vários nóias, várias fitas, eis que chega a minha vez. Pego 4 paranguinhas na suavidade; plastiquinho azul, bem prensadas e tudo como de costume.
Claro, cheguei em casa na pilha de experimentar meu extrato de milho verde. Saquei a Smoking e o dichavador. Quando abri a primeira paranga, tive uma surpresa oferecida pela Sérgio Malandro’s Corporation.
Ouvi vários ‘salci-fufu’ na minha cabeça. Sério, assim que fui cheirar, percebi algo estranho. Aquilo não tinha cheiro de maconha. Na hora de dichavar o mistério se desfez: TABACO.
Os meliantes tiveram a moral de prensar tabaco com, sei lá, 1,3% de cannabis e 98,7% de tabaco. Certeza que era Eight. Aliás, duvido que também não tinha um esterquinho style ali no meio.
Como bom consumidor, entrei na fanpage da biqueira e deixei uma mensagem:
“Senhores, hoje comprei 4 unidades de seu produto e acredito que ele tenha vindo adulterado. Onde posso buscar ressarcimento ou troca do produto?”
Claro que fui enrolado por uma semana inteira. Até que enfim me cederam o telefone do SAC. Liguei lá:
– Atendimento da Favela Tamo Junto, como posso ajudá-lo, senhor?
– Seguinte, parceira. Fui trollado por vocês.
– Como assim, senhor?
– Comprei 4 parangas e todas eram de tabaco.
– Que merda, heim, senhor?
– É também acho que tinha merda.
– O que o senhor quer que eu faça, senhor?
– Que troque o produto, por favor.
– Isso é uma biqueira, senhor. Biqueiras não trocam produtos, senhor. Só tiros.
– Então pra que têm SAC? Quero falar com seu superior, por favor.
– Ele está ocupado, senhor.
– Ocupado com o que, porra?
– Subornando alguns policiais, senhor. Algo mais em que eu possa ajudá-lo, senhor?
– Não, não há. Só passe o telefone pra esse porra do seu chefe.
– Só está o sub-gerente. Quer falar com ele, senhor?
– É claro que eu quero, porra.
– Um minuto que já vou transferí-lo senhor. Antes que eu me esqueça: vá tomar no cu, senhor.
– Vai você, sua vad…
**
– Alô, Marcão na escuta.
– Seguinte, Marcão. Vocês me venderam tabaco. Como faz?
– Como faz? Enfia no cu, seu nóia filha da puta.
– Você sabe que tô gravando essa conversa pra levar ao PROCON, né?
– Leva lá, sim. A gente comprou todo mundo lá dentro, otário.
– Ou você devolve meu produto ou…
– Ou o quê, seu bosta? Tá me ameaçando? Tô rastreando sua ligação, seu pau no cu. Você trampa no HeadShop do Smoke Buddies, né? Já tô com seu endereço, otário. Tá passado, já era.
– Ah, é? Vamos ver o que seu superior tem a dizer desse seu comportamento. Até mais.
Passados dois dias recebi uma visita aqui na minha residência. Tomei 47 pipocos de bala. Todas à queima roupa. Eu desacreditei, mas o foda disso tudo é que o cara me matou mesmo. Escrevi esse texto daqui do além. Moh fita isso, morrer só por reclamar de umas paranguinhas. Tô agitando uns parceiros aqui do além pra fazermos uns protestos, botar fogo em algumas nuvens do Chico Xavier.
‘Vem pra nuvem, vem, contra o Procon.’
Vinguem minha morte, reclamem muito no Twitter, no Facebook , na Paulista, na Rio Branco. Vamos fazer esses traficantes respeitarem mais seus clientes. Tá na hora de a família CV e a família PCC entenderem que o povo unido jamais será vencido.
Ah, esqueci de dizer meu nome em vida: Dave Coutinho.
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