O POT IN RIO 5 FOI SENSACIONAL!

No último domingo (5 de novembro), mais de 5 mil pessoas passaram pela 5ª edição do Pot in Rio, um dos mais importantes eventos canábicos do Brasil. Mesmo diante da situação ilegal da erva no país, o evento mostra que o mercado legal ligado à cultura da maconha segue crescendo com o surgimento de novas marcas, serviços e produtos, além de gerar empregos e normalizar o debate. Saiba mais sobre o evento nas palavras do Patrono do Pot in Rio, Dr. André Barros.

Defender plantadores presos injustamente, ameaçados de prisão e condenados como traficantes faz parte de meu cotidiano. Por conta disso, estava pensando em escrever sobre o assunto na minha coluna da Smoke Buddies, publicada sempre às 4h20 da tarde de quarta-feira, para depois aproveitar nas defesas. Mas tive que mudar de ideia, diante do sucesso absoluto do Pot In Rio, já chamado de “Feira da Maconha”, evento ao qual tive o prazer de comparecer domingo passado (5/11).

Primeiramente, convém registrar que não se vende maconha nem semente no Pot In Rio. Trata-se de um verdadeiro Congresso da Cultura Cannábica, com estandes de livros, revistas, sedas, roupas, luzes, bongs, de coletivos voltados para fins medicinais, recreativos e religiosos, palestras nacionais e internacionais, além de bares e palco para bandas. Em torno de 5 mil participantes circularam pelo evento. Embora o lugar fosse maior que o dos anos anteriores, por segurança o limite era de 1500 pessoas, de modo que filas enormes foram se formando na entrada, mas com nossa tradicional paciência e tranquilidade, todas e todos esperavam a sua vez. Quando se atingia a lotação, só podia entrar o mesmo número de pessoas que saía. E assim foi de tarde até de noite no domingo, sem qualquer briga ou confusão, tudo tranquilão!

A cultura da maconha vem crescendo no mundo inteiro e mais ainda nos países onde a planta vem sendo legalizada. Sem qualquer rasgação de seda, o evento é uma enorme construção coletiva, comandado desde os primórdios pelo obstinado Mandaca, seu fiel escudeiro Pablo, que este ano receberam a força do grande Pacheco, todos notórios ativistas em prol da causa.

Tive a honra de ser o patrono deste 5º Pot In Rio e responsável pelo discurso de encerramento no palco do último andar. Antes da festa final, com os “Usuários”, banda que faz um tributo ao Planet Hemp, registrei que o Pot In Rio vai na direção oposta à do atraso em que nos encontramos em relação aos lugares onde a planta é legalizada e feiras como essa são frequentes e enormes. Ao lutar pela legalização da maconha no Brasil, o evento é amparado por duas decisões do Supremo Tribunal Federal: a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 187 e a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4274, que garantem o direito de reunião pela legalização da maconha no Brasil.

É importante registrar que o Pot In Rio tem uma longa história. Nasceu da necessidade de se fazer um encontro público da Cultura Cannábica. Há muitos anos já ocorriam reuniões clandestinas, como as internacionais Cannabis Cup. Jamais se vendeu maconha, nem semente neste evento que luta pela mudança da lei, de maneira que o mesmo pode acontecer amparado pelas decisões da Suprema Corte do Brasil. O primeiro Pot In Rio ocorreu longe do centro carioca, mas teve sucesso. O segundo foi nas cercanias de Laranjeiras e Santa Teresa, numa grande casa aberta. O terceiro e o quarto foram no clube Boqueirão com grande público. No segundo ano do Boqueirão, a polícia tentou impedir sua realização, mas mobilizamos nosso departamento jurídico, toda a organização e explicamos à polícia que nosso Congresso estava extensivamente amparado por duas decisões do STF, que garantiam a realização da Marcha da Maconha em todo o país.

Agora que o Pot In Rio está sacramentado no calendário da cidade do Rio de Janeiro, já estão dizendo que o próximo terá de acontecer no Riocentro ou no Maracanã, pois a planta está crescendo!

Revisão: MARTA BONIMOND
Fotografia de Capa: Dave Coutinho

Sobre André Barros

ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha, mestre em Ciências Penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!