Policiais do BOPE vazam informações à traficantes e são presos no Rio de Janeiro

Parece mais um filme sobre a milícia brasileira, mas não… É notícia mesmo. 5 policias do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, são acusados de vazarem informações para traficantes de pelo menos 10 comunidades no Rio de Janeiro. Dos 5, 4 já foram presos e as investigações continuam.

No Rio de Janeiro, quatro policias do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, foram presos nesta sexta, 11, acusados de corrupção passiva. A detenção foi resultado durante a operação Black Evil, da Polícia Militar com o Ministério Público. O objetivo da operação? Cumprir 5 mandados de prisão preventiva, além de outros quinze de busca e apreensão. Dos cinco, quatro foram presos e o quinto está em Miami, já a par de sua situação aqui no Brasil – que não é nada boa, já que encontraram em sua casa R$78 mil.

Corrupção passiva? Entenda o Crime:

Encomendada por Carlos Sarmento, tenente-coronel, comandante do BOPE, com diretrizes da Corregedoria Interna da Polícia Militar, a investigação denuncia policiais envolvidos em crimes de corrupção passiva e quebra de sigilo funcional. Aparentemente, entre os meses de agosto e dezembro deste ano, os policiais suspeitos aceitaram propina de vários traficantes, de várias comunidades no Rio e na Baixada Fluminense. Em cada comunidade, os policiais chegavam a faturar entre R$ R$ 2 mil e R$ 10 mil. Além de dinheiro, armas – que haviam sido apreendidas em outras ocorrências – também eram negociadas com os traficantes.

O motivo de tanto dinheiro ter rolado? Os traficantes pagavam aos policias para receberem, semanalmente, informações sobre operações realizadas pelo BOPE. Toda e qualquer ação que o Batalhão fosse realizar era monitorada e passada, com detalhes, para os criminosos – 24h por dia, 7 dias por semana. As comunidades que eram atendidas pelos policias são: Faz quem Quer, em Rocha Miranda; Covanca, Jordão e Barão, em Jacarepaguá; Antares, em Santa Cruz; Vila Ideal e Lixão, em Duque de Caxias; Complexo do Lins, no Méier, e Complexo do Chapadão, em Costa Barros.

A operação Black Evil também contou com a participação da Subsecretaria de Inteligência que, com Gaeco, monitorou por dez semanas os contatos diários entre os policiais e traficantes da maior facção criminosa do estado.

Os policiais acusados foram Maicon Ricardo Alves da Costa, o Preto 1; André Silva de Oliveira, o Preto 2; Raphael Canthé dos Santos, o Preto 3; e Rodrigo Meleipe Vermelho Reis, que está em Miami. Já o PM Silvestre André da Silva Felizardo, o Corintians, é ex-integrante do Bope e atualmente está lotado no 15º BPM (Duque de Caxias), na Baixada Fluminense.

Foram presos nesta sexta-feira o terceiro-sargento André Silva de Oliveira, que era do Bope e atualmente estava no Departamento Geral de Pessoal (DGP); o soldado Raphael Canthé dos Santos; além dos cabos Maicon Ricardo Alves da Costa e André da Silva Felizardo, que, a pedido, foi transferido para o 15º BPM (Caxias). Na casa de Rodrigo Meleipe foram apreendidos R$ 78.400.

Segundo um dos investigadores, os PMs telefonavam para traficantes de dez favelas e davam o panorama: “bom dia! Está tudo calmo. Estaremos em tal lugar”. As informações eram passadas até durante as noites e também quando as ações iriam acontecer em comunidades controladas por traficantes de facções rivais.

A suspeita de Carlos Sarmento começou quando uma operação realizada, que aconteceu em maio, fracassou. No morro Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, em um sábado a noite, quando se espera um grande movimento, não havia absolutamente ninguém nas ruas da favela. Isso foi o suficiente para gerar desconfiança no comandante do batalhão. “Nem cachorros latiram na comunidade”, comentou um agente sobre tal operação.

Apesar dos mandatos já terem sido expedidos, as investigações vão continuar.

A pena dos caras ficou por cada um ser indiciado dez vezes por corrupção. Eles também responderão na Justiça comum por associação ao tráfico e formação de quadrilha.

É, não é sempre que acontece, mas é muito bom ver o sistema funcionando também contra o sistema. Que essa seja uma atitude – a do comandante – corriqueira e mais crimes como estes sejam denunciados.

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