PLANTA NA MENTE É LUTA

O Planta na Mente é um bloco que defende a descriminalização e legalização da maconha. Há quatro anos, na rua Joaquim Silva, fizemos o primeiro desfile do Planta no domingo de carnaval e a festa foi sensacional, sem qualquer problema. Queríamos passar pela orla de Ipanema, mesmo trajeto da Marcha da Maconha, mas a Prefeitura proibiu, alegando que outro bloco já tinha marcado no mesmo local, dia e hora. Não houve nem a oportunidade de diálogo. Temendo nossa potência, o biopoder punitivo proibiu o desfile no mesmo local da Marcha da Maconha. Enquanto outros blocos, que não têm qualquer relação com o lugar, obtiveram a autorização da prefeitura. É a aliança do Estado e do Mercado privatizando ruas, praças e avenidas. São tão hipócritas que dão autorização para a venda de apenas uma marca de cerveja pelos ambulantes também autorizados. Nessa hora, deixam de ser contra os camelôs, desde que vendam a marca que o poder escolheu. Isso tudo é a privatização das ruas pela aliança MERCADO/ESTADO. Enquanto isso, seguimos na resistência do COMUM.

Naquele mesmo ano, um colunista importante registrou que nosso bloco desfilaria novamente na quarta-feira de cinzas. Foi a deixa para um vereador proibicionista fazer um discurso na Câmara dos Vereadores e pedir a presença da Guarda Municipal para impedir nosso desfile. Chegaram dizendo que nosso bloco não sairia das escadarias do saudoso Selarón. Dissemos que não aceitaríamos ficar sitiados na escada e sairíamos de qualquer forma. Como o vereador não se fazia presente, negociamos com os guardas municipais e chegamos a um acordo. O bloco brincou até a metade do caminho e não terminou nos arcos da Lapa, que seria nosso destino final.

No ano seguinte, o bloco foi autorizado pela prefeitura, na rua Joaquim Silva e somente na quarta-feira, imediatamente apelidada de QUARTA-FEIRA DE BRASAS. Ficou então institucionalizado o desfile apenas na quarta-feira de cinzas na rua Joaquim Silva. Queriam que ficássemos escondidos no gueto de resistência da Joaquim Silva. Temos orgulho de ser daquele gueto e constituirmos a sua resistência, mas o bloco é da luta da maconha e temos de ampliar, pois é um bloco de causa. Este ano, o bloco fincou o pé afirmando que só sairia dos Arcos da Lapa, seguiria pela histórica rua Mem de Sá e terminaria no Bar da Cachaça, próximo à rua Gomes Freire. A Prefeitura sabe que somos de luta e aceitou os locais do começo e do final do desfile, mas não aceitou o trajeto pela Mem de Sá. Vamos seguir pela rua do Lavradio, entrar na rua do Resende, ganhar a rua Gomes Freire e terminar no larguinho do famoso Bar da Cachaça.

A responsabilidade da irmandade maconheira aumenta este ano. Somos um carnaval de luta. Não aceitamos essa privatização, vamos sempre ocupar e defender o comum, as ruas, praças e avenidas que são da multidão. Começando pelos Arcos da Lapa, teremos a oportunidade de aumentar o número de participantes e fortalecer nossa causa da maconha.

O carnaval também é luta. Fui da bateria do Império Serrano durante 25 anos. Em 1982, minha amada escola denunciou as Super Escolas de Samba S/A, quando surgia esse carnaval televisivo, escondendo gente bamba. Naquele ano, o Império Serrano sentenciou o bombardeio e a explosão do nosso samba, cantando: “BUMBUM PATICUMBUM PRUGURUNDUM / O NOSSO SAMBA MINHA GENTE É ISSO AÍ BUM BUM”. Desde então, a escola do morro da Serrinha, que cantou os mais belos e revolucionários sambas da história do carnaval carioca, não ganhou mais um título de campeã e agora está no segundo grupo. Mas continua resistindo forte e mantendo suas raízes no Jongo.

Vamos nos concentrar às 14:20 na QUARTA-FEIRA DE BRASAS nos ARCOS DA LAPA e fechar o carnaval de 2014 na luta pela legalização da maconha, da paz e do amor.

ANDRÉ BARROS, advogado e ritmista do Planta na Mente, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ e do Instituto dos Advogados Brasileiros.

Fique ligado e não sequele! 

Evento no Facebook para o desfile do Bloco Planta na Mente, na quarta-feira de brasas
PLANTA NA MENTE: O DESFILE !
https://www.facebook.com/events/416871191791747/?source=1

Baile de Máscaras Canábicas do Planta na Mente
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Sobre André Barros

ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha, mestre em Ciências Penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
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