Capital canadense concede 1ª licença para venda de extrato de maconha

Ottawa concede primeira licença para a venda de óleo de maconha - Smoke Buddies

A cidade de Ottawa, quarta maior do país, já possui um produtor que poderá vender através do correio o extrato – um grande passo para os pacientes de maconha medicinal do país. Outros 14 produtores já estão no processo de autorização para comercializarem seus produtos. As informações são do The Globe and Mail com tradução do Smoke Buddies.

Ottawa concedeu a um produtor de maconha medicinal a primeira licença para vender óleos de maconha através do sistema de venda por correspondência federal regulamentado, seis meses após a decisão da Suprema Corte obrigar a Agência de Saúde do Canadá a permitir o acesso a formas comestíveis da droga.

Peace Naturals Project Inc., com sede em Stayner, Ontário, anunciou nesta segunda-feira que é o primeiro produtor comercial a ser aprovado para vender óleo de maconha. Quatorze outros produtores comerciais estão listados no site da Agência de Saúde com permissão para produzir o óleo, mas eles ainda estão pendentes de aprovação burocrática para vendê-lo. Atualmente, 20 produtores são licenciados para vender maconha seca.

A Agência de Saúde do Canadá atualizou o seu site na última sexta-feira para anunciar o novo status da Peace Naturals e disse que mais licenças para vender óleo de maconha “serão concedidas em breve”.

A Peace Naturals emitiu um comunicado de imprensa no qual disse que aguarda com expectativa as vendas do novo produto e que “sempre viu o consumo do óleo de maconha como a solução mais viável para os canadenses que necessitam”.

A escassez de evidências clínicas sobre a eficácia dos benefícios da planta (seja seca ou em forma de óleo) significa que muitos médicos simplesmente não saberão o suficiente sobre a maconha para a recomendarem aos pacientes, enquanto a Agência de Saúde canadense não aprovar formalmente a maconha como medicamento.

Em junho, a Suprema Corte do Canadá decidiu por unanimidade que as leis federais para a maconha medicinal são arbitrárias e contrárias ao dever do governo de proteger a saúde dos seus cidadãos. A corte disse que a atual legislação faz com que os pacientes comprem apenas a forma fumável da droga, submetendo pessoas doentes a riscos de infecções e câncer de pulmão e impedindo-las de escolher um tratamento mais eficaz.

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A decisão foi fruto do caso de Owen Smith, de Victoria, que foi acusado em 2009 por posse de maconha para fins de tráfico, após ser pego com uma grande quantidade de bolinhos de maconha que produziu para o clube “Victoria Cannabis Buyers Club” [clube de usuários de maconha medicinal localizado em Victoria, Vancouver] que os vendia para seus membros.

Os defensores da decisão afirmam há muito tempo que a maconha em forma comestível pode oferecer muitas horas de alívio dos sintomas quando a dose correta é tomada. Em contrapartida, alegal que aqueles que fumam a droga devem consumir suas doses com muito mais frequência ao longo de um período de tempo comparável.

Membros da indústria preveem que a decisão da Suprema Corte possa fazer com que produtores licenciados possam vender produtos à base de maconha como cookies, protetores labiais ou pastilhas, mas a Agência de Saúde canadense, sob a orientação de membros conservadores do governo federal, aprova apenas a venda do óleo de maconha concentrado.

Muitos produtores licenciados estão ansiosos para começar a venda do óleo, que têm sido oferecido por farmácias ilegais durante anos. Até agora, esses produtores regulamentados foram forçados a vender maconha apenas na sua forma seca, através do correio, e tiveram crescimento abaixo do esperado em relação a suas bases de pacientes, visto que competem com dispensários ilegais que estão surgindo em todo o país e podem oferecer uma variedade de produtos que podem vender face a face.

Brent Zettl, CEO da produtora licenciada Prairie Plant Systems Inc., disse que o advogado de sua empresa enviou à Agência de Saúde do Canadá uma carta na semana passada informando que, com ou sem uma inspeção final, começará a vender seus óleos até dezembro de 2017. Sr. Zettl, cuja empresa cultiva maconha sob um sistema federal nos últimos 15 anos, disse que os óleos estão prontos para a venda desde o dia 18 de outubro e que 1.600 clientes que se cadastraram para o novo produto estão ficando cansados de esperar.

“Eu não espero que [a Agência de Saúde] fique muito feliz com isso, mas é o menor dos males”, disse Zettl, fazendo referência a seus clientes impacientes.

Adam Greenblatt, diretor-executivo da clínica e centro de recursos “Montreal’s Santé Cannabis”, disse que ficou surpreso com o alto custo “proibitivo” dos derivados – Peace Naturals está oferecendo um frasco de 30 ml por 125 dólares e outro com maior quantidade do componente psicoativo da droga, THC, por 240 dólares.

Em sua clínica, ele oferece serviços para transformar 30 gramas de maconha seca em um lote de óleo comestível para os pacientes. Eles têm de pagar entre 75 a 400 dólares através do sistema de correio federal para adquirirem a maconha e depois outro 80 dólares para seus serviços. Mas, segundo o empresário, eles acabam com uma quantidade de óleo que supera a quantidade vendida pela Peace Naturals e dura em média dois meses. Ele faz seus óleos com azeitona, abacate ou óleo de coco e insiste em um teste de laboratório, de 150 dólares, feito por terceiros para atestar qualidade quando se lida com pacientes com epilepsia pediátrica.

“Eu não me entusiasmo com a preparação de derivados de maconha medicinais, porque as restrições impostas aos produtores licenciados são ainda completamente arbitrárias e ridículas”, disse Greenblatt.

A ala liberal do governo federal prometeu legalizar a maconha, porém ainda tem que esclarecer se o novo sistema será semelhante ao atual ou se poderá afetar o sistema de maconha medicinal.

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Sobre Dave Coutinho

Carioca, Maconheiro, Ativista na Luta pela Legalização da Maconha e outras causas. CEO "faz-tudo" e Co-fundador da Smoke Buddies, um projeto que começou em 2011 e para o qual, desde então, tenho me dedicado exclusivamente.
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