O futuro do nosso mercado canábico
Neste último final de semana, as terras do Plano Piloto viraram palco de projetos vislumbrando o mercado da cannabis no país.
Enquanto o Distrito Federal é palco da maior crise política que o Brasil já viveu, no último sábado, dia 3, rolou o primeiro programa de pré-aceleração de negócios e empresas voltado para o mercado canábico, a Maratona Ignition – Edição Lifestyle. Conversamos com o idealizador do evento, alguns participantes e em primeira mão com o dono do projeto vencedor .
Estilo de vida: cannabis
Não é de hoje que a comunidade canábica brasileira vê surgir diversos empreendimentos voltados para o universo green. Seguindo essa brisa, o ativista e dono da 55lab.co , Fernando Santiago percebeu que muitos empreendedores tinham dúvidas de mercado e isso impedia o desenvolvimento de vários cannabusiness. Foi esse um dos motivos pelo qual ele dedicou essa edição do programa de pré-aceleração de startups ao mundo canábico, que teve como objetivo orientar e transformar ideias em negócios para o mercado legal da cannabis no Brasil.
“Tatuagem há 20 anos atrás era coisa de maluco. Hoje tem até programa de TV disso. É isso que acontece quando o estilo de vida das pessoas vira um business e nossa geração está vivendo isso com a cannabis.” – disse Fernando.
Mesmo com uma divulgação pequena e tardia, o programa selecionou 10 projetos para participarem de mentorias visando orientar os projetos nas áreas de comunicação, jurídico, financeiro, tecnologia e processos.
Abaixo a lista de selecionados:
Cannabsb.is – revista virtual de cultura canábica
Candex – serviço acessível de análise de canabinoides e terpenos
CLUBEDIOL – centro de terapias com cannabis medicinal
Sowlr, Plante Você Mesmo – mini-estufa automatizada
Reacenda – produtora de conteúdo
Plantando a Paz Produções – fábrica de ideias a serviço da legalização
Cachimbo Fidget Spinner – produtos canábicos multiúso
Wees – clube de assinatura com produtos canábicos
Plantando Bem – venda on-line voltada para o público de cannabis medicinal
Erva Daninha – projeto que mescla viagem com coleta de informações sobre cannabis no Brasil e América Latina
O vencedor “verde”
Dos 10 selecionados, o vencedor da maratona foi o projeto Plantando a Paz Produções do ativista, e ex-candidato a vereador de Curitiba, Mauro Leno. Seu empreendimento tem como principal objetivo ser uma “fábrica” de ideias a favor da legalização da maconha no Brasil que irá promover eventos e publicações voltadas para o tema da cannabis.
Em conversa com o Smoke Buddies, Mauro, que é um dos fundadores da revista SemSemente, nos contou que depois do evento ganhou mais segurança para tocar seu projeto da produtora pra frente.
“Minha ideia já estava formatada há um ano e meio e o pessoal da mentoria me ajudou a tornar a ideia mais possível, fazer planejamentos financeiros e deixar ela mais redonda. Hoje me sinto mais preparado a buscar investidores sabendo que vou ter minimizado os riscos.”, disse Mauro.
O projeto Plantando a Paz Produções ganhou um prêmio em dinheiro que poderá ser trocado por serviços para seguir estruturando seu negócio. De todas as mentorias pelas quais seu projeto passou no sábado, a mais importante para seu cannabusiness “foi a consultoria de estruturação do negócio. Como tornar meu negócio sustentável a longo prazo, como torná-lo rentável, como fazer a comunicação com o público e como apresentá-lo.”, contou Mauro.
Daqui pra frente, ele irá terminar de aperfeiçoar seu plano de negócio e até o fim do ano pretende lançar dois produtos de sua empresa. Indagado sobre quais dicas os futuros e atuais empreendedores no mercado canábico devem seguir, ele aconselhou ter planejamento, profissionalismo para provar que “como empreendedores brasileiros somos competentes e capazes de criar um mercado tão grande ou melhor como o que vemos lá fora”.
Inovações do mercado canábico
O Smoke Buddies também conversou com dois dos participantes do evento, Phelipe Balisa, da startup Candex, e Fernanda Cornils, do projeto Clubebiol.
Juntando a necessidade médica com tecnologia, a Candex pretende analisar amostras de cannabis in-natura resultando em informações sobre seus canabinoides, terpenos e efeitos que a amostra causa no usuário, melhorando a forma de consumo da maconha. Visando o mercado medicinal da cannabis e seguindo o modelo dos centros de terapias, o Clubediol quer realizar tratamentos utilizando produtos e medicamentos derivados da cannabis, principalmente o canabidiol – um dos diversos canabinoides presentes na maconha.
Confira abaixo um pouco de nosso bate papo com os dois:
Por qual motivo investir na maconha medicinal?
Fernanda: “Hoje em dia pessoas que sofrem de algumas enfermidades têm conseguido excelentes resultados se tratando com substâncias derivadas da cannabis. Isso vem diminuindo a dor e sofrimento de muitas pessoas.”
Sua ideia depende muito da regulamentação da cannabis no Brasil, quais foram as orientações que você recebeu pra seguir apostando em seu negócio?
Phelipe: “Orientações para procurar uma licença pro uso do equipamento, licença para receber esses tipos de amostra e um cuidado com a precisão dos testes.” (No Brasil, algumas universidades podem realizar este tipo de teste, mas há muito custo e burocracia).
Depois dessa experiência com outros cannabusiness brasileiros, qual dica mais importante você daria pra quem quer empreender no mercado legal da maconha?
Phelipe: “As pessoas precisam de inovação e no mercado canábico não vai ser diferente. Os empreendedores precisam se desafiar e pensar soluções que não existem no mercado.”
Fernanda: “Se informar do que pode e principalmente do que não pode ser feito com seu negócio [canábico], pois ainda existem muitas barreiras legais para existirmos.”
O que vocês vão levar de aprendizado depois do evento?
Fernanda: “Há muita gente disposta a mudar essa realidade [do acesso à maconha medicinal] e isso é muito positivo.”
Phelipe: “Trouxe uma experiência muito boa e informações úteis pra continuar tocando meus projetos no mercado canábico. É um mercado muito promissor e em breve vamos ter um ambiente legal e mais propenso a realizar esse tipo de negócio.”
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