O HELICOCA VAI CAIR!

O caso do helicoca, aeronave apreendida com meia tonelada de pasta base, veio novamente à tona após menções de nomes como Aécio Neves (PSDB) e Zezé Perrella (PMDB/MG). Após quase 5 anos do caso, os envolvidos ainda continuam soltos enquanto milhares de jovens são encarcerados por conta de pequenas quantidades de droga. Até quando? É o que pergunta o advogado e ativista André Barros em sua coluna semanal.

No histórico 2013, ano de manifestações da multidão, a Polícia Federal flagrou um helicóptero com meia tonelada de pasta básica de cocaína. Imediatamente apelidado de “helicoca”, a aeronave pertencia à família do senador Zezé Perrella, colega da bancada de Minas Gerais, amigo e filho político de Aécio Neves, candidato derrotado a presidente do Brasil e atual presidente do PSDB. A cocaína saiu de Minas Gerais, com parada para desabastecimento em São Paulo e com destino a uma fazenda no Espírito Santo. Lá, foi ventilado na mídia oficial e nas redes sociais que a droga ilícita, criada pelo laboratório farmacêutico alemão Merck, seria levada para a Europa de avião ou já teria sido levada boa parte por São Paulo.

Gustavo Perrella, filho do senador Zezé Perrella e atualmente Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte do governo Temer, trocou mensagens com o piloto do helicoca no dia da apreensão. Pai e filho Perrella sequer foram denunciados e ninguém foi responsabilizado pela meia tonelada de cocaína apreendida no helicoca de propriedade da família. Apesar de ter sido ventilada a construção de pistas de pouso em fazendas de Aécio Neves, não houve ligação do fato com o padrinho político de Zezé Perrella.

Após esconder por alguns meses provas de milhões de cédulas de dinheiro numeradas, chip em malas e mochilas rastreadas, vídeos da Polícia Federal e áudios, veio à tona a grana que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha estava recebendo para não delatar o presidente golpista Michel Temer. A JBS, empresa de Goiás, uma das maiores de alimentos do mundo, pagava essa propina em troca de favores do governo golpista do Michel Temer. Esta mesma empresa pagou R$ 2 milhões ao senador Aécio Neves, a pedido dele mesmo, e, após rastreamento da PF, verificou-se que foram parar na empresa da família Perrella milhões recebidos por Fred, primo de Aécio Neves. E ainda disse no áudio, que não aparece na mídia golpista e o Brasil quer ver e ouvir, que iria matá-lo antes de ser delatado pelo primo, que fez o favor de intermediar e levar milhões para os senadores.

Depois disso tudo, esperamos a reabertura do caso helicoca, em homenagem aos milhões de índios, negros e pobres presos como traficantes com poucas gramas de cocaína e maconha. Queremos saber quem são os verdadeiros traficantes de drogas ilícitas e de armas e munições, que vão parar misteriosamente nas mãos de adolescentes e jovens negros e pobres das favelas do Rio de Janeiro, escravos e soldados do tráfico e alvos desse Estado racista e genocida brasileiro.

Sobre André Barros

ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha, mestre em Ciências Penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
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