No mercado da maconha, negócios que dão a maior onda

Fotografia de uma flor de maconha seca no primeiro plano e, logo atrás, várias notas de dólar em pé (apoiadas com o lado maior) sobre uma superfície de madeira clara.

Nos EUA, vemos a cada dia o mercado da maconha se tornar maior, mais variado e com certeza mais lucrativo. Segundo projeções otimistas, ele valerá em 2021 cerca de US$ 30 bilhões – e pelas mais pessimistas, US$ 22 bilhões. Conheça um pouco mais sobre esse negócio verdíssimo e em crescimento. As informações são d’O Globo.

Pouco mais de 20 anos após a legalização do uso medicinal na Califórnia, o mercado de maconha nos Estados Unidos vai de vento em popa. Com novas leis aprovadas recentemente em diversos estados americanos, o segmento se prepara para um crescimento de quase cinco vezes a receita. Na projeção mais otimista, o mercado lícito — que inclui tanto uso médico quanto recreativo — pode saltar dos US$ 6,5 bilhões registrados em 2016 para US$ 30,3 bilhões até 2021, segundo a consultoria GreenWave Advisors, especializada no tema. Mesmo num cenário mais sóbrio, o setor chegaria a US$ 22,6 bilhões, na estimativa do Arcview Market Research, braço de pesquisas do Grupo Arcview.

Os produtos derivados da cannabis vão desde medicamentos — com foco em dores crônicas e produzidos em diferentes formas, como óleo e comestíveis, como pão e queijo — a roupas, sapatos e cosméticos. É um mercado que cresce a taxas de dois dígitos — a expansão foi de 35% em 2016, frente aos US$ 4,8 bilhões de 2015 —, ritmo pouco visto em outros setores.

— É uma indústria multibilionária, que deve ter um crescimento notável. A expansão estimada leva em consideração os mercados já existentes e aqueles em que a lei foi aprovada, mas ainda precisa ser implementada. Os consumidores querem possibilidade de escolha, querem marcas — afirma o diretor-executivo do Grupo Arcview, Troy Dayton.

Os últimos meses foram de fortes avanços na legislação, que animaram quem investe no setor. Nem mesmo a posse de Donald Trump, que não é favorável ao mercado, tem tanto impacto nas previsões de crescimento.

A maconha ainda é proibida pela lei federal dos Estados Unidos, mas os estados têm legislações próprias. Em 2016, os estados de Ohio e Pensilvânia aprovaram leis para legalizar a maconha medicinal. Outros oito estados aprovaram modificações nas leis no sentido de ampliar o mercado — quatro no uso recreativo e quatro no uso medicinal.

LEGAL EM 29 ESTADOS

Este ano, foi a vez da liberação da maconha medicinal no estado de Virgínia Ocidental. Agora, o uso medicinal já é legal em 29 estados e na capital, Washington DC — mas em nove deles ainda falta a implementação —, enquanto o uso recreativo é legal em oito estados e na capital. A grande expectativa agora é pelo estado da Califórnia, que foi pioneiro no uso medicinal e vai permitir o uso recreativo adulto a partir de 2018.

— Os próximos cinco anos serão de forte crescimento do mercado legal, para uso recreativo e para uso médico. Nossa estimativa de US$ 30,3 bilhões leva em consideração a avaliação de que todos os estados devem ter autorização total ou médica. Há especulação sobre alguma influência de Trump no uso recreativo, mas ainda assim o mercado é vibrante — diz Matt Karnes, fundador e sócio-administrador da GreenWave Advisors.

Chris Damas, editor do BCMI Report, destaca que os demais 20 estados americanos e oito protetorados (como Porto Rico) estão trabalhando em legislações para a liberação do uso medicinal da cannabis:

— Porto Rico é um caso interessante porque eles querem acelerar o uso recreativo adulto da maconha para os cruzeiros. Assim, podem levantar recursos para sair da situação de calote.

CHOCOLATE GOURMET

Em um mercado tão amplo, há espaço até para produção de chocolates gourmet com cannabis, como a Kiva Confections. O volume de produção do produto, que tem uso médico, duplica a cada ano. Em 2016, uma nova fábrica foi inaugurada com tamanho equivalente a seis vezes o da anterior.

São quatro linhas de produtos — minichocolates, barras, hortelã e confeitos — com mais de 20 sabores diferentes. Os preços variam de acordo com a concentração da maconha e começam em US$ 3 (preço do chocolate mini com 15 gramas de cannabis).

— Os fundadores perceberam que faltavam itens comestíveis de qualidade. Os produtos com cannabis disponíveis para os pacientes não eram tão gostosos. Daí veio a ideia da Kiva — explica Christie Strong, gerente de Marketing da empresa.

A Kiva lançou uma empresa especializada em logística e distribuição de produtos derivados da maconha e já é responsável pela distribuição de sete outras marcas. Um dos desafios é que, por causa da proibição federal, os produtos não podem cruzar a fronteira entre os estados.

— Com a liberação do uso adulto na Califórnia a partir de 2018, nossas vendas devem aumentar em até três ou quatro vezes. Estamos muito animados com esse potencial — afirma Christie Strong.

Um dos mais entusiasmados com o potencial de crescimento dos negócios é Stuart Titus, diretor-executivo e um dos fundadores da Medical Marijuana, a primeira empresa de capital aberto do setor nos Estados Unidos. Hoje, são quatro empresas no grupo — HempMeds, Dixie Botanicals, Canchew Biotechnologies e Kannaway, do setor de cosméticos —, além da parceria com duas companhias de pesquisa e desenvolvimento. A HempMeds tem inclusive uma subsidiária no Brasil, que importa óleo de cânhamo rico em canabidiol (CBD), usado para tratamento de epilepsias de difícil controle.

— Estamos animados com os avanços recentes na legislação. A tendência é que mais estados aprovem o uso legal da maconha. Em algum momento do futuro próximo, o governo federal americano vai acabar com a proibição de produtos médicos. Essa tendência não tem volta — diz Titus.

O segmento de roupas é um dos mais avançados nessa indústria. A Jungmaven é focada na fabricação de camisetas. Esta já é a segunda empresa do fundador Robert Jungmann no mercado de maconha: a primeira — Manastash — foi vendida para um investidor há alguns anos. Ao todo, vende por ano o equivalente a US$ 1 milhão.

— O potencial é enorme de negócios. Espero que as administrações atuais continuem a autorizar as pesquisas nessa área para garantir os avanços — afirma Jungmann.

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