MARCHA DA MACONHA DO RIO NESTE SÁBADO

Sabia que há menos de 10 anos o simples ato de defender abertamente o nosso direito ao uso da maconha era proibido? Mesmo para o Brasil e suas leis retrógradas com relação ao tema, parece bem absurdo, não acha? O advogado e ativista André Barros fala um pouco mais sobre o tema e convida: não perca a Marcha da Maconha do Rio, que acontece no próximo sábado (05/05) – e que, desde 2009, é legal!

No dia 5 de maio de 2018, a concentração está marcada para 14:20 horas no Jardim de Alah, Ipanema, de onde a Marcha da Maconha vai sair, impreterivelmente, às 16:20 horas. Este é o dia da Global Marijuana March, a Marcha Mundial da Maconha, que vai sair no horário internacional, às 4:20 horas da tarde. Trata-se de evento pacífico que luta pela legalização da maconha no mundo.

No Brasil, o evento iniciou em 2002, começou forte, arrefeceu, em seguida, ganhou corpo em 2007, quando foi criada uma identidade visual que conquistou o país. Em 2008, a Marcha da Maconha foi proibida em 10 cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, João Pessoa, Fortaleza, Cuiabá, Curitiba e Brasília. Era um movimento orquestrado, pois todas eram proibidas da mesma forma. Na madrugada do sábado da Marcha da Maconha, o Ministério Público entrava com medida cautelar inominada, que era concedida pelo plantão judiciário. Em São Paulo, quando chegamos na tarde de sábado de 2009, o Ibirapuera já estava tomado de policiais e viaturas, que portavam a ordem judicial contra a Marcha da Maconha. Falamos com a polícia que sairíamos então defendendo a liberdade de expressão. Eles aceitaram, mas exigiram que não houvesse qualquer referência à maconha em desenho ou escrita. Como a palavra maconha estava proibida, saímos cantando: 1,2,3,4,5, mil, vamos legalizar a “pamonha” no Brasil.

Nós rompemos essa proibição, hoje podemos falar abertamente sobre maconha no Brasil. Derrubamos essa cerca na luta. A Marcha da Maconha do Rio de Janeiro encaminhou uma representação à Procuradoria-Geral da República em 2009. Sabíamos que a Procuradora interina era uma mulher de luta, cabeça feita e muito culta. A magnífica Dra. Debora Duprat, interina naquele mês de 2009, moveu a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, que recebeu o número 187 e foi distribuída ao Ministro Celso de Mello e a Ação Direta de Inconstitucionalidade, que recebeu o número 4274 e foi distribuída ao Ministro Ayres Brito.

Ambas as ações ficaram paradas. Até que, em 2011, foram colocadas em pauta pela Marcha da Maconha de São Paulo. Em 28 de maio de 2011, o centro de São Paulo virou uma praça de guerra. A polícia dispersava a Marcha com muita violência e os ativistas reagrupavam-se rapidamente em outro local. As imagens da violência contra a Marcha da Maconha foram divulgadas em cadeia nacional. Assim, exatamente 18 dias depois, em 15 de junho de 2011, a ADPF 187 foi julgada. O magnífico voto do relator Celso de Mello foi acompanhado por todos os ministros e a Marcha da Maconha ganhou de 8 x 0. Nenhuma autoridade administrativa, judicial, policial, legislativa, ninguém no Brasil, pode mais interpretar que a Marcha da Maconha está cometendo o crime de apologia. O Brasil hoje pode falar sobre maconha para todos os fins por causa da luta e da vitória da Marcha da Maconha.

Agora, que o mundo vive o processo de legalização da maconha, temos de enfrentar o racismo e debater a legalização e regulamentação da venda da maconha nas favelas do Rio de Janeiro. Por isso, o lema da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro deste ano é: Intervenção não! o Rio precisa de legalização. E não podemos fechar os olhos para o processo de apropriação da planta pelo saúde privada e pelo capitalismo farmacêutico genocidas. A planta não é do mercado, nem do Estado, a maconha é comum, de todas e de todos.

INFO:

Marcha da Maconha RJ – 05/05
Concentração às 14h20, no Jardim de Alah – Ipanema
Link para evento no Facebook ~ http://www.facebook.com/events/1727480393981897

#PraCegoVer: Imagem de divulgação com fundo com textura de muro com o logo da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro e as escritas “O Rio precisa de legalização! 5 maio Ipanema 14h20” e em vermelho “Intervenção não! Sábado Jardim de Alah”.

Sobre André Barros

ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha, mestre em Ciências Penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!