Mais que na lei, a maconha é proibida moralmente

Ronald Rios resolveu deixar de lado a tonelada de dados que mostram como a maconha faz bem para a saúde, economia, indústria etc. Dessa vez, resolveu focar na questão moral: por que, afinal, a gente pode tomar uma cerveja e não pode fumar um baseado? Entenda mais no texto, escrito para o Medium.com.

Não faz sentido que a gente seja tão atrasado em relação a maconha, cara. Eu digo isso em termos de leis, claro, mas nesse texto especificamente no aspecto moral da coisa. Por exemplo: outro dia eu postei essa foto que você tá vendo aí ilustrando o texto e um desses caras que me segue no Twitter para me encher — visto que eu vou no perfil dessa galera e assim, divergimos em várias questões fundamentais — me respondeu: “gordo drogado”.

Repliquei com minha tradicional cortesia de primeiro contato:

Gordo e drogado? (De fato, tá na hora deu voltar a bater um basquete no Ibirapuera. E segurar a onda no chocolate.) Mas vamos focar na parte do “drogado”.

Responda a esse problema de matemática:

“Por que Ronald Rios pode ir agora ao posto Ipiranga aberto 24 horas, aqui na rua de baixo da casa dele e comprar 40 latas de Skol, 15 garrafinhas de Smirnoff Ice e 2 garrafas de Red Label, mas não pode ir numa loja comprar 25 gramas do tipo de maconha que eu quiser, que atenda suas necessidades*, seja de qualidade e não essa bosta de prensado paraguaio?

Sério, tem dia que eu tô lesado, mas não sei se da maconha, da amônia ou do xixi que eu tenho certeza que alguém faz no carregamento desde a colheita no Paraguaio até chegar na minha mão.

E chega na minha mão com semente. Essa porra dá dor de cabeça quando cê fuma. Mas pelo menos quando estala, você pode fingir que tá fumando crack — que ganhou esse
nome nos Estados Unidos justamente pelo barulho crack que suas pedrinhas fazem ao estalar no cachimbo. Olha que legal! Que outra droga é batizada com uma onomatopeia?

Não conseguiu resolver o problema lá de cima? Vou tentar um mais fácil:

“Por que o Ronald Rios pode comprar 1 Marlboro Light que fez ele parar no hospital em 2015, mas não posso comprar 1 baseadinho que nunca lhe trouxe grandes problemas?

Ok, não dá para responder nenhuma pergunta com “42”. Mas deixa eu falar do ponto principal da “crítica” que o “maconheiro” ouve. E é tudo baseado numa coisa só: Conservadorismo.

Valores! Família brasileira! Gente de bem!

Mas com que direito? Se a questão é proibir o consumo de alguma coisinha para recreação, não faz sentido você poder usar outro tipo de coisinha quando for numa festinha também, né?

Vários conservadores anti-maconha tomam sua brejinha no churrasco ou um vinho sábado a noite enquanto conversam com seus amigos e esposas.

A questão moral pode ser combatida com um pouco de empatia. Se o barato do seu amigo não faz mal a ninguém, igualmente ao seu, só que o dele é a maconha e o seu é a cerveja… é meio hipócrita da sua part— melhor, deixa eu recolocar: é MUITO BUNDA-MOLE DA SUA PARTE ser contra maconha.

Eu só acho que a gente tem que acompanhar os países ocidentais modernos que caminham nesse movimento de legalização. Ou pelo menos que permita o plantio. Porque aqui não pode comprar e também não pode plantar — vários growers foram presos nos últimos 18 meses. Aí fica difícil. Eu não vou viajar para Amsterdã para fazer legalmente algo só porque não estou no mesmo território geográfico. Estou em outro país, outro continente, além do oceano.

Eu podia fazer o que faço vez por outra que é catar mil dados sobre como a legalização é uma boa para o país em questão de Saúde, Segurança, arrecadação de impostos… Mas eu quero só focar na questão moral: pra que tê-la? Pra que ser tão dono da moral? Quem te concede a moral? A Ambev?

*Há vááááários tipos de maconha! Tem umas para quem quer dormir, dar risada, amenizar a ansiedade, dar um pique pra festa. Uma dica: O Leafly é meu site favorito para pesquisar essas coisas. Dá para saber o tipo de maconha perfeita para cada necessidade. Eu pessoalmente curto coisas que me deixem mais relaxado, sonolento… — tipo o efeito do Rivotril, sabe? O engraçado é que se eu fico 20 dias sem fumar um baseado, tô tranquilo. Se eu fico 3 sem um ou outro clonazepam, rapaz, dá um stress, uma tremedeira! Mas isso é história para outro debate… moral ou legal.

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